Alison é bronze nos 400m com barreiras

Com apenas 21 anos, paulista crava a marca de 46s72 e leva a primeira medalha brasileira no atletismo nos Jogos

Alison é bronze nos 400m com barreiras

DA REDAÇÃO - A dancinha começou já na pista de aquecimento, quando ele deslizou o dedo pela tela do celular e mandou a primeira da sua sequência de músicas da playlist "Olympic Games", escolhida com todo amor e carinho antes da viagem para as Olimpíadas de Tóquio.

Prosseguiu na antessala dos atletas, onde eles ficam nos minutos antes da prova. Na hora da apresentação, Alison Brendom dos Santos, o Piu, de 21 anos, entrou com confiança, apontou para os céus e pediu proteção.

"Primeira coisa que passou pela minha cabeça quando passei a linha é que agora eu sou medalhista olímpico. Assim que eu acabei eu vi muitas pessoas importantes para mim ali no telão. Eu não corro só por mim, eu corro pelo meu treinador, pela minha família”, disse emocionado.

A combinação de descontração e foco surtiu efeito. Piu disputou a decisão dos 400m com barreiras no Estádio Olímpico de Tóquio sob forte sol e uma temperatura de 31ºC (sensação de 38ºC) com autoridade. E o resultado foi histórico. Com a marca de 46s72, novo recorde sul-americano, ele levou a medalha de bronze e não esqueceu da família antes, durante e depois da prova.

“Eu conversei com meus pais antes da prova e falei que tô correndo para eles. Louco para voltar pra casa. Pela minha mãe, minhas irmãs, por São Joaquim da Barra. Eu carrego o amor deles comigo, isso me encanta e me faz ir mais longe”, declarou.

O ouro ficou om o norueguês Karsten Warholm, com novo recorde mundial (45s94). A prata acabou com o norte-americano Rai Benjamin (46s17).

Foi a primeira medalha brasileira no atletismo nas Olimpíadas de Tóquio e a 18ª da modalidade em todos os tempos - a primeira veio há 69 anos, com o ouro do lendário Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo em Helsinque 1952. Bronze do paulista em Tóquio faz país voltar ao pódio em uma prova individual de pista pela primeira vez desde a prata de Joaquim Cruz e o bronze de Robson Caetano em Seul 1988.

“Eu não sei o que aconteceu. Se aconteceu eu não sei o que foi. Eu passei a linha, olhei, vi que estava em terceiro, olhei novamente e vi 45s [tempo de Warholm], achei que tava na prova errada. Tem que bater palmas para ele. Ele veio com o peso do favoritismo, foi lá e bateu o recorde mundial", reconheceu feliz da vida nosso medalhista olímpico. (Com GE)

Por Jornal da República em 03/08/2021
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