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DA REDAÇÃO - Além da credencial de ser o atual campeão mundial e fazer parte do Brazilian Storm (tempestade brasileira), como são chamados os brasileiros que disputam o circuito mundial, o potiguar Ítalo Ferreira, agora também campeão olímpico, usou outros elementos externos como arma para conquistar a tão sonhada medalha de ouro e entrar para a história esporte mundial.
Fé, isolamento social, família e o mar de formosa, parecido com o de Tsurigasaki foram determinantes para o sucesso de Ítalo na missão que se incumbiu.
"Eu vim com uma frase pro Japão: diz amém que o ouro vem", confessou. "Essa frase está do lado da minha cama, todo dia orei às 3h da manhã, pedi a Deus que realizasse esse sonho e tá aí, meu nome na história do surfe", comemorou logo após o fim da bateria.
Vamos voltar um pouco na história para contar a trajetória recente desse supercampeão.
Foi no pequeno município de Baía Formosa, litoral do Rio Grande do Norte, com pouco mais de 8 mil habitantes, onde o campeão olímpico Ítalo Ferreira nasceu e escolheu ficar boa parte de 2020 por causa da pandemia de Covid-19.
Se o isolamento social atrapalhou os treinos da maioria dos atletas que se preparavam para as Olimpíadas de 2020, Ítalo se diz privilegiado por não ter se prejudicado.
“Os bombeiros e os policiais conseguiram controlar a entrada e a saída das pessoas, então, não teve muitos casos de Covid em Baía Formosa. A cidade é realmente um paraíso, com muita natureza. Onde eu moro consegui montar academia, consegui estar próximo das ondas, ir e voltar o tempo todo para surfar, para treinar", afirmou, em entrevista à CNN antes de embarcar para o Japão.
"Tive um momento incrível na pandemia. É difícil falar isso porque as pessoas passaram por dificuldades, perderam seus parentes, viveram momentos horríveis, mas eu fui abençoado”, completou.
Além de se preparar para as Olimpíadas, o atleta aproveitou o tempo na cidade natal para estar mais próximo da família e dos amigos. “Acho que foi uma das vezes que eu fiquei mais tempo em casa antes de entrar no circuito mundial. Pude dar um pouco mais de atenção aos meus pais, controlar quem entrava e quem saía por causa do vírus", explicou.
"Deixei todo mundo aqui na minha casa, todos os meus amigos, meu pai, minha mãe e minha irmã. A gente viveu nessa bolha e deu tudo certo. Não tive nenhuma perda de familiar durante a pandemia. A gente realmente teve o controle, se cuidou e continua se cuidando por que não dá para vacilar.”
O surfista, que além de medalhista de ouro é o atual campeão mundial de surfe – título conquistado em 2019, já que em 2020 o circuito mundial foi cancelado por causa da pandemia – disse que durante o isolamento social teve uma rotina parecida com a que tinha durante a infância.
“A gente ficava surfando o dia inteiro na praia que não tem ninguém. A gente tem esse privilégio de poder surfar num lugar que não tem trânsito, que não tem pessoas com barraquinha. A gente surfa, pega o carro e volta, vai surfar de novo, então, sou abençoado em morar nesse lugar que me deu a oportunidade de continuar treinando, no ritmo e continuar testando pranchas”, contou.
Acostumado com as praias mais desejadas por surfistas do mundo todo, Ítalo sabe que a comemoração do ouro olímpico será ainda mais especial no litoral de Baía Formosa, onde pegou as primeiras ondas, onde tudo começou. E as condições do mar em Tsurigasaki, que costumam ser parecidas com as de Baía Formosa, foram outro fator determinante para Ítalo tirar uma vantagem e realizar o que na sua cabeça já se desenhava.
O brasileiro bateu o japonês Kanoa Igarashi na grande final. Ele não segurou a emoção após a conquista. "Eu treinei muito nos últimos meses, e Deus realizou meu sonho, só tenho que agradecer a Deus por me dar a oportunidade de fazer o que amo. Isso sou eu, fui pra dentro d'água, sem pressão, fazendo o que amo", disse em meio às lágrimas.
O ouro de Ítalo é a quinta medalha conquistada pelo Brasil nos Jogos de Tóquio. Até o momento, o país já conquistou duas pratas no skate street, e dois bronzes, um no judô e outro na natação.
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