Barroso: “Ódio, mentira, agressividade, grosseria, ameaças e insultos são derrotas do espírito”

Segundo presidente do TSE, debate público com desinformação é antidemocrático e em sua avaliação é parte da estratégia daqueles que querem tumultuar as eleições com ataques às instituições

DA REDAÇÃO - Para bom entendedor pingo é letra. Durante a sessão de abertura do semestre do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que manchar debate público com desinformação é um ato antidemocrático, em clara referência aos ataques sistemáticos desferidos pelo presidente da República Jair Bolsonaro (Sem partido).

"A ameaça à realização de eleições é uma conduta antidemocrática. Suprimir direitos é antidemocrática. Conspurcar o debate público com desinformação, mentiras, ódio e teorias conspiratórias é conduta antidemocrática. Há coisas erradas acontecendo no país e precisamos estar alertas. Nós já superamos os ciclos institucionais, mas há retardatários que querem voltar ao passado", disse Barroso.

Na avaliação do magistrado, parte da estratégia daqueles que querem tumultuar as eleições é baseada em ataques às instituições, inclusive as eleitorais, que, segundo ele, garantem um processo legítimo.

Nos últimos dias, Barroso foi atacado pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) em duas oportunidades. Em discurso aos manifestantes pró-voto impresso em Brasília e em solenidade que marcou o lançamento de programa do Ministério da Cidadania, o chefe do Executivo federal criticou o presidente do TSE por comparecer ao parlamento para tentar barrar o avanço do voto impresso.

Diante disso, o magistrado ressaltou que foi convidado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), para comparecer ao debate com parlamentares.

"Há a alegação de que o TSE interferiu no Congresso. Digo que fui lá após convite insistente dos parlamentares. Arthur Lira me convidou pessoalmente. Fui muito bem-recebido. O parlamento dignifica a democracia. Participamos de um debate franco, honesto, de pessoas que querem o melhor e não pessoas que estão preocupadas com argumentos se perderem as eleições", rebateu.

"Sobre as ofensas direcionadas a mim, tratei com indiferença possível. Escolhi ser um agente do processo civilizatório. Se eu parar para bater boca, me igualo a tudo que quero transformar. Ódio, mentira, agressividade, grosseria, ameaças e insultos são derrotas do espírito. O universo me deu a benção de não cultivar esses pensamentos", concluiu

Por Jornal da República em 02/08/2021
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