A importância da Faetec para o desenvolvimento de Vaz Lobo

A importância da Faetec para o desenvolvimento de Vaz Lobo

Quem passa pela Avenida Ministro Edgard Romero, na altura do bairro de Vaz Lobo, de algum tempo para cá, se depara com um enorme prédio abandonado na lateral da via. Para quem não se lembra, ali funcionava um dos campus do antigo Centro Universitário da Cidade, a UniverCidade, descredenciada pelo MEC em meados da década passada. A instituição era administrada pelo Grupo Galileo Educacional, que teve sua falência decretada pela 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro em 2016.  

A agitação daqueles tempos, que tanto enchia de orgulho nós que temos um vínculo histórico e afetivo com o bairro, hoje já não existe mais. Lembro com saudade de toda aquela movimentação rotineira, com a circulação de alunos, professores e funcionários, que impactava diretamente não só no contexto econômico, mas também no desenvolvimento das relações sociais e culturais que aquele cenário pulsante proporcionava.   

Com o fim das atividades do campus, toda a região perdeu muito. Vaz Lobo acabou se tornando, na prática, um mero bairro de passagem entre Irajá e Madureira. Somando-se esses três bairros temos aproximadamente um número de 200 mil habitantes, que, assim como grande parte da Zona Norte do Rio de Janeiro, ainda carece de muitos serviços essenciais. O fim da universidade agravou ainda mais esse quadro. O cenário atual, portanto, é de completo abandono e retrocesso social. 

Restam apenas lixo e escombros de um espaço que alimentou o sonho e a esperança de tantos jovens do subúrbio carioca. Devido às péssimas condições sanitárias, na qual o prédio se encontra atualmente, a população local ainda tem a sua situação agravada, ficando exposta a todo tipo de doenças possíveis. Em meio à pandemia esses riscos se agravam ainda mais. 

Desde o fechamento da unidade, tenho tentado junto a governos estaduais do Rio encontrar uma solução para a propriedade, que vem se deteriorando sem cumprir qualquer função social, conforme prevê a nossa Constituição Federal de 1988.  Sempre defendi que o ideal era a reutilização do prédio, com as devidas reformas é óbvio, para a implementação de uma outra instituição de ensino, pois sabemos da carência de ofertas na área da Educação em regiões mais vulneráveis, como o subúrbio da cidade. 

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Esta semana, encaminhei ao governador uma proposta para que, junto da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, sejam tomadas as providências necessárias para a instalação de uma Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC) no local. Diferente do Grupo Galileo, verdadeiros aventureiros e mercadores do ensino, a FAETEC é uma instituição pública do estado, vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia, que oferece Ensino Técnico de Nível Médio, na formação inicial e continuada, qualificação profissional e Educação Superior.  

O objetivo principal é garantir novas oportunidades de ensino e profissionalização para jovens e adultos da região. Mas não só. A retomada das atividades contribuirá diretamente para a economia local, através do reaquecimento do comércio e da geração de novos empregos. 

Além da tragédia sanitária, que, infelizmente, tirou a vida de milhares de pessoas, a pandemia do coronavírus gera profundos impactos econômicos e sociais em todos os países, mas principalmente no Brasil, onde a situação é ainda mais grave, tendo em vista a forma como o problema foi tratado por aqui.    

Por isso, é fundamental que pensemos todos, desde já, em um plano de recuperação do Rio de Janeiro, pois mesmo depois de superada a pandemia, seus efeitos ainda serão sentidos durante muito tempo. Será necessário um esforço intenso para reconstruir social e economicamente o estado. O poder público, sabendo que os impactos sobre a população mais pobre são muito mais cruéis, não pode virar as costas para essa realidade. 

Para que as pessoas possam se reerguer será necessária, sim, a interferência do Estado. Essa conversa de menos Estado é muito boa para quem tem muito dinheiro no bolso e quer lucrar ainda mais. Mas para quem está desempregado e sem ter o que comer não é, não. 

Se quisermos construir uma sociedade melhor, é preciso investir na formação e capacitação dos nossos jovens e também ampliar as ofertas de emprego para que eles possam ser absorvidos pelo mercado de trabalho. É preciso dar-lhes um horizonte digno. Garantir essas condições é o nosso papel enquanto agentes políticos eleitos. 

Um prédio, que um dia abrigou uma universidade, em situação de completo abandono é o maior símbolo do descaso com o nosso futuro. É derrota! 

Foto: Reprodução.

 Dionisio Lins é Deputado Estadual, líder do Progressistas na Alerj e Presidente da Comissão de Transportes.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Tribuna da Imprensa Digital e é de total responsabilidade de seus idealizadores. 

Por em 15/04/2021
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