“Não aceitaremos uma farsa em qualquer eleição”, insiste e ameaça Bolsonaro

???????Em ato político em Presidente Prudente (SP) volta a ameaçar a democracia ao insistir no discurso que questiona o sistema eleitoral e ainda afirma que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas

“Não aceitaremos uma farsa em qualquer eleição”, insiste e ameaça Bolsonaro

DA REDAÇÃO - O presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), não desiste. Depois de perder a “narrativa” contra a vacina, pela cloroquina e do vexame da prometida e aguardada apresentação de fraude nas eleições de 2014, o chefe do executivo retomou sua cruzada pelo “voto impresso e auditável”.

Em um ato político em Presidente Prudente (SP), neste sábado (31/7), o presidente disse que não vai aceitar o que chamou de “farsa” eleitoral caso o voto impresso não seja aprovado. A discussão do assunto, que virou bandeira do bolsonarismo, centraliza uma cruzada entre o governo, o Congresso e especialistas em eleição e tecnologia.

Partidos políticos e especialistas são categóricos ao defender a segurança das urnas eletrônicas, mas Bolsonaro tem questionado, desde já, o resultado das eleições de 2022 caso não haja a impressão do voto.

“Não vamos perder essa oportunidade. Nós queremos democracia, liberdade e eleições, mas repito: eleições democráticas, com voto democrático, com contagem pública dos votos. Não aceitaremos uma farsa em qualquer eleição que seja”, disse o presidente após participar de uma motociata na cidade.

O presidente, que tinha interrompido as motociatas por causa da internação por problemas no estômago, curiosamente se internou às vésperas de ser convidado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, para “uma reunião entre os três Poderes para nós fixarmos balizas sólidas para a democracia”, segundo o presidente da suprema corte.

Entrincheirado no hospital, Bolsonaro seguiu atacando os outros poderes, a esquerda, o ex-presidente Lula e, seu “esporte favorito”, o Tribunal Superior Eleitoral, seu presidente Luís Roberto Barroso e as urnas eletrônicas.

“Se nós apresentamos mais uma forma de manter o voto confiável, por que alguns poucos, usando a força do poder, querem que continue sempre tudo como esteve?”, prosseguiu em sua cruzada que, segundo analistas políticos, esconde o desejo de tumultuar o processo eleitoral e provocar um cenário de caos político como ocorreu com os apoiadores do ex-presidente Donald Trump que invadiram o Capitólio por não reconhecerem a derrota para Joe Biden.

A Câmara dos Deputados discute uma proposta de emenda à Constituição (PEC) de autoria da deputada de extrema-direita e aliada do presidente, Bia Kicis (PSL-DF), para que “na votação e apuração de eleições, plebiscitos e referendos, seja obrigatória a expedição de cédulas físicas, conferíveis pelo eleitor, a serem depositadas em urnas indevassáveis, para fins de auditoria”.

Sem votos favoráveis na comissão especial, a votação da PEC foi adiada por aliados de Bolsonaro para depois do recesso parlamentar. Nas últimas semanas, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se reuniu com deputados e senadores de várias siglas para tratar da defesa da urna eletrônica.

Bolsonaro tem o acusado de interferência no Legislativo e disparado uma série de ataques ao ministro, aumentando a tensão entre Executivo e Judiciário.

“Quando se fala em democracia, ela só existe quando existem também eleições limpas. Não é como um ou outro quer; é da forma que o povo deseja. Nós queremos eleições, nós queremos votar, mas não aceitaremos uma farsa como querem nos impor. Pode ter certeza: o soldado que vai à guerra e tem medo de morrer é um covarde. Jamais temerei alguns homens aqui no Brasil que querem impor a sua vontade. A vontade do Brasil é a vontade de Deus. E a vontade aqui na terra é a vontade de cada um de vocês”, afirmou Bolsonaro no ato deste sábado.

Na última quinta-feira (29/7), Bolsonaro transmitiu uma live em que fez uma defesa enfática da adoção do voto impresso e voltou a falar sobre denúncias de fraude que circulam pela internet e já foram desmentidas.

O evento no Palácio da Alvorada foi aberto à cobertura de jornalistas credenciados pelo local e serviu também para o chefe do Executivo federal fazer fortes ataques ao ministro Barroso.

Por Jornal da República em 31/07/2021
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