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Será que é um exagero ou uma obviedade, acusar a esquerda e a direita carioca de serem ignorantes em como lidar com a realidade que elas se recusam a compreender? Certamente, é algo notório.
Já que, cada vez mais, a vontade de tentar entender a realidade do outro, é menor; e a certeza que o seu domínio das coisas, é absoluta, é maior. Parece que os conflitos antigos não irão estancar, e os novos, só pioram a situação atual.
É fácil de entender o porquê o filme Tropa De Elite, foi tão revelador a respeito do senso moral do povo carioca. São as mesmas pessoas que se revelaram um pouco mais quando votaram massivamente em 2018 no Bolsonaro e no Witzel, deixando-os com uma grande diferença do segundo lugar.
E que neste ano, elegeram o Castro no primeiro turno e ainda deram ao Bolsonaro, uma boa diferença do Lula no primeiro turno — mesmo que ele tenha traído grande parte das suas promessas —; porque no final das contas, a verdade é subjetiva mediante às crenças, elas são definidas pela estética fantasiosa que a pessoa interpreta sobre o real, e não pelo cumprimento da promessa do “herói”.
Caso a esquerda realmente entendesse o princípio que faz essas figuras conquistarem tanto o voto carioca, eles colocariam o Freixo como alternativa? Porque eles sabem os motivos, porém, será que compreendem a sensação de quem vive em um Estado inseguro e injusto, e está à mercê dessa realidade? Tanto é que, o Freixo mudou radicalmente o antigo discurso sobre drogas e segurança pública, a fim de tentar mudar o resultado que estava prestes a ocorrer. E no final das contas, não adiantou nada, dado que a estética da esquerda, já está manchada com esse cinismo que é evidente.
Não é possível que a esquerda — que se vende como empática — seja incapaz de simpatizar com o sentimento que predomina quando a pessoa sente estar vivendo em uma insegurança constante, em que a qualquer momento, a vida dela vai valer menos que um celular, uma carteira ou uma bolsa.
O problema está na incapacidade de simpatizar com essa maioria. Deveriam buscar a solução que resolveria esta cidade injusta, a fórmula que lidará com o sentimento que surge na população revoltada que está disposta a aceitar qualquer tipo de justiça para que haja algum tipo de mudança REAL.
“A justiça, pode ser cruel, poética e cega, mas quando é negada, é violência que você poderá encontrar.”
Do outro lado da moeda, à direita, existe uma falta de noção sobre prioridades, o que acarreta na incapacidade de analisar a alma do “herói” e saber escolhe-lo; via de regra, é escolhido um incapaz, que não tem compromisso de resolver a situação socioeconômica deles. Porque o fato é: boa parte desse eleitorado carioca à direita, não está nas classes econômicas mais altas. E essas figuras políticas de direita que são eleitas, aproveitam-se onde há um desequilíbrio político-social que já se tornou regra.
A sociedade na qual o “jeitinho brasileiro”, e o “salve-se quem puder” são realidades daquele povo, essa comunidade continuará na condição de produzir uma elite que não possui apreço social; é um corpo social que vai sendo imbuído de uma individualidade egoísta, que é a necessidade de fazer de tudo para garantir o seu, já que os outros não farão por ela. Por isso os nossos representantes, de certa forma, são reflexos de nós como sociedade.
A realidade é que boa parte dos políticos, tanto os de esquerda como os de direita, se aproveitam de aparências representacionais para conduzir o sentimento do povo em prol de algum benefício próprio. São raros os políticos que se desviam desse padrão de cinismo. Visto que, a elite brasileira, via de regra, não se enxerga como uma elite de um determinado povo, ela se enxerga como elite de si própria; então, ela não consegue ficar indignada com a dor das pessoas — do próprio povo dela.
“É mais fácil enganar as pessoas, do que convencê-las de que foram enganadas.”
Mark Twain
A solução para o povo do Estado do Rio de Janeiro, deveria ser uma mescla de uma parte da percepção da realidade da esquerda e da direita. Entretanto, para que isso fosse possível, seria necessário que houvesse uma quebra no status quo, que é influenciado pelas elites do Estado, dado que o objetivo deles é usurpar o povo e se perpetuar no poder.
Por isso, precisa haver o surgimento de representações com intuitos verdadeiramente nobres, sem a desonestidade de querer usar o imaginário da população que necessita de ajuda, para alcançar um objetivo individual; sem o cinismo, a hipocrisia da esquerda e da direita. É fundamental existir uma educação que parta de quem quer o bem desse povo que fica subjugado por canalhas, para que aprendam a não premiar — com o próprio voto e apoio — quem trai e ilude.
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