O FRACASSO DA 3ª VIA

O FRACASSO DA 3ª VIA

DA REDAÇÃO - O preço de um país que sempre foi considerado despolitizado ter sido alçado ao debate público de uma hora para outra tem como resultado a confusão para compreender os processos históricos, formular opiniões e análises de certos grupos ou, como definem os estudiosos, o déficit cognitivo e civilizatório que habita o Brasil.

O professor e jornalista Ricardo Pereira foi certeiro em seu comentário no Twitter sobre as manifestações “nemnem” realizadas por grupos que são subprodutos da extrema-direita gestados artificialmente a partir das “jornadas de jundo de 2013”, que foram massa de manobra ‘popular’ para ajudar no golpe de Estado de 2016 e que culminou na ascensão do nazismo à brasileira.

“Pelo fiasco nas ruas espero que tenha caído a ficha da terceira via que:
1°) sem Lula não se derrota bolsonaro;
2°) que sem mea-culpa quem era bolsonarista até ontem não tem credibilidade;
3°) que sem atacar a política neoliberal a terceira via não se difere de bolsonaro", sintetizou Pereira.

Irmãos univitelinos do bolsonarismo, os menininhos pseudo-articulados do MBL viraram motivo de chacota nas redes sociais e deixou evidente que entre eles e os bolsonaristas a segunda opção é mais honesta pois os seguidores do presidente de extrema-direita se assumem nazi-fascistas, ao contrário dos ensaboados ‘Emebeelistas’ que apoiaram e votaram em peso no atual mandatário do executivo e hoje tentam se apresentar como se nada tivesse acontecido. No entanto, qualquer pessoa com o mínimo letramento político sabe de quem se trata e o que fizeram no verão passado.

O jornalista Xico Sá foi direto ao ponto sobre o embuste político do grupelho de extrema-direita mal disfarçado.

“Tudo bem q o MBL esteja precisando de dinheiro e tenha perdido a fonte bolsonarista, mas que se lasquem com o nazismo, como eles agiram contra os professores em sala de aula, não marcho. Vocês que ajudem. Eles estão precisando muito’, detonou, no que foi prontamente apoiado pelo jurista Rubens Casara.

“No ponto. Só quem não conhece os métodos do MBL, tipicamente fascistas, naturaliza atender a convocação deles para um ato contra… o fascismo”, pontuou.

Quem também não perdoou foi o ex-deputado Jean Willys, que teve que sair do Brasil por causa de ameaças de morte dos nazistas tupiniquins que saíram do esgoto e despontaram para a política institucional.

“Eu posso afirmar com provas quem difamou Marielle horas após seu brutal execução: o MBL, essa organização criminosa de extrema-direita que pariu o bolsonarismo e agora quer pagar de oposição ao fascista que eles elegeram. Foda-se, MBL! Viva Marielle Franco!”

Mais comedido, mas não menos certeiro, o cientista político Alberto Carlos de Almeida também ofereceu seu diagnóstico.

“O MBL mobilizou muita gente contra a esquerda e ninguém contra a direita. Isso é óbvio: direita não ataca direta. Ainda precisa desenhar?”, questionou com ironia.

Elika Takimoto, filiada ao PT e militante aguerrida contra o fascismo vigente, também criticou quem é de esquerda e acha legítimo ir ao ato do MBL.

“Se a pessoa acha que não tem problema ir para a rua com quem defendeu o impeachment da Dilma, fez piada misógina com ela, defendeu Escola sem Partido, censurou o Queermuseu e deixou de votar no Haddad para tirar o PT, o lugar dela é mesmo com o MBL”, criticou citando fatos históricos inquestionáveis da trajetória do movimento de proveta da extrema-direita.

Casada com o jurista Rubens Casara, a filósofa Marcia Tiburi também é crítica ferrenha do MBL e de todas as vertentes fascistas que saíram da Caixa de Pandora nacional, fez uma dupla crítica em sua postagem no Twitter.

“É preciso enfrentar a síndrome de Estocolmo da esquerda. A esquerda que se une ao seu algoz (a extrema-direita, os partidos e movimentos evidentemente antiesquerda, como é o MBL) não é diferente da mulher machista, do negro racista, ou do pobre de direita”, disse.

João Amoêdo, um dos fundadores do Novo, partido de extrema-direita que usa perfume e sabe comer de garfo e faca mostrou a afinidade com o universo paralelo bolsonarista e fez uma postagem entusiasmada em suas redes.

“Feliz com a diversidade de ideologias que teremos hoje nas manifestações. Isso só torna mais forte o nosso ato”, escreveu e convenceu duas mil e cem pessoas que curtiram.

Os bolsonaristas também se divertiram com o fracasso dos atos da Terceira Via puxados pelo MBL, mas como é de praxe, expuseram sua falta de noção ao classificar seus irmãos desgarrados de “nova esquerda”.

A ministra de, pasmem, Direitos Humanos, Damares Alves, tuitou comentando postagem do ministro das comunicções, o neobolsonarista Fábio Faria que debochava do ex-ministro golpista e bolsonarista, Luis Henique Mandetta.

“EU JURO que ia ficar quieta rindo sozinha, mas daí lá vem o Ministro @fabiofaria provocar e não aguentei! Então lá vai: CHORA ESQUERDA! Se estão rindo do que Fábio postou é porque não viram as gargalhadas que o  Ministro @gilsonmachadont está dando por aí, se ele liberar eu posto”, escreveu em seu modo único.

Quem também marcou presença na Avenida Paulista foi o candidato ‘nem-nem’ Ciro Gomes, que antes de discursar postou.

“Militância do PDT já marca presença no ato #ForaBolsonaro, que vai reunindo muita gente na Avenida Paulista. Daqui a pouco estarei no palco ao lado de outros representantes do mundo político. Todos unidos pelo Impeachment Já!”, enterrando de vez a história do PDT nacionalista e brizolista.

Outro político de esquerda que contribuiu para a vergonha em subir no palanque dos golpistas cínicos do MBL foi o deputado federal Orlando Silva do PCdoB. Convicto, Silva declarou.

“Acabo de participar do ato pelo Fora Bolsonaro na Avenida Paulista. Não importa se divergimos em muita coisa. O que importa é preservar nosso direito de divergir. Viva a democracia! Viva a Frente Ampla! FORA BOLSONARO!, escreveu Orlando para a tristeza de quem é de esquerda de verdade e os que honram as tradições históricas do comunismo, mas para a alegria de quem deseja uma democracia sem esquerda no Brasil.

Por Jornal da República em 12/09/2021
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