As eleições Portuguesas e o crescimento da ultra direita na Europa

As eleições Portuguesas e o crescimento da ultra direita na Europa

Como bom Portugues, de nacionalidade e de nascimento, não poderia deixar de analisar as últimas eleições legislativas. Participei e votei à  distância, mas claro, não revelarei meu voto. Tentem adivinhar, só posso dizer que não  votei em quem ganhou, mas também não fui totalmente derrotado. Mas vamos a minha pequena análise.

Estas eleições, convocadas extraordinariamente, após a crise gerada pelas denúncias contra dirigentes do PS, marcaram um momento significativo na política do país, refletindo uma tendência que tem sido observada em várias nações.

A ascensão da extrema-direita, representada em Portugal pelo partido CHEGA, é um fenômeno que perpassa por toda Europa e também na América, vide a liderança de Trump nas pesquisas recentes realizadas para avaliar as tendências das próximas eleições americanas.

Na Europa, partidos de extrema-direita têm crescido em países como Alemanha, Itália, Polônia, Hungria, Finlândia e Suécia.

Na América Latina, figuras como Javier Milei na Argentina refletem um aumento no apoio a políticas de extrema direita.

Em outras regiões, movimentos semelhantes têm sido observados, muitas vezes com líderes carismáticos que prometem resolver problemas complexos com soluções simples.

O cenário político em Portugal está cada vez mais fragmentado. A Aliança Democrática (AD), de centro-direita, liderada por Luís Montenegro, emergiu como a força dominante no Parlamento, apesar de não ter alcançado a maioria absoluta. A Aliança Democrática (AD) obteve 29,54% dos votos, enquanto o Partido Socialista (PS) alcançou 28,66%1. Esses resultados refletem uma disputa acirrada e indicam um cenário político bastante fragmentado, onde a formação de um governo estável depende de negociações e alianças potencialmente voláteis.

O CHEGA, conseguiu um crescimento expressivo, obtendo 18% dos votos e aumentando sua representação no Parlamento. Esse avanço pode ser interpretado como um sinal de descontentamento com os partidos tradicionais e uma resposta a questões sociais e econômicas não resolvidas. A narrativa do CHEGA, que inclui temas como a luta contra a corrupção, crítica à emigração e a união europeia, parece ter encontrado eco em uma parcela significativa dos lusitanos.

A presença reforçada da extrema-direita no Parlamento português impõe desafios para a governabilidade do país. A AD terá que navegar um ambiente político onde o apoio do CHEGA pode ser necessário para a formação de um governo, apesar das promessas pré-eleitorais de não aliança com a extrema-direita. Além disso, o crescimento do CHEGA pode ter implicações nas próximas eleições europeias, aumentando a representação da extrema-direita no Parlamento Europeu.

As eleições em Portugal são um reflexo do clima político atual, onde a polarização e o surgimento de novas forças políticas desafiam o status quo. O crescimento da extrema direita é um fenômeno que não pode ser ignorado.

Certo é que as eleições geraram um alerta em Portugal. O governo e a sociedade terão que lidar com questões como a integração europeia, a imigração e a crise econômica/social de uma maneira que responda às preocupações dos cidadãos sem comprometer os valores democráticos.

Bom final de semana apesar das chuvas. Se cuidem.

Filinto Branco - colunista político.

 

Por Jornal da República em 22/03/2024

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