Após 'caso Brazão', cresce pressão para expulsão de Quaquá do PT

Após 'caso Brazão', cresce pressão para expulsão de Quaquá do PT

Do UOL, em Brasília

Cresce no PT um movimento para a expulsão de Washington Quaquá, prefeito de Maricá e um dos vice-presidentes do partido, após mais uma polêmica envolvendo a defesa dos acusados de matar a vereadora Marielle Franco.

O que aconteceu

Dirigentes do partido confirmam que a possibilidade está sendo discutida. Segundo integrantes, Quaquá tem cometido diversas faltas e destoado da posição do PT em diferentes ocasiões —uma hora chega a gota d'água, argumentam.

Quaquá recebeu a esposa de Domingos Brazão, Aline Paiva, e Kaio Brazão, enteado de Brazão, em seu gabinete na quinta (9). "Não há sequer uma prova contra eles", defendeu o prefeito. "A realidade é que usaram a família Brazão de bucha de canhão."

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, acionou a Comissão de Ética do PT no mesmo dia. Nas redes sociais, ela disse que é "inacreditável ver pessoas se aproveitarem e usarem o nome da minha irmã sem qualquer responsabilidade". Para ela, a atitude do dirigente vai contra a do governo Lula e do partido.

Chiquinho e Domingos Brazão foram denunciados como mandantes do assassinato de Marielle. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, os irmãos encomendaram a morte da vereadora em função de disputas ligadas à regularização de territórios na zona oeste do Rio.

Agora vai?

Este não é um movimento novo. Enquanto deputado, Quaquá já havia defendido a inocência de Brazão, entre outras polêmicas, como tirar foto com o deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro (PL).

No partido, se fala abertamente que a situação é insustentável. Embora a PT tenha diversas correntes e seja conhecido como um partido que estimula lados antagônicos, dizem que o prefeito "passa do ponto do aceitável".

A esperança é que ele saísse da diretoria ao deixar o cargo de deputado e fosse para a Prefeitura de Maricá. Eleito em outubro, que já ocupou em outros mandatos, não só ficou como não demorou dez dias da posse para criar nova polêmica.

O debate ainda é informal. Como tudo no PT, a resolução tem de ser tomada por votação no diretório nacional, e não por decisão monocrática da presidente Gleisi Hoffmann, por exemplo.

Quaquá é um dos cinco vice-presidentes do partido. Ele compartilha a posição com o senador Humberto Costa (PE), o deputado José Guimarães (CE), o ex-deputado Zé Geraldo (PA) e o ex-ministro Luiz Dulci (MG), sem distinção hierárquica. O grupo deve ser trocado na nova eleição do partido, marcada para o meio do ano, quando Gleisi deixará a presidência.

Quaquá tampouco é muito bem visto no Planalto. Apesar das boas relações com André Ceciliano, secretário de Assuntos Federativos, que fica no quarto andar, palacianos dizem que ele tem "pouco ou nenhum" acesso ao governo.

Quaquá e Pazuello: tumulto no PT

Quaquá e Pazuello: tumulto no PTImagem: Reprodução/Instagram/washington.quaqua.5

Defesa de Brazão, amizade com Pazuello: as polêmicas de Quaquá

Quaquá já havia saído em defesa de Brazão no ano passado. Em janeiro, ele foi uma das primeiras vozes a questionar o depoimento do ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, ao dizer que não acreditava que Brazão tivesse "cometido tal brutalidade".

No início do governo, atiçou companheiros petistas ao tirar uma foto (e defender) o ex-ministro Eduardo Pazuello, que comandou a Saúde durante a pandemia de covid-19. Até Gleisi foi a público afirmar que a publicação era "desrespeitosa". Como resposta, ele chamou os críticos de "stalinistas idiotas" e "jumentos".

Ele também tumultuou a sessão da Câmara que promulgou da reforma tributária na presença de Lula. Após ouvir xingamentos de bolsonaristas ao presidente, ele chamou Nikolas Ferreira (PL-MG) de "viadinho" e deu um tapa na cara de Messias Donato (Republicanos-ES).

Por Jornal da República em 15/01/2025
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