Cães farejadores acham drogas no batalhão mais letal da PM em SP

Em armário "sem identificação" do 2º Baep, Dara e Find localizaram 307 pacotes, 50 potes de acrílico e um saco da droga com 1,252 kg. De cocaína havia no armário 814 pinos, 34 pacotes e 14 sacos com 8,6 kg do entorpecente; já de crack os PMs dizem ter flagrado 1.202 pedras, que pesavam 400 gramas

Cães farejadores acham drogas no batalhão mais letal da PM em SP

Os cães farejadores Dara e Find desceram das viaturas da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo ontem junto com os policiais para inspecionar o 2º Baep (Batalhões de Ações Especiais de Polícia), em Santos, no litoral paulista. No corredor de acesso aos alojamentos de subtenentes, sargentos, cabos e soldados, os cães sentiram o odor de algo suspeito.

Em um armário "sem identificação" do batalhão, segundo o registro da ocorrência, os animais localizaram maconha, cocaína, crack, armamentos e munições.

De maconha, a Corregedoria afirma ter encontrado 307 pacotes, 50 potes de acrílico e um saco da droga com 1,252 kg. De cocaína, segundo a polícia, havia no armário 814 pinos, 34 pacotes e 14 sacos com 8,6 kg do entorpecente; já de crack os PMs dizem ter flagrado 1.202 pedras, que pesavam 400 gramas.

A Corregedoria diz que também localizou uma espingarda, cartuchos calibre 12, granadas, réplicas de pistola, celulares e balanças de precisão.

Alavancados pelo governo de João Doria (PSDB), os Baeps são batalhões conhecidos como "padrão Rota". A Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) é o batalhão especial da PM que atua em operações mais complexas e graves.

Pelo menos até 2019, quando o último relatório da Ouvidoria das Polícias sobre o tema foi divulgado, o 2º Baep de Santos era o campeão de mortes praticadas por PMs no estado. O levantamento da Ouvidoria, à época, mostrou que o batalhão mais letal de São Paulo havia matado 27 pessoas entre janeiro e novembro daquele ano.

O segundo batalhão mais letal era o 6º BPMN, também da cidade santista, que matou nove pessoas no mesmo período. À época, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que não comentaria pesquisas cuja metodologia desconhece, mas disse que, em São Paulo, todas as ocorrências com morte decorrente de intervenção policial são rigorosamente investigadas.

Sobre a operação da Corregedoria da PM no 2º Baep, a assessoria de imprensa da Polícia Militar de São Paulo afirma que as ações de fiscalização são "rotineiras" e visam separar "poucos maus policiais militares da esmagadora maioria daqueles que cumprem seu deveres com absoluta devoção".

"No intuito de fortalecimento da disciplina e visando o controle interno, as dependências do 2º Baep foram vistoriadas com cães farejadores, sendo localizada significativa quantidade de entorpecentes diversos e outros materiais proibidos. Embora a operação ainda esteja em andamento, eventuais irregularidades encontradas serão documentadas e os que as cometerem serão responsabilizados no rigor da lei", disse a PM em nota.

O pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor de gestão pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani diz que a apreensão é inusitada.

"Há muitas pessoas sérias que fazem ótimo trabalho na PM e neste batalhão, mas é inaceitável. Isso infelizmente questiona até que ponto a letalidade pode estar relacionada a ilícitos. Até que ponto não se quer ter letalidade para ter um acerto de contas entre maus policiais e pessoas do crime?", indagou. (Do G1)

Por Jornal da República em 11/08/2021
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