A privatização da natureza: empresários tomam parte da Ilha dos Porcos, Ubatuba, SP, e Ilha de Boipeba, BA.

A privatização da natureza: empresários tomam parte da Ilha dos Porcos, Ubatuba, SP, e Ilha de Boipeba, BA.

A ganância do capital privado, sob leniência da política neoliberal, sobre os recursos naturais do País e, por extensão, do povo brasileiro, não cessou na privatização da Sabesp, empresa estatal extremamente lucrativa para os cofres públicos.

Os poderosos avançam a cada dia. E não se iludam. A continuar assim, no futuro serão as escolas públicas que sucumbirão aos interesses empresariais e ideológicos dessa gente. O chamado capitalismo selvagem anti-humano destrói a natureza, a terra e a vida. Há dias atrás, a Enel (empresa Italiana que comprou a Eletropaulo) deixou milhões de pessoas sem energia, porque não quis investir na manutenção da rede elétrica. Agora, empresários serão donos da água que bebemos e sabe-se lá em que condições.

A ganância também avança sobre o lazer do povão. Em Ubatuba, tive o desprazer de presenciar até onde a ganância de um poderoso empresário do ramo farmacêutico pode ir. Ele, simplesmente, “comprou” parte da Ilha dos Porcos para a sua exploração comercial. A primeira atitude foi cercar com arames e estacas as cercanias de sua mansão avançando sob boa parte da praia.

Igualmente, a ilha paradisíaca de Boipeba, na Bahia, será palco para a construção de um grande condomínio, com pista de pouso e píer para embarcações. Tudo devidamente cercado e de uso exclusivo "dos proprietários" (entre eles José Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo e Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central de FHC). Iniciativa que irá, evidentemente, desequilibrar o sistema ecológico da ilha. A empreiteira contratada foi autorizada para destruir a vegetação nativa numa área de aproximadamente 2,92 hectares e manuseio, ou seja, a expulsão da fauna da região.

Parece que estamos vivendo o fim dos tempos, tais os filmes de Hollywood. Cazuza tinha razão:

“A burguesia 'tá' acabando com a Barra.

Afundam barcos cheios de crianças

E dormem tranquilos, yeah.

E dormem tranquilos.

Os guardanapos estão sempre limpos.

As empregadas, uniformizadas.

São caboclos querendo ser ingleses.

São caboclos querendo ser ingleses.”

Por Roselei Julio Duarte é Professor de História e Diretor de Escola.

Por Jornal da República em 27/12/2023
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