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O processo histórico de formação do município de Nova Iguaçu, antes das emancipações, teve início como a sua fundação que ocorreu no ano de 1833.
O nome faz referência ao rio Iguassú usado como rota de escoamento da produção, que contribuiu para o desenvolvimento de várias atividades econômicas na região. Atualmente, integra a Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Nova Iguaçu teve seu processo de formação econômica alicerçado no sistema agrícola destinados à exportação e foi beneficiada por sua localização geográfica, que é relativamente próximo à cidade do Rio de Janeiro, antiga capital federal.
A condição histórica de destaque da cidade do Rio de Janeiro que, além de ser o centro político, econômico e cultural, estava dotada dos melhores serviços e infraestruturas, além de ser o principal entreposto de escoamento da produção de mercadorias durante o ciclo do café do Vale do Paraíba, o que trouxe significativos benefícios para as cidades localizadas em seu em torno que contribuiu para o entendimento do significativo desenvolvimento econômico e social das localidades próximas, como aconteceu no caso dos municípios que compõem a Baixada Fluminense em relação à cidade do Rio de Janeiro. Possuindo intensa relação econômica com a capital, a Baixada Fluminense foi acometida pelas consequências tanto positivas quanto negativas, dos fenômenos sociais que ocorriam na antiga capital federal.
Há registros que comprovam que a região da atual Baixada Fluminense era ocupada por índios antes da chegada dos portugueses e do consequente processo de colonização. Contudo, o processo de ocupação mais direta e intensa, teve início no ano de 1565, com a doação da sesmaria feita por Estácio de Sá, localizada às margens do rio Iguassú, ao primeiro ouvidor-geral do Rio de Janeiro, Cristóvão Monteiro, pelo mesmo ter se destacado durante a luta de expulsão dos franceses do Rio de Janeiro.
Passado alguns anos, o ouvidor-geral veio a falecer e sua viúva, sem saber como administrar as terras e encontrando dificuldades em mantê-las, doou ao Mosteiro de São Bento, passando as terras para administração dos monges A partir deste fato, os beneditinos foram gradativamente adquirindo outras propriedades no entorno da região, aumentando suas terras. Dessa forma os beneditinos constituíram uma das maiores e mais antigas fazendas no Brasil, que estava sob domínio da Igreja Católica.
A Fazenda Iguassú, assim denominada, passou em 1719, a categoria de freguesia (distrito) curada (referente à Igreja Católica, sob os cuidados de um Cura, ou padre), passando a ser chamada de Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Iguassú, denominação conferida pela Igreja. Os melhoramentos introduzidos pela mesma foram reconhecidos pelas autoridades coloniais, que iniciaram a ampliação dos recursos investidos na área ocupada, que possuía um grande potencial econômico.
Às vias de circulação foram a base para a consolidação da ocupação e também do posterior processo de urbanização da Vila de Iguassú. A denominação de vila foi conferida a partir da junção das freguesias de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu, Santo Antônio de Jacutinga, Nossa Senhora do Pilar, São João de Meriti e Nossa Senhora da Conceição do Marapicu, que, consolidou o processo de formação da Baixada da Guanabara.
Geograficamente a Baixada Fluminense corresponderia à região e planícies que se estendem entre o litoral e a Serra do Mar, indo do município de Campos, no extremo norte, até o de Itaguaí, próximo à cidade do Rio de Janeiro. Outro conceito geográfico também recorrente é o de Baixada ou Recôncavo da Guanabara, restrito à região do entorno da Baía da Guanabara, indo de Cachoeira de Macacu a Itaguaí.
A presença de extensas áreas de topografia plana ou suave, propícia à atividade e à instalação humana, a inexistência de relevos impedindo as comunicações terrestres entre o núcleo inicial e principal da metrópole e seu recôncavo são alguns dos elementos que possibilitam a expansão da cidade em direção à Baixada da Guanabara.
Mediante a proximidade com a área central e a facilidade para o estabelecimento de relações de trocas comerciais favorecidas pelos elementos geográficos, a Vila de Iguassú contribuiu historicamente com a produção dos cultivos de cana-de-açúcar, o café e a laranja, sendo este último produzido em grande escala.
Estes foram responsáveis pela manutenção do sistema econômico predominante à época que era fundamentado na produção de gêneros agrícolas para exportação. Com destaque para a produção de gêneros agrícolas destinados ao abastecimento do mercado interno, ou seja, os produtos destinados à subsistência, como: o aipim, o milho, o feijão, entre outros.
O processo de decadência da cana-de-açúcar foi intensificado pelo rompimento do monopólio obtido por Portugal para a produção açucareira nas Antilhas que contribuiu para que esta cultura não conseguisse a produtividade suficiente para enfrentar a crescente concorrência internacional, situação agravada pelo pouco desenvolvimento tecnológico aplicado à produção dos engenhos, além da frágil estrutura colonial que vigorava a época.
Com a decadência da cana-de-açúcar era importante que o governo incentivasse a substituição deste gênero agrícola por outro que estivesse ganhando visibilidade no mercado internacional e possuísse condições ótimas de cultivo. A plantação de café necessitava de terras conservadas e foi realizada em áreas onde não havia ocorrido plantação de cana-de-açúcar, pois o objetivo era aproveitar as plenas condições das terras que estivessem em repouso ou não tivessem sido usadas por uma monocultura anterior. A ocorrência de cultivo do café nas vilas de Tinguá e Estrela, todavia, este não obteve relevante projeção econômica na região da Baixada Fluminense.
Depois de um longo período o ciclo do café entrava em declínio e, mais uma vez coube ao governo incentivar a implantação de culturas alternativas que substituíssem a anterior e continuassem mantendo os padrões de exportação e, consequentemente, a balança comercial favorável. Tem início o incentivo a produção em larga escala da citricultura, especificamente, da laranja.
A citricultura encontrou na Baixada Fluminense relevo plano e fácil ligação por meios de transpote com outras áreas, adequados para a produção e circulação dos gêneros agrícolas pelas vias terrestres, além da região oferecer clima e solo favoráveis ao cultivo da laranja. As infraestruturas não eram suficientes, todavia, investimentos modestos aliados à terras de boa qualidade, estradas, rios, mão de obra, além de provável lucratividade, o resultado seria atração de investimentos.
As infraestruturas eram pouco desenvolvidas e pouco expandidas, porém possuíam grande importância no contexto da promoção do crescimento desse território. A rentabilidade proveniente da citricultura impulsionou o poder público a ampliar os investimentos em infraestruturas como, por exemplo, construção de novas estradas e melhorias para as já existentes, com a finalidade de beneficiar o escoamento da produção, facilitando a circulação e atraindo a população.
Durante o período de destaque na produção de laranja, a população do município de Nova Iguaçu teve um crescimento de 423% entre as décadas de 1920 e 1940. Em 1920 o município contabilizava aproximadamente 33.396 habitantes, em duas décadas a população aumentou para 140.606 habitantes. O final da década de 1940 também foi marcado pelo início da decadência do ciclo da laranja. O principal fator que desencadeou no declínio desta cultura foi a situação de crise econômica consequência da Segunda Guerra Mundial, na qual se encontravam os principais países consumidores.
Destacar que no início do cultivo da laranja às áreas ocupadas foram aquelas mais próximas do centro de Nova Iguaçu, antes das emancipações, a área plantada ocupava as encostas da Serra de Madureira e às proximidades da estação de trem. A fragmentação territorial correspondente às primeiras emancipações sofridas pelo município que possuía grande dimensão abrangendo até 1943 o município de Duque de Caxias, entre outros.
Esses desdobramentos municipais,foram extremante complexos e os registros oficiais não revelam com clareza todo esse processo.
A laranja revolucionou a estrutura social de Nova Iguaçu sem mudar suas características rurais. O fenômeno social nascido dos laranjais conservou, por muito tempo, sua autonomia, sua independência política marcada pela influência econômica dos laranjeiros que constituíam uma classe sucedânea à dos barões da cana e do café.
Nesse sentido, o ciclo da laranja foi importante responsável pela dinamização e modificação das estruturas econômicas, políticas e sociais do município, que permaneceria rural e conservaria durante longo tempo as características, políticas e sociais predominantes no ciclo do café. Sendo assim, a estratificação social e a ocupação oriundas do ciclo do café, além de atrair investimentos, reforçou o poder público, gestão, planejamento e organização da cidade.
Texto: Arinos Monge
Fonte: Google.
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