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O governo norte-americano declarou nesta quinta-feira (07/12) que o país vai responder com "fortes medidas econômicas" em caso de escalada militar na Ucrânia por parte da Rússia, após cúpula virtual entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Joe Biden. O governo russo, por sua vez, acusou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de fazer "tentativas perigosas" para assumir controle da Ucrânia.
O teor exato das conversas - que duraram cerca de duas horas - não haviam sido divulgadas inicialmente. Logo depois, no entanto, a Casa Branca liberou um comunicado em que afirma que Biden expressou "preocupações'' com a situação da fronteira entre a Rússia e a Ucrânia.
"Biden expressou as profundas preocupações dos Estados Unidos e de nossos aliados europeus sobre a escalada das forças russas ao redor da Ucrânia e deixou claro que os EUA e seus parceiros responderão com fortes medidas econômicas e de outros gêneros em caso de escalada militar", diz a nota.
De acordo com o comunicado, o presidente norte-americano reiterou o seu apoio à soberania ucraniana e à sua integridade territorial e pediu uma redução da escalada e um regresso à diplomacia. Além disso, Biden e Putin "encarregaram suas equipes de fazer o acompanhamento, e os Estados Unidos farão isso em estreita coordenação com aliados e parceiros".
Por fim, o governo norte-americano informou que os presidentes também discutiram a relação EUA-Rússia, estabilidade estratégica, além do trabalho conjunto em questões regionais como o Irã e tiveram um diálogo separado sobre cibercrimes como o ransomware - um tipo de software feito para causar danos a um computador, que restringe acesso a um determinado sistema “infectado”, e cobra um resgate em criptomoedas para que o acesso possa ser restabelecido.
Lado da Rússia
O Kremlin, por sua vez, disse que a reunião foi "franca e profissional" e se concentrou na implementação dos resultados da cúpula presencial dos dois líderes em Genebra, Suíça, em junho. O presidente Putin afirmou, segundo a Sputnik News, que a Rússia está "seriamente" interessada em obter garantias confiáveis de que a Otan não se expandirá mais para o leste
O mandatário ainda acusou a Otan de fazer tentativas perigosas de assumir o controle da Ucrânia e de construir infraestrutura perto das fronteiras do território russo. Ele disse a Biden que seria errado colocar toda a responsabilidade sobre os ombros da Rússia pelas atuais tensões entre as duas nações.
Biden e Putin se falaram por meio de um link de vídeo seguro, nunca usado antes, de acordo com a agência de notícias russa Tass. Ainda segundo a publicação, na abertura da cúpula, os dois líderes expressaram saudações amigáveis. Biden disse a Putin que estava "feliz por voltar a vê-lo" e demonstrou sua disposição de "se encontrar pessoalmente" com o russo na próxima cúpula do G20.
Na sequência, as negociações continuaram a portas fechadas. Putin estava em seu escritório presidencial localizado em Sochi, no sul do país.
Reunião entre Biden e Putin
A reunião entre os dois líderes foi solicitada por conta do aumento nos temores de uma invasão russa ao território ucraniano, já que ocorre um aumento da presença de soldados de Moscou na região há meses. Os russos afirmam que as forças da Otan estão se expandindo cada vez mais para áreas controladas pela Rússia.
Uma fonte da Casa Branca disse que, agora, Biden entrará em contato com os líderes da Alemanha, França, Itália e Reino Unido, já que todos formaram uma estratégia conjunta "para impor danos significativos e graves à economia russa" caso a Rússia inicie uma invasão.
Mais cedo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também havia enviado uma ameaça à Rússia ao dizer que a "União Europeia responderá de maneira apropriada em caso de nova agressão, de violações do direito internacional e de qualquer ação dolosa contra nós ou algum dos nossos vizinhos, incluindo a Ucrânia".
A posição russa, reforçada por Putin no diálogo com o mandatário norte-americano nesta terça, diante das acusações, é afirmar que é direito soberano do país em movimentar as tropas dentro de suas fronteiras.
"Rússia não é uma ameaça para nenhum país. A implantação de tropas russas no território nacional é nosso direito soberano que não diz respeito a mais ninguém. São a Otan e seus Estados-membros que estão deslocando imprudentemente as suas forças e infraestruturas militares para as fronteiras russas", escreveu a embaixada russa no Facebook no último sábado (04/12).
O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, também afirmou que o país "não tem nenhuma intenção de atacar ninguém", mas têm as suas "próprias preocupações e linhas vermelhas".
Antes da reunião virtual entre os líderes acontecer, Peskov chegou a definir as relações dos países como "deploráveis". "Será ainda necessário discutir o que está sendo feito para implementar as decisões firmadas em Genebra [citando a reunião bilateral realizada em 16 de junho] e o que precisa de esforços. Naturalmente, isso afeta as relações bilaterais, as quais continuam em condições deploráveis", disse.
Biden e Putin se encontraram pela última vez na Suíça em junho, mas fizeram poucos progressos além de concordar em enviar seus embaixadores de volta, depois de eles terem sido chamados para voltar às suas bases como retaliação diplomática, e iniciar um diálogo sobre o controle de armas nucleares.
(*) Com Ansa e Sputnik News.
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