CPI da Covid é um massacre impiedoso contra o presidente Jair Bolsonaro

Teich, confirmou que permaneceu no cargo apenas 29 dias em 2020 e reclamou da falta de autonomia para exercer sua função

CPI da Covid é um massacre impiedoso contra o presidente Jair Bolsonaro

Se o clima da terça-feira (4/05), com o depoimento do ex-Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta não foi nada bom para o presidente Jair Bolsonaro, ontem (5/05) o ex-ministro da Saúde Nelson Teich não fez por menos ao depor durante seis horas, respondendo perguntas dos senadores focando nos pontos que fragilizam o presidente, na condução do combate à epidemia do coronavírus (Covid-19). Para o ministro que ficou apenas 29 dias a frente do ministério, suas respostas valeram uma eternidade. 

Teich, confirmou que permaneceu no cargo apenas 29 dias em 2020 e reclamou da falta de autonomia para exercer sua função e pela insistência do presidente Jair Bolsonaro na implementação do uso da cloroquina no combate ao coronavírus. 

“O presidente não tentava interferir no meu trabalho e a única orientação de Bolsonaro contrária à orientação técnica foi sobre o uso da cloroquina — que não tem comprovação científica no combate ao coronavírus” – repetiu.  

No entanto afirmou que não recebeu nenhuma ordem direta para implementar o uso do remédio. Segundo ele, a postura do presidente ficou clara em uma reunião do presidente com empresários, na qual Bolsonaro afirmou que o remédio seria implementado, em uma live nas redes sociais e em um pronunciamento em que o presidente disse que o ministro da Saúde teria que estar alinhado. 

Uso da Cloroquina e da ivermectina 

Teich criticou a postura do CFM (Conselho Federal de Medicina), que não se posicionou de forma contrária ao uso da cloroquina e da ivermectina no combate à covid. A posição do CFM é que a decisão para uso do medicamento é de discricionariedade dos médicos. Para ele, o Brasil estaria mais avançado no processo de imunização da população se houve uma estratégia focada em vacinação, e acabou por não fazer acusações diretas a Bolsonaro sobre sua eventual responsabilidade nesse tema. 

"É uma postura inadequada, porque pode estimular o uso de um remédio que a gente não tem comprovação, em condições em que o paciente pode estar mais exposto a não ter os cuidados necessários para o uso do medicamento. Minha posição é contrária", afirmou. 

Leia também: CPI da Covid: Teich declara que saiu do governo “por não ter autonomia” e por não aceitar cloroquina

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 Por sua vez senadores opositores do presidente, (o bloco da CPI é integrado por 7 senadores contra o governo) dizem que sua gestão não priorizou a compra de vacinas, citando a decisão do governo de não aceitar a oferta de venda de 70 milhões de doses que a Pfizer fez no ano passado, assim como as falas de Bolsonaro que questionavam a compra de vacinas CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com um laboratório chinês. 

Por outro lado, Teich ponderou que os países que avançaram primeiro com a vacinação são nações mais ricas que o Brasil que adotaram a estratégia de fechar contratos de risco para compra de vacinas, ou seja, contratos para compra do imunizante mesmo antes da conclusão dos testes que confirmaram sua eficácia. 

Próximos a depor 

O dia de ontem (5/05) estava reservado para ouvir o depoimento do ex-ministro e general Eduardo Pazuello, que ficou dez meses no cargo. Pazuello, no entanto, informou na terça que tinha se encontrado com pessoas contaminadas com covid e não poderia comparecer. 

"Ele vai sem máscara para o shopping e não pode vir para a CPI", reclamou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que não é titular da comissão, mas participava da seção como observadora. Sem que a mesa da presidência respeitasse o regimento que não têm previsão para dar voz a observador. No entanto senadores governistas tentaram fazer com que o depoimento do general fosse virtual, mas os senadores majoritários — oposicionistas e independentes — fizeram questão de que ele fosse presencial. Seu depoimento então foi remarcado para o dia 19. 

Ontem (5/05), os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid aprovaram a convocação de novas pessoas para prestarem depoimento. Entre os nomes estão o do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o do ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações Fabio Wajngarten. Ainda: Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan; Nísia Trindade, presidente da Fiocruz; Marcelus Campelo, secretário de Saúde de Amazonas; e representantes da Pfizer e da União Química, laboratório que produz a vacina russa Sputnik V no Brasil, estão listados. 

Da Redação/BBC News/Rede Brasil-EBC/Imagens: Internet. 

Por Jornal da República em 06/05/2021
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