Kamala Harris adota tática de mobilidade social semelhante à de Lula, diz especialista da Ipsos

Kamala Harris adota tática de mobilidade social semelhante à de Lula, diz especialista da Ipsos

  Em meio à corrida presidencial nos Estados Unidos, a campanha de Kamala Harris tem sido destacada por sua eficiência em atrair eleitores indecisos, especialmente ao adotar uma abordagem focada na mobilidade social, similar à estratégia usada por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022 no Brasil. Clifford Young, presidente da Ipsos nos EUA e especialista em eleições, fez a comparação em entrevista ao jornal O Globo, apontando que a vice-presidente americana está se consolidando como uma candidata capaz de falar diretamente com as necessidades da população, particularmente em tempos de alta inflação.

Mobilidade social como foco central

Young explicou que Harris, assim como Lula, tem focado em mostrar aos eleitores como suas políticas poderão aumentar as oportunidades de ascensão econômica e social. "Penso nas eleições do Brasil em 2022. A campanha do presidente Lula foi muito mais enfática e eficiente em mostrar ao eleitor como seu governo afetaria diretamente sua mobilidade social. É o que Kamala está fazendo neste momento", destacou.

A abordagem adotada por Harris contrasta com a de Donald Trump, que, segundo o especialista, está mais disperso em suas mensagens e tem falhado em capitalizar o que deveria ser um de seus principais pontos fortes: a economia. “Trump poderia estar falando de economia repetidamente, pois os americanos confiam mais nele quando o assunto é dinheiro, mas ele não tem feito isso”, observou Young.

O impacto do primeiro debate

A campanha de Harris pode ganhar ainda mais fôlego no primeiro debate contra Donald Trump, previsto para a próxima semana. Para Clifford Young, esse será um momento decisivo para Harris consolidar seu crescimento nas pesquisas ou, em caso de um desempenho fraco, permitir a retomada de Trump. O cenário lembra, de certa forma, a eleição de 2020 entre Trump e Joe Biden, com a decisão final centrada nos estados-chave da chamada “Muralha Azul”, composta por Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.

Desafios para ambos os lados

Kamala Harris precisará resistir aos ataques de Trump durante o debate e demonstrar empatia pelas dificuldades econômicas enfrentadas pelos eleitores. Para Trump, o desafio será focar na economia e conectar Harris ao governo Biden, algo que ele tem falhado em comunicar de forma eficaz até o momento. Além disso, o especialista aponta que a campanha republicana está despreparada, e o recente atentado contra a vida de Trump pode ter criado um efeito emocional que, em vez de beneficiá-lo, enfraqueceu sua retórica.

Olhar para o Brasil

A comparação com o Brasil surge como uma forma de ilustrar a eficácia de uma campanha centrada em questões sociais. Assim como Lula conseguiu convencer os eleitores de que seu retorno ao poder resultaria em melhorias na mobilidade social, Kamala Harris tenta construir uma narrativa de que pode conduzir os EUA a uma recuperação econômica mais inclusiva.

Ao final, Clifford Young conclui que a campanha de Harris está, até o momento, mais bem-sucedida que a de Trump na busca por eleitores indecisos. "Se as eleições fossem hoje, Harris venceria tanto no Colégio Eleitoral quanto no voto popular. Mas o que importa é o que acontece até 5 de novembro, quando teremos o desfecho final", ponderou Young, lembrando que, como na eleição brasileira de 2022, as surpresas podem surgir nos últimos momentos da corrida.

 

Fonte: Brasil247

Por Jornal da República em 10/09/2024
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