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Vinte dias antes de surgir o primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil, no dia 26 de fevereiro de 2020, em pleno Carnaval, eu já presidia a Comissão Externa de Acompanhamento do Coronavírus da Câmara.
Como médico, apaixonado por Saúde Pública e observador atento do que acontecia no mundo naqueles tempos – uma doença que havia começado na China, se propagava rapidamente na província de Wuhan e que já começava a fazer vítimas na Itália, sobretudo idosos – eu logo me dei conta que aquilo não era uma gripezinha qualquer.
Lembro de ter pedido, no início de janeiro de 2020, que minha assessoria ficasse atenta a todas as notícias sobre aquela nova e estranha doença, e que me enviasse tudo o que fosse publicado, fosse no Brasil ou no exterior.
Tão logo a Câmara voltou do recesso, em 2 de fevereiro de 2020, protocolei requerimento pedindo ao então presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia, a criação da Comissão Externa. Naquele momento, a única orientação que vinha por parte do Governo Federal era “lavem as mãos”.
O então ministro Mandetta não entendeu nada quando, uma semana antes do Carnaval (que naquele ano foi comemorado entre 22 e 28 de fevereiro), escrevi ao Ministério solicitando que portos e aeroportos fizessem a verificação de temperatura de todos os passageiros vindos do exterior, sobretudo da Itália e da China, mantendo em quarentena aqueles que, porventura, apresentassem estado gripal.
Lembro que, na ocasião, alegaram que não haveria termômetros digitais nem equipes de vigilância sanitária em número suficiente para medir, de forma rápida, a temperatura de tanta gente ao mesmo tempo. Disseram, ainda, que isso geraria um caos nos terminais de desembarque.
Houve quem – não foi o meu caso – sugerisse a medida extrema de cancelar o Carnaval. Cidades como o Rio, Salvador e Olinda, que têm na festa uma importante fonte de receita, não quiserem nem saber do assunto. Não culpo seus gestores. Na ocasião, ainda não havia noção da Tsunami que estava por vir. Tanto que a OMS só viria a decretar a pandemia mundial em 11 de março. A primeira das mais de 600 mil vítimas no Brasil, para quem não se lembra, aconteceu um dia depois, no dia 12 de março.
Desde então, foram centenas de audiências públicas com médicos, cientistas e gestores. Muitas visitas à Fiocruz, ao Instituto Butantan e outras tantas aos Ministérios para tentar apressar a chegada dos imunizantes. Sem falar no incontável número de lives, webnars e viagens de carro a Brasília, uma vez que, no auge da pandemia, os vôos diretos entre Rio e Brasilia foram suspensos, me obrigando a fazer os deslocamentos por terra. Em 2020, para quem não sabe, a Comissão Externa foi a única que continuou trabalhando na Câmara.
Eu até hoje não havia parado para contar essa história, mas ela me veio à mente no último dia 26, quando me reuni com o presidente da EMBRATUR, Carlos Brito e seu diretor de Marketing, Silvio Nascimento. Na pauta, o meu pedido, como membro titular da Comissão de Turismo da Câmara, de inclusão do Carnaval do Rio na apresentação das delegações do Brasil nas principais feiras internacionais de Turismo do mundo. As feiras recomeçaram. Começam a cair as máscaras, no bom sentido. É hora de divulgar o Brasil como destino turístico e o melhor Carnaval do mundo pertence ao Rio, evento que, além de ser uma genuína manifestação cultural, gera milhares empregos, renda, sustenta famílias e movimenta o turismo e o comércio como nenhuma outra festa faz.
A vacina está conseguindo derrotar a Covid-19. Temos que agora concentrar o pelotão numa nova frente de batalha: na trincheira para a retomada dos empregos e da estabilidade econômica e social do meu país, do meu estado. A guerra está chegando ao fim, mas a luta continua.
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