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O dia da África é comemorado em 25 de maio, como parte da celebração do aniversário de fundação da Organização da Unidade Africana - OUA.
Sua origem está na raiz das lutas por independência dos países africanos. Em 25 de maio de 1963, representantes de 30 nações africanas foram recebidos em Adis Abeba, Etiópia, por Sua Majestade Imperial Hailé Selassié I, imperador da Etiópia - país que não foi conquistado ou partilhado pela Europa.
Para lembrar esse encontro, nasceu o Dia da África. A sucessora da OUA, a União Africana, reúne, hoje, 55 países membros.
Sua atuação vai desde a contribuição para a política e para economia até a divulgação das culturas africana na África e em todo o mundo.
O Brasil é o país que tem a maior população de afrodescendentes fora da África. Dados de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, mostram que cerca de 54% da população brasileira se autodeclara negra.
São, aproximadamente, 120 milhões de afrodescendentes. A população brasileira, no censo realizado em 1872, era de 9.930.478, sendo classificados como pardos 38,3% e como negros, 19,7%.
A presença negra sempre foi expressiva em toda a história do país. A África também é aqui.
O desconhecimento sobre o continente africano ainda é uma realidade. Um esforço para superar esse atraso deu-se com a lei 10.639, de 2003, que dispõe sobre o ensino da história da África e da afrodescendência, mas que ainda está longe de alcançar seus objetivos, como está evidente pelo fato de que nem mesmo no calendário escolar consta a menção ao dia da África.
O continente africano está no imaginário de todo o mundo pelas pirâmides do Egito, pelo deserto do Saara, pela sua fauna e flora exuberantes, pelo interesse do capital pelas riquezas do seu subsolo, pelo seu povo, que foi submetido ao trabalho escravo em muitos países, pelas muitas invenções e descobertas que hoje são de domínio público, ou mesmo pelas inúmeras lutas fratricidas estimuladas pelos colonizadores.
A história do Brasil, contudo, não considerou que o Brasil é parte da África. Todas as atenções sempre foram voltadas para os Estados Unidos e para a Europa. A presença do Brasil na África sempre foi pequena.
O único destaque foi ser o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, na década de 1970. O presidente brasileiro que mais se aproximou da África foi Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou 23 países e celebrou parcerias de benefícios mútuos.
Além disso, pediu desculpas pela escravização de africanos e de afrodescendentes durante o período imperial no Brasil.
Como recorda o Embaixador Alberto Costa e Silva, "o africano não deu contribuições para o Brasil: o africano ajudou a formar o Brasil!... Não foi só um grupo africano que influenciou o Brasil, foram muitos, e com culturas completamente diferentes... O Brasil não repete a África, o Brasil reinventa a África... Entre a África e o Brasil há uma permanente troca, de maneira de viver, de maneira de sentir, pensar e atuar, de falar, dizer, criar. É muito mais profundo do que, simplesmente, contribuir".
O mundo é devedor do continente africano e isso não pode ser esquecido. Ações afirmativas, de reparação e de apoio aos Estados africanos que ainda tem desenvolvimento insuficiente são importantes para o Brasil e para o mundo.
A cultura brasileira é rica e, com certeza, deve muito à influência da África. Nós, brasileiros de todas as origens, por todas as razões, devemos nos orgulhar da nossa herança africana.
A África continuaria a existir sem o Brasil, mas nós não existiríamos como nação e como Estado se não fosse a África. Vivas à África!
Por Eloi Ferreira de Araujo - Ex-ministro de Igualdade Racial.
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