STF fechado contra as ameaças de Bolsonaro

Em nome da Corte Suprema e da democracia, ministros dizem não a acordão com Bolsonaro, diz jornalista Ricardo Noblat

STF fechado contra as ameaças de Bolsonaro

Bolsonaro disse que não quis peitar o Supremo Tribunal Federal ao conceder perdão ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado e à perda do mandato. Só quis atuar “como moderador”.

Não há poder moderador no Brasil, respondeu o ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral. O recado foi também endereçado às Forças Armadas que se acham capazes de exercer o poder moderador em momentos de graves conflitos.

A festa de Bolsonaro por ter peitado o Supremo durou exatos 9 dias. Ao seu término, revelou um presidente mais isolado do que jamais esteve, a celebrar apenas o regozijo dos seus devotos sinceros, porém radicais, e que só servem para fazer barulho.

O Congresso pediu para que o deixassem fora dessa. Pela voz dos presidentes do Senado (Rodrigo Pacheco, PSD-MG) e da Câmara dos Deputados (Arthur Lira, PP-AL), defendeu a lisura do processo eleitoral posta outra vez em dúvida por Bolsonaro.

O grupo de parlamentares que compareceu ao ato promovido por Bolsonaro no Palácio do Planalto em defesa do que ele chama de liberdade de expressão foi muito menor do que o esperado. Os ministros da área política do governo não deram as caras por lá.

Nenhuma entidade de classe parabenizou Bolsonaro por ter desafiado a mais alta Corte de Justiça do país. Afinal, não valeria a pena fazê-lo, nem por Bolsonaro, muito menos por um patife como Silveira, mais de 60 vezes punido à época de policial militar.

Para aumentar a ressaca de Bolsonaro, e pôr fim às especulações de que o Supremo, assustado, estaria a ponto de recuar, em um único dia, três ministros foram à forra e repetiram tudo o que o país deveria guardar na memória.

Justamente tudo o que Bolsonaro, e os chefes militares que o cortejam, não gostam de ouvir. A saber:

“Quem está interessado na democracia não difunde informação falsa, não incita violência, não incita desobediência contra o resultado do escrutínio popular”. (Edson Fachin)

“São duas as finalidades da desinformação. Uma é a tomada de poder não democrática, autoritária. A outra, ganhar dinheiro. Pessoas estão enriquecendo com isso”. (Alexandre de Moraes)

“Para sugestões, a Justiça Eleitoral está inteiramente à disposição, para intervenção, jamais”. (Edson Fachin)

“A democracia é um ambiente plural. Tem lugar para progressistas, conservadores e liberais. Só não tem espaço para quem quer destruí-la”. (Luís Roberto Barroso) (Do site Metrópoles)

 

 

 

Por Jornal da República em 30/04/2022
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