Bilhões do povo brasileiro são destinados sem transparência para destinos desconhecidos, segundo Flávio Dino

Bilhões do povo brasileiro são destinados sem transparência para destinos desconhecidos, segundo Flávio Dino

Após meses de impasse entre Executivo, Legislativo e Judiciário, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a retomada do pagamento de emendas parlamentares. Contudo, a liberação está condicionada ao cumprimento de novas regras rigorosas para assegurar maior transparência e controle sobre os recursos públicos, destinados a projetos e obras por meio do orçamento federal.

Uma crise de opacidade e descontrole

Desde 2019, houve um crescimento explosivo no volume de emendas parlamentares, muitas vezes executadas sem informações claras sobre origem e destinação. Segundo Flávio Dino, bilhões de reais do orçamento nacional foram alocados de forma inconstitucional, com informações indisponíveis em plataformas de transparência como o Portal da Transparência.

“Temos uma gravíssima situação em que bilhões do Orçamento da Nação tiveram origem e destino incertos e não sabidos”, afirmou Dino em sua decisão. Ele apontou que essa prática criou um desarranjo institucional sem precedentes.

As novas regras para cada modalidade de emenda

O ministro detalhou os critérios que agora devem ser seguidos para a liberação dos recursos:

  • Emendas de relator (RP9): Popularmente conhecidas como "orçamento secreto", poderão ser pagas somente se houver identificação explícita do congressista responsável. O Executivo ficará encarregado de validar a transparência antes de liberar os pagamentos.
  • Emendas Pix: A partir de 2025, será obrigatório apresentar um plano de trabalho prévio para novas indicações. Para emendas já existentes, o prazo para adequação é de 60 dias.
  • Emendas de bancada: Destinadas a grandes projetos, deverão ser decididas em conjunto pelos parlamentares, sem possibilidade de fragmentação. A Controladoria-Geral da União (CGU) fará uma auditoria em 2025.
  • Emendas destinadas a ONGs: Só serão liberadas se as entidades publicarem na internet todos os detalhes sobre os recursos recebidos.
  • Emendas para a saúde: Devem ser aprovadas em comissões bipartite e tripartite do Sistema Único de Saúde (SUS).

Limite para crescimento dos gastos

Além das regras de transparência, Dino impôs um limite para o crescimento das despesas com emendas. A partir de 2025, será adotado o menor valor entre três parâmetros: arcabouço fiscal, variação da Receita Corrente Líquida (RCL) ou o limite de despesas discricionárias do Executivo. A decisão é uma resposta ao aumento exponencial desses gastos, que atingiram cifras alarmantes nos últimos anos.

O futuro do orçamento público

A decisão de Dino busca mitigar os impactos de anos de descontrole sobre o orçamento, ao mesmo tempo em que tenta restabelecer a confiança na gestão dos recursos públicos. Com essas novas medidas, espera-se que o dinheiro do contribuinte seja aplicado com maior clareza e responsabilidade, colocando fim a práticas que há anos vinham alimentando críticas sobre a falta de transparência nas emendas parlamentares.

Embora as mudanças representem um avanço, o cumprimento efetivo das novas regras será decisivo para garantir que o orçamento público seja, de fato, destinado a beneficiar a sociedade.

 

Fonte: Brasil247

Por Jornal da República em 02/12/2024
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