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Lula precisa entender a importância do turismo
É grave não haver sinalização de políticas setoriais estratégicas para ampliar os baixíssimos 6 milhões de turistas estrangeiros ao ano
Já finalizando o sexto mês do novo governo do presidente Lula, o setor turístico tem chamado atenção nos noticiários. Nunca pelas boas notícias ou pelos novos objetivos políticos, mas sim pelas especulações sobre os candidatos a ministro do Turismo. Elas demonstram que, até aqui, o presidente Lula ainda não entendeu a potência dessa indústria.
É nítido o desconhecimento do presidente nessa matéria, ainda pouco desenvolvida no Brasil, país com imenso potencial para crescer. Nenhum nome técnico foi aventado, nem mesmo para ser apadrinhado.
O Ministério do Turismo tornou-se só política partidária, contemplando alguns deputados para aumentar, em poucos votos, a base política do governo no Congresso. Temos acompanhado uma discussão árida, sem profundidade ou consequência, em que os candidatos a ministro nem informam o que pretendem. Não se discute pautas prioritárias, só se fala em quem merece ter a carga ou quem dará mais votos, sem verificação da experiência setorial ou de suas propostas.
É uma constatação grave não haver sinalização de políticas setoriais estratégicas para buscar ampliar os baixíssimos 6 milhões de turistas ao ano, índice em que patinamos há décadas, mantendo o Brasil fora da lista dos 50 países mais visitados. Nada se fala sobre o déficit de mais de US$ 10 bilhões anuais na conta negativa do turismo. Os brasileiros gastam muito mais no exterior do que os estrangeiros aqui.
alguns sinais preocupam bastante quem investe no setor: a suspensão da defesa de vistos, sobretudo para os americanos, que dera sinais positivos de resultado já no início de 2023; a falta de estímulo ao setor aéreo interno, com vista a fortalecer a aviação regional — estamos com 0,4 voo per capita ao ano —, ou de incentivo para promover o baratamento dos voos; a indefinição orçamentária para o Ministério do Turismo e para a Embratur.
Estamos indo na contramão de outros países, sobretudo latino-americanos, que têm buscado inteligentemente no turismo uma saída possível para a crise atual. Ao compararmos o Brasil com países que investem de forma estratégica no turismo, é possível observar os grandes avanços obtidos por essas nações. Países como Egito, Turquia, República Dominicana, México e Tailândia apostaram fortemente no setor, investiram em infraestrutura, promoção turística, capacitação de profissionais e desenvolvimento de produtos atraentes, reconhecendo-o como fonte importante de receitas e empregos.
O Brasil e seu imenso potencial turístico, suas belezas naturais, como as praias paradisíacas do Nordeste, a Floresta Amazônica, as Cataratas do Iguaçu e o Pantanal, além de suas variedades culturais, tem condições de se destacar como um dos principais destinos turísticos do mundo. Além disso, a diversidade de climas e geografia é atributo inigualável que temos a mostrar.
É importante que os ministros de outras áreas alertem o presidente Lula sobre o grande potencial do turismo e de sua geração imediata de emprego e sobretudo nas áreas do Nordeste e do Sudeste onde faltam. Vale ressaltar que a capacitação dos profissionais do setor é rápida e pouco custosa.
Governadores e prefeitos têm de exigir do governo uma política sincera, rápida e adequada, à altura da enorme potencialidade do Brasil, equilibrando o déficit da balança comercial do turismo e gerando emprego e renda para os brasileiros. precisamos deixar de ser o país que gera empregos para outras nacionalidades no exterior, deixando de lado o crescimento de empregos no Brasil. Em tempo: importante e positiva para o turismo a decisão do presidente Lula de fortalecer o Galeão, permitindo reabrir essa importante entrada para o Brasil.
* Marcelo Conde é empresário
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