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Na foto, Olaf Scholz, social-democrata, e no detalhe, Armin Laschet, conservador, têm chances de governar a Alemanha
A conservadora União Democrata Cristã (CDU, centro-direita) recuperou terreno na reta final da eleição alemã, praticamente empatando com seu principal rival, o Partido Social-Democrata (SPD, social-democrata) na votação deste domingo (26/09), segundo as primeiras sondagens, que dão cerca de 25% dos votos para cada uma das legendas.
A CDU ainda tem chances de manter a chancelaria federal a depender dos resultados da fase de negociações para a formação de coalizões de governo.
Ainda assim, os cerca de 25% conquistados pelo partido representam o pior resultado nacional da história da legenda conservadora e de seu braço bávaro, a União Social Cristã (CSU), fundadas em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial.
"Não podemos ficar satisfeitos com o resultado", disse o candidato da legenda à chancelaria, Armin Laschet após a divulgação das primeiras parciais.
Já o secretário-geral do partido, Paul Ziemiak, lamentou o que descreveu como "perdas amargas" para a CDU/CSU.
"Faremos de tudo para formar um grupo conservador no governo, porque a Alemanha precisa de uma coalizão voltada para o futuro que modernize nosso país", completou Laschet, indicando que não deseja que CDU/CSU volte para a oposição após 16 anos de governo Merkel.
Conservadores foram responsáveis por comandar governos durante 52 dos 72 anos que decorreram desde a fundação da República Federal da Alemanha.
O resultado é ainda mais desolador porque a chanceler federal Angela Merkel, da CDU, registra índices de aprovação pessoal que beiram os 80% na Alemanha. No pleito de 2017, a legenda havia conquistado pouco mais de 32% dos votos, já distante dos tempos áureos em que conquistava facilmente mais de 40% do eleitorado.
Culpa de Laschet?
Para alguns, a culpa dos maus resultados deste ano foi do candidato. Laschet, atual líder da CDU, chegou a largar na frente das pesquisas, registrando índices confortáveis acima dos 30%. Mas uma série de gafes e declarações controversas acabaram minando sua campanha.
Governador do estado da Renânia-Vestfália, o mais populoso da Alemanha, ele perdeu a oportunidade de se projetar como líder após as enchentes que atingiram sua região, em contraste com antigos chanceleres como Helmut Schmidt e Gerhard Schröder, que souberam tirar proveito eleitoral de desastres naturais.
"Só porque hoje é um dia desses, a gente não vai mudar a política", foi seu comentário numa entrevista quando questionado se as enchentes não era um sinal de que a Alemanha deveria fazer mais para combater as mudanças climáticas.
Em outra oportunidade, foi filmado dando gargalhadas durante uma visita a uma cidade devastada, justamente quando o presidente Frank-Walter Steinmeier concedia uma entrevista para jornalistas em tom de condolências ao mencionar as vítimas.
Sua campanha ainda sofreu com críticas de que não tinha propostas práticas para o futuro da Alemanha. Laschet foi seguidamente acusado de não saber deixar claro qual seria a marca do seu governo. Já a CDU havia sofrido no início do ano com o desgaste de escândalos envolvendo alguns deputados da sigla que lucraram com negócios envolvendo a gestão da pandemia. Ele acabou despencando nas pesquisas especialmente a partir de julho.
Em declínio, Laschet e Merkel ainda tentaram apostar num discurso de "medo" contra o SPD e os "riscos" de uma eventual coalizão 100% de esquerda no comando da Alemanha, com membros da CDU/CSU fazendo também críticas às propostas dos verdes e afirmando que elas serão prejudiciais à economia.
A tática teve pelo menos o efeito de frear a queda livre de Laschet e ajudá-lo a recuperar terreno na fase final, diminuindo a desvantagem em relação a Scholz.
A depender da costura de coalizões, Laschet ainda pode liderar uma virada para manter a CDU/CSU no poder, mas sua campanha vai carregar a marca de ter obtido o pior resultado da história dos conservadores alemães no pós-guerra. (Da Deutsche Welle)
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