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Uma jovem chinesa no alívio da pobreza
Em março de 2016, Liu Yan, uma servidora de 20 e tal anos do Ministério do Comércio da China, foi alocada pelo ministério na aldeia Qunce para chefiar os trabalhos de redução da pobreza. Localizado numa região montanhosa do leste da província de Sichuan, Qunce era um vilarejo sem indústria nem agricultura moderna. As famílias plantavam pomelos, mas as frutas não garantiam a subsistência devido à falta de condições de conservação e à instabilidade dos canais de venda. Sem rendas garantidas, os aldeões viviam uma vida pobre.
A fim de trazer mais renda para os aldeões, Liu Yan aproveitou as novas tecnologias e plataformas de comércio eletrônico para fazer os pomelos saírem das montanhas. O primeiro passo foi dar uma “identificação” aos produtos, ou seja, obter certificados fitossanitários e registrar a marca comercial para atender aos requisitos de comercialização online e offline. A segunda medida foi padronizar o processo produtivo para melhorar a qualidade. Com a introdução da tecnologia de rastreabilidade, foi montado um sistema digital de gestão para monitorar cada etapa de produção nos pomares. A terceira medida foi oferecer cursos virtuais de capacitação para ensinar os aldeões a abrir e gerenciar uma loja online e ampliar as vendas pela internet. Por fim, tratou da construção da marca para aumentar a visibilidade das frutas da aldeia. Produziu vídeos promocionais e criou um pacote de brindes que incluía um cartaz sobre os pomelos, ingressos para a antiga residência de Deng Xiaoping e uma brochura do turismo local. A iniciativa chamou atenção para os esforços da redução da pobreza.
Sob a liderança de Liu Yan, a aldeia Qunce vendeu mais de 20 mil quilos de pomelos por ano e a renda anual per capita passou de 10 mil yuan, colocando os habitantes acima da linha da pobreza.
Os segredos do sucesso chinês na erradicação da pobreza
A história de Liu Yan é uma síntese da campanha chinesa de erradicação da pobreza. Nos últimos oito anos, mais de 3 milhões de jovens servidores como ela se dedicaram ativamente a essa causa. Em mais de quatro décadas desde a Reforma e Abertura, o governo chinês retirou nada menos de 850 milhões de pessoas da pobreza, contribuindo com mais de 70% para as ações globais nessa área. No dia 25 de fevereiro deste ano, o presidente Xi Jinping declarou solenemente a vitória completa da China no combate à pobreza.
Segundo os critérios atuais, 98,99 milhões de camponeses livraram-se da miséria, 832 distritos e 128 mil aldeias antes considerados pobres deixaram essalista e foi resolvida a pobreza geral regional. Com isso, concluiu-se uma árdua missão de acabar com pobreza absoluta no país. Trata-se de um grande feito na história da China e do desenvolvimento humano, uma contribuição excepcional para o alívio global da pobreza e o progresso da humanidade. Os segredos desse sucesso são pelo menos três:
Em primeiro lugar, filosofia centrada nas pessoas. Com foco nas necessidades básicas de subsistência da população necessitada, foram definidos múltiplos critérios para a erradicação da pobreza: renda anual per capita, que se mantém acima da linha de pobreza de 2.300 yuan (valor a preços constantes de 2010, que corresponde a cerca de 4.000 yuan a preços correntes em 2020); condições de vida das famílias, sem carências de alimentação e vestuário e com acesso garantido a educação obrigatória, saúde básica e habitação. De 2013 até hoje, os investimentos acumulados de todas as esferas de governo somaram quase 1,6 trilhão de yuan e deram um firme respaldo financeiro à vitória da batalha final contra a pobreza.
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Mensagem Inaugural da Coluna “Vista Chinesa”
Segundo a estratégia de redução da pobreza direcionada. Tendo em conta as diferenças no perfil demográfico e em outros aspectos, são aplicadas medidas direcionadas, tais como o fomento à produção e ao emprego, a realocação de moradores de áreas inóspitas, a preservação ambiental, a melhoria da educação ou o auxílio à subsistência.
Dessa forma, políticas generalistas deram lugar a ações planejadas sob medida para cada realidade, racionalizando o uso de recursos outrora dispersos. Em vez de fazer uma “transfusão de sangue” ao reforçar a dependência de apoios externos, criaram-se “meios hematopoiéticos” para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Além disso, a China estimulou a motivação endógena dos pobres de buscar uma vida melhor por próprios esforços e aumentou sua capacidade de participar do desenvolvimento, compartilhar os frutos do desenvolvimento e alcançar o desenvolvimento independente.
Eles se beneficiam do sucesso da redução da pobreza e, ao mesmo tempo, contribuem para o desenvolvimento da China. Assim, essas pessoas se beneficiam do sucesso da redução da pobreza e, ao mesmo tempo, contribuem para o crescimento da China.
Terceiro, estratégia de longo prazo. A China coloca a erradicação da pobreza como uma das prioridades na governança nacional. Elaborou planos de desenvolvimento a médio e longo prazo para assegurar a coerência e a estabilidade dessas políticas. Ao mobilizar e reunir todas as forças possíveis, uma rede em grande escala foi estabelecida, com o governo, a sociedade e o mercado trabalhando em coordenação, e projetos patrocinados pelo governo, programas específicos do setor e assistência corporativa e social complementando-se. É um sistema completo em que participam múltiplos atores de diferentes regiões, órgãos governamentais e instituições. Para conscientizar a população e engajá-la no combate à pobreza, foram lançadas várias ações como parcerias entre as regiões Leste e Oeste, programas de ajuda alocados aos órgãos do governo central e às forças militares, assistências oferecidas pelo setor privado, além da criação do Dia Nacional de Alívio da Pobreza.
A iniciativa Cinturão e Rota e a solução chinesa para a redução da pobreza global
Ao mesmo tempo que se dedica a erradicar a miséria em seu próprio território, a China vem ajudando outros países, no âmbito da iniciativa Cinturão e Rota, a gerar empregos e melhorar o bem-estar social, contribuindo para a causa da redução da pobreza no mundo.
Ao propor a conexão de políticas, infraestrutura, comércio e financiamento, bem como o entendimento entre os povos, a iniciativa abre amplas perspectivas de crescimento aos países em desenvolvimento e traz novas esperanças para pôr fim aos problemas da pobreza. Um estudo do Banco Mundial publicado em junho de 2019 com o título A economia de Cinturão e Rota aponta que os projetos de infraestrutura de transporte podem reduzir o prazo de frete entre as economias participantes da iniciativa, o que resultará em menor custo operacional, maior fluxo comercial, mais investimento estrangeiro e menos pobreza. Quando plenamente implementada em 2030, essa iniciativa deve retirar 7,6 milhões de pessoas da pobreza extrema e cerca de 32 milhões da pobreza moderada (cuja renda é inferior a US$ 3,20 por dia em paridade de poder de compra). Além disso, a iniciativa vai deixar o comércio mundial crescer em 6,2% e o dos países participantes, 9,7%. Com isso, a receita real global terá uma alta de 2,9%, o que diminuirá, efetivamente, a taxa de pobreza nesses países.
Segundo estatísticas das Nações Unidas, 783 milhões de pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza em todo o mundo. Erradicar esse mal continua sendo o maior desafio global da atualidade e uma missão comum da Humanidade. Hoje, enquanto a pandemia se alastra pelo mundo, a pobreza, a fome e as doenças corroem a esperança e a confiança na busca de uma vida melhor. O Banco Mundial prevê que a crise sanitária pode jogar entre 70 e 100 milhões de pessoas no abismo da penúria. Chegou a hora de os governos assumirem seu dever com a população e se engajar ainda mais na luta contra a pobreza.
Nos últimos anos, o Brasil adotou uma série de medidas para combater a miséria, tais como Fome Zero e Bolsa Família. Embora esses programas tenham beneficiado a população em situação vulnerável e acumulado experiências bem-sucedidas, o problema da pobreza ainda persiste. A China está disposta a fazer esforços conjuntos com o Brasil para realizar as cooperações pragmáticas nas áreas como combate à COVID-19 e à pobreza. Vamos promover a troca de experiências e a aprendizagem mútua a fim de ajudar os países em desenvolvimento a aumentar sua capacidade, de modo a contribuir ainda mais para cumprir o quanto antes os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas e construir uma comunidade de futuro compartilhado para a Humanidade.
Foto: Divulgação.
Li Ruilin é Vice-cônsul do Consulado da China no Rio de Janeiro.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Tribuna da Imprensa Digital e é de total responsabilidade de seus idealizadores.
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