Autoridade!, autoridade!, grita o prefeito sem nenhuma

Autoridade!, autoridade!, grita o prefeito sem nenhuma

Por Jaime Fusco

No dia de ontem, 29/01, o Prefeito do Rio, que goza de seu quarto mandato eletivo, Eduardo Paes, usou suas Redes Sociais para postar um vídeo em que utiliza de uma carta assinada pelo Policial, aposentado, presidente da Coligação dos Policiais Civis do Rio de Janeiro (COLPOL) para exemplificar aos seus seguidores como é, em transcrição não literal de suas palavras “complexo falar de combate à criminalidade e políticas de segurança pública, sob o prisma da prefeitura”. Nesta carta, o Presidente da COLPOL, novamente, um policial aposentado, solicitava à prefeitura, que esta i) retirasse as barricadas de uma localidade; ii) realizasse estudos e identificasse possíveis soluções para a segurança e mobilidade nesta localidade; e iii) intensificasse o monitoramento de novas ocorrências parecidas na região.

Como resposta à carta, escrita em tom amigável, que apenas solicitava serviços que, com a máxima vênia ao Prefeito do Rio, são de competência da prefeitura, o Prefeito enviou o subprefeito da região ao local, que afirmou nada poder fazer; bem como postou um vídeo em que, para os seus mais de 780 mil seguidores no Instagram e mais de 760 mil seguidores no X, antigo Twitter, ataca à instituição.

Curioso o fato, já que em seu terceiro mandato, principalmente no começo, o Prefeito se gabava de postar em suas redes as ações, corretas, da prefeitura desapropriando construções irregulares – informando (e fazendo campanha de suas ações) estar agindo contra o crime organizado. Nesta época, quando ainda não estava numa briga política contra o Governo do estado no que tange a segurança pública – em que cada um joga para o lado de lá, como crianças, a responsabilidade dos alarmantes índices que nossa cidade, infelizmente, possui –, aparentemente, a prefeitura podia cumprir seu papel.

Importante esclarecer para o povo carioca, que, diferentemente do que deu a entender o Prefeito de nossa cidade, a COLPOL não é um órgão da Polícia, ou um aparato fascista que, por congregar policiais, sai por aí ao arrepio da Lei fazendo valer de sua possibilidade de estar armada para fazer valer suas vontades. É, na realidade, uma congregação em que possui muitos policiais civis, (frise-se, policiais estes que, como bem sabe o mandatário que já está em seu quarto mandato, não são a polícia responsável pelo policiamento ostensivo) aposentados.

A negativa de atuação, pela justificativa, ao menos nos vídeos publicados nas redes sociais pelo Prefeito, se deu pela existência de homens armados fazendo a guarda da dita barricada. Conforme já mencionamos, isso, antes de haver uma briga política entre prefeitura e Governo do estado, jamais impediu a prefeitura de agir, quando se há interesse, e cumprir seus preceitos Constitucionais de zeladoria da cidade e limpeza de obstruções às vias. Não informou, o Prefeito, se este tentou algum contato com órgãos de segurança do Governo do estado para que estes prestassem algum auxílio – fazendo o que foi a segunda solicitação feita na carta da COLPOL.

Ao contrário, preferiu agir contra a instituição, expondo até mesmo o nome de seu presidente, dando a entender que esta teria algum tipo de poder paramilitar tão somente por ter, em seu quadro, membros que fazem ou já fizeram parte do nosso corpo de segurança. Incitando seus seguidores não somente à ridicularizar a política de segurança pública do estado que, na opinião do Prefeito, é fraca, mas, também, a Coligação que, naquele momento, estava solicitando à prefeitura que esta agisse de acordo com o que preconiza nossa Constituição.

Fato é que se esta barricada estivesse ocorrendo no coração da Cruzada, comunidade situada ao lado do Shopping Leblon, impedindo a passagem de seus transeuntes, não seria necessária qualquer carta de qualquer Coligação ou pessoa. Isto porque a prefeitura prontamente iria se dispor a i) retirar; caso não fosse possível, ii) ver meios que possibilitassem a retirada; e iii) monitorar a região para impossibilitar novas incorrências parecidas. Tudo isso sem vídeo expondo e ridicularizando os moradores da região que seriam beneficiados pelo exercício, da prefeitura, de seu papel.

Tal vídeo, e é isto que este artigo tenta trazer à baila, expõe muito mais que um desrespeito à COLPOL por parte da prefeitura. Expõe, antes de tudo, que há áreas que estão sob vigilância e interesse político da prefeitura – como a favela da Rocinha e a Feira de Acari que, mesmo sendo áreas ditas deflagradas, a prefeitura exerce seu papel –, e áreas que estão completamente abandonadas que, se pedirem auxílio àquele que votaram e que diz aos quatro ventos amar ser Prefeito da nossa cidade maravilhosa, não serão apenas deixadas ao léu, como correrão risco de serem ridicularizadas por acreditar que o “Prefeito que tem amor pelo Rio” os ama também. Nestas localidades, pelo que expõe o próprio prefeito, é melhor recorrer a práticas fascistas ou ao poder paralelo. Não nos surpreende que as milícias tenham crescido tanto em seus primeiros dois mandatos, tirando a autoridade do prefeito que, nessas áreas, não quer ter nenhuma.

Por Gestão, Governança e Empreendedorismo em 31/01/2025
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