ASSISTA: No Rio de Janeiro, Lula que Palestina livre e soberana e acusa Israel de Genocídio com: 'milhares de crianças mortas'

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar publicamente sobre a guerra de Israel na Faixa de Gaza, dias após a repercussão de uma entrevista em que ele comparou as ações militares israelenses no território palestino ao Holocausto contra judeus da 2ª Guerra Mundial. Ao discursar no lançamento do programa Petrobras Cultural, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (23), o presidente classificou o conflito militar como genocídio e responsabilizou o governo de Israel pela matança que já vitimou cerca de 30 mil civis, principalmente mulheres e crianças palestinas.    

"Quero dizer para vocês, agora, eu não troco a minha dignidade pela falsidade. Quero dizer a vocês que sou favorável à criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa, esse Estado Palestino, viver em harmonia com o Estado de Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças", afirmou o presidente.

"Não tentem interpretar a entrevista que eu dei na Etiópia, leia a entrevista ao invés de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel. São milhares de crianças mortas e desaparecidas. E não está morrendo soldado, estão morrendo mulheres e crianças dentro de hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio", prosseguiu Lula, fazendo referência à declaração concedida no último domingo (18), em Adis Abeba, na Etiópia, quando comparou a ação de Israel em Gaza ao que Adolf Hitler tinha promovido contra os judeus na 2ª Guerra Mundial.

Na ocasião, o comentário fez o governo de Israel declarar Lula persona non grata no país. Em resposta, o governo brasileiro convocou de volta ao país o embaixador em Tel Aviv “para consultas”. Além disso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou o chanceler do governo israelense, Israel Katz, por declarações dadas nos últimos dias sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Hipocrisia

O presidente ainda afirmou que o governo brasileiro trabalha para uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que inclua representações permanentes de países da América Latina, da África, da Índia e outras nações. Ele ainda criticou os vetos do governo dos Estados Unidos às resoluções da ONU para um cessar-fogo em Gaza e, sem citar nomes, chamou de "hipócrita" a classe política pela inação diante dos conflitos em curso.  

"Somente quando a gente tiver um conselho [de segurança] da ONU democrático, com mais representação política, e somente quando a classe política deixar de ser hipócrita, somente quando ela encarar as verdades. Não é possível que as pessoas não compreendam o que está acontecendo em Gaza. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade com milhões de crianças que vão dormir todo santo dia com fome, porque não têm um copo de leite, apesar do mundo produzir alimento em excesso", afirmou.

O presidente apelou por mais política para a solução de guerras. "É importante que as pessoas saibam enquanto é tempo de saber. Nós precisamos ter consciência que o que existe no mundo hoje é muita hipocrisia e pouca política. A gente não pode aceitar guerra na Ucrânia, como não pode aceitar a guerra em Gaza, como não pode aceitar nenhuma guerra", concluiu.

Lula diz que nunca vai deixar de defender a Palestina e acusa Israel de Genocídio novamente: 

"E quero dizer para vocês que eu sou favorável à criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa, esse Estado Palestino, viver em harmonia com o Estado de Israel. E quero dizer mais: o que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças. Não tentem interpretar a entrevista que eu dei na Etiópia, leia a entrevista. Leia a entrevista, ao invés de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel. O que está acontecendo em Israel é um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares de desaparecidas. E não está morrendo soldado, estão morrendo mulheres e crianças dentro do hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio. Eu quero dizer para vocês que vocês sabem que nós, aqui no Brasil, andamos brigando muito para que a gente tenha uma reforma no Conselho de Segurança da ONU. Para que ele possa representar o mundo, no século 21, e não representar o mundo de 1945, 1946, 1947 ou 1948. O Conselho de Segurança da ONU, hoje, não representa nada. Não toma decisão para nada e não faz paz em nada. Recentemente, teve uma proposta proposta pelo ministro Mauro Vieira que teve 12 votos favoráveis, duas abstenções e um voto contra, dos Estados Unidos que, depois de votar contra, ele, simplesmente, vetou. Porque tem o direito do veto para os cinco grandes que são membros. Ontem foi aprovado outra decisão, que teve 13 votos a favor, 1 voto contra e uma abstenção. Voto contra dos Estados Unidos. E ele vetou a proposta. Então uma coisa que ganha por 13 a 1, tem um veto, porque a lógica da ONU não é agir de forma democrática.

Então, o Brasil está brigando para que o Conselho de Segurança tenha países da África, tenha países da América Latina, tenha a Índia e tenha outros países. E, somente quando a gente tiver um Conselho da ONU democrático, com mais representação política e, somente quando a classe política deixar de ser hipócrita, somente quando ela tiver coragem de encarar as verdades, porque não é possível que as pessoas não compreendam o que está acontecendo em Gaza. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade com milhões de crianças que vão dormir, todo santo dia, com fome. Porque não tem um copo de leite, apesar do mundo produzir alimento em excesso. É importante que as pessoas saibam, enquanto é tempo de saber.

Nós precisamos ter consciência que o que existe no mundo hoje é muita hipocrisia e pouca política. E a gente não pode aceitar a guerra da Ucrânia, como não pode aceitar a guerra da Faixa de Gaza, como não pode aceitar nenhuma guerra. Esse país não tem contencioso, a gente gosta de paz. A gente gosta de cultura. A gente gosta de carnaval. A gente gosta de samba. A gente gosta de futebol. A gente gosta de ser alegre. É esse país que nós vamos construir.

Por isso, meus companheiros, obrigado. Que Deus abençoe vocês por ajudarem a gente a manter de pé essa extraordinária empresa chamada Petrobras do povo brasileiro. Um abraço."

Por Jornal da República em 24/02/2024
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