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Ameaça ou Retórica? Especialistas avaliam impacto das promessas do presidente eleito dos EUA
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, venceu com uma agenda que inclui medidas rigorosas contra a imigração irregular, prometendo deportar milhões de imigrantes que vivem no país sem documentação legal. Esta promessa inclui a construção de novos campos de detenção, o aumento da vigilância na fronteira e o uso do exército para impedir a entrada de novos imigrantes. Entre os 11 milhões de imigrantes visados pela deportação, estão brasileiros, cuja presença ilegal no país foi estimada em 230 mil pelo Pew Research Center em 2022.
Um cenário de incertezas para os brasileiros nos EUA
Especialistas, como Rodrigo Costa, CEO da consultoria Viva América, acreditam que brasileiros com status legal de imigração, como estudantes e trabalhadores com visto, estarão seguros se mantiverem sua situação regularizada. Costa destaca que a “grande questão” para a maioria dos imigrantes é manter um status válido, dado que a deportação se concentrará nos que vivem ilegalmente. O Ministério das Relações Exteriores estima que cerca de 1,9 milhão de brasileiros vivem atualmente nos Estados Unidos, fazendo do país o destino mais popular para os migrantes brasileiros.
Empregos para imigrantes qualificados
Curiosamente, Trump também tem defendido a concessão de "green cards" para estudantes estrangeiros após a conclusão do ensino superior, uma promessa que, embora ainda em fase de discurso, sugere uma abertura para imigrantes qualificados. A Viva América destaca que o mercado americano tem uma forte demanda em áreas como tecnologia, saúde e logística, setores onde brasileiros poderiam ocupar vagas não preenchidas por americanos.
Impactos econômicos e um debate controverso
Apesar das duras promessas, especialistas avaliam que a remoção abrupta de milhões de imigrantes poderia afetar negativamente a economia americana. Indústrias como agricultura e turismo, que dependem fortemente da mão de obra de imigrantes, seriam profundamente impactadas. Roberto Uebel, professor de relações internacionais da ESPM, questiona a viabilidade da promessa de Trump: “É logisticamente e economicamente impossível deportar 11 milhões de pessoas”. Segundo Uebel, a política de imigração do governo provavelmente focará na repressão aos fluxos de entrada na fronteira e no combate aos “coiotes” – traficantes que auxiliam a entrada irregular.
Nova era na imigração: um equilíbrio entre retórica e realidade
Embora seja esperado um aumento na repressão aos imigrantes indocumentados, a deportação em massa de milhões parece pouco prática. Para Uebel, a retórica do republicano pode até resultar em endurecimento das políticas migratórias, mas não deve afetar diretamente o cotidiano de todos os imigrantes. Afinal, a economia de estados-chave nos EUA depende fortemente da força de trabalho imigrante, um fato que os republicanos, base de apoio de Trump, conhecem bem.
Como uma promessa de campanha, as declarações de Trump evidenciam as tensões entre segurança nacional e a realidade econômica, com especialistas alertando que os próximos passos do governo podem impactar o cenário global e gerar tensões diplomáticas.
Fonte: Uol
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