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Caro leitor, as mídias informativas têm sido duras demais com o Brasil, embora muitas das críticas e denúncias sejam em parte verdadeiras. Coisas malucas contra a nossa nação são espalhadas diariamente nas redes sociais por seguidores raivosos.
Muitas concentram uma visão pessimista da realidade. Essa percepção pessimista pode representar, em parte, algo de revolta que se presencia nos grandes centros, onde se coletam a maioria dos dados, mas não no interior do país.
Ainda assim, com todas as deficiências computáveis do Brasil, eu não gostaria de viver em outro lugar, especialmente agora em que o mundo mergulha de cabeça em convulsões sociais em quase todos os quadrantes. Eu continuo crendo que a nossa maior riqueza é a espiritualidade do povo, a tolerância e a fraternidade sem limites, que, infelizmente, ainda não toca a todos.
Sabe, leitor, eu creio também que existe uma condição sagrada que nos releva de sermos esculhambados, infantis, temperamentais, inconstantes e inconsequentes, porém, ainda assim mais humanos do que muitos outros povos. É como se fôssemos sementes sendo preservadas para florir em momento especial do planeta, que logo virá.
Meu amigo leitor, eu também creio que o nosso trabalho aqui não é o de resolver tudo ao redor, muito menos de agirmos com ferro e fogo para conseguir satisfazer os nossos interesses exclusivistas, como soe acontecer em muitas plagas mundo afora; é facilitar as coisas para os outros; é suavizar as dores dos que sofrem; é ajudar o próximo dentro e fora de casa; é perdoar e criar condições de aprendizado ético para as crianças; é cuidar dos velhos e dos deficientes; é melhorar os ambientes onde circulamos; enfim... é consolar aqueles que choram com razão e não têm fé suficiente.
Olha, leitor, o Brasil insiste em progredir, mesmo com sucessivos governos bizarros. Sim, o povo aprendeu a se virar com a criatividade que Deus lhe deu, mesmo submetido a um judiciário e um legislativo facilmente corruptíveis e que se renovam ciclicamente sem se depurar, e de um executivo errático que faz e desfaz, morde e assopra ao sabor das pesquisas eleitorais, oscilando entre o ruim e o pior em cada legislatura.
Leitor, a solução individual dos brasileiros tem sido possível e surpreendente a cada crise, mostrando a nossa resiliência e com quase nada de planejamento e preparação para as emergências. Seja como for, tem-nos sido possível gerenciar a vida individual e seguir em frente, mesmo porque as pessoas daqui gostam de se apoiar mutuamente, porque a vida aqui como ali dá o seu jeitinho para que uns sempre dependam dos outros.
Este enorme país, nobre leitor, mesmo imaturo, consegue ser relevante para o restante do mundo, mercê dos esportes, das artes, da biodiversidade, da enorme produção que sacia a fome do mundo, mesmo com tantos malfeitores alçados ao poder por eleitores equivocados. Pois, ainda somos muito volúveis, e vulneráveis à propaganda destrutiva e paralisante que emana do exterior.
De repente, leitor, pode ser que seja pra ser assim mesmo, por enquanto. Nosso destino manifesto ainda vai surpreender os pensadores pessimistas, mas não a nós mais visionários que já dobraram o cabo da boa esperança. Quem sabe esse não seja um retardo programático dos céus, um presente para os nossos filhos e netos, e para quem mais tiver a sorte de renascer aqui.
Não acredito, sincero leitor, que esta nação venha a sucumbir, apesar de todo o estardalhaço retrógrado e negativista patrocinado por ideologias estranhas. É perceptível o divino a nos cuidar, embora, momentaneamente, possa parecer que não. Precisamos fortalecer a nossa fé no futuro e pedir ao Pai mais discernimento para compreendermos melhor o nosso verdadeiro papel nessa pequena orquestra tão desafinada e incompleta.
Finalmente, atento leitor, se você chegou até aqui, arrisco teclar que reflexões com este viés podem valer mais do que miríades de mensagens descompromissadas e matadoras de tempo nas redes. Quando conseguimos fazer isso sem aborrecer os outros, renova-se a nossa esperança do Brasil regenerado, onde transcendemos e passamos.
Walter Felix Cardoso Junior
Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina; graduado na Academia Militar das Agulhas Negras, ex-Comandante do 63 BI; Egresso do Centro Hemisférico de Estudos de Defesa, Washington/USA; diplomado em Gestão de Recursos de Defesa pela Escola Superior de Guerra; ex-Diretor do Departamento de Defesa e Segurança da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; e ex-Secretário de Planejamento Estratégico da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Publiquei três obras de Inteligência Competitiva, uma delas na Argentina.
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