Bolsonaro: “É muito fácil impor uma ditadura no Brasil”

Em evento em Santa Catarina, logo após xingar de “filho da puta” Luís Roberto Barroso, ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, presidente faz declaração de seu único projeto para o país

Bolsonaro: “É muito fácil impor uma ditadura no Brasil”

Cada vez mais desrespeitoso com os protocolos e a liturgia do cargo que exerce, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer nesta sexta-feira (6) que seria fácil impor uma ditadura no Brasil. A declaração foi dada em meio a escalada de tensões do Planalto com o Poder Judiciário em razão dos ataques do mandatário à Justiça Eleitoral. “A gente vê em municípios, guardas desarmados, mantendo todo mundo dentro de casa. Como é fácil impor uma ditadura no Brasil”, disse Bolsonaro em evento em Santa Catarina. “Imagina eu, com as Forças Armadas na mão?”, completou, assista abaixo.

Apesar de soar como nova ameaça, essa não é a primeira vez que o presidente dá essa declaração. Em março, logo após o ex-presidente Lula se tornar elegível novamente e fazer discurso histórico em São Bernardo do Campo, o mandatário lançou a mesma frase: “é fácil impor uma ditadura no Brasil”.

Em palestra em 2018, Eduardo Bolsonaro, o filho 02, declarou que para fechar o STF bastaria um jipe, um cabo e um soldado escancarando o DNA ditatorial e golpista da família.

Ataques e reações dos tribunais
Pouco antes do evento desta sexta, Bolsonaro chamou o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, de “filho da puta”, assista aqui.

O presidente tem “esticado a corda” contra o STF nas últimas semanas em sua campanha golpista contra o sistema eleitoral. Bolsonaro vem fazendo insinuações contra a apuração e disparando ataques contra Barroso e Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news.

Inquéritos contra Bolsonaro
Na semana passada, Bolsonaro promoveu uma live contra as urnas eletrônicas sem apresentar prova alguma com o único objetivo de espalhar boatos e difamar a Justiça Eleitoral. Os ministros do TSE, por unanimidade, então, decidiram acionar o STF para incluir a live no inquérito das fake news, relatado por Moraes – que atendeu ao pedido na quarta.

Por conta disso, Bolsonaro passou a ser investigado no âmbito criminal pela Corte e, após a conclusão da apuração, o pode então se tornar inelegível.

Além de acionar o STF, o TSE decidiu ainda que vai abrir uma investigação própria contra o presidente por conta da live contra as urnas.

O plenário do TSE atendeu a um pedido do corregedor-geral do TSE, Luis Felipe Salomão, e determinou a abertura de um inquérito administrativo para “apurar fatos que possam configurar abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos, propaganda extemporânea, relativamente aos ataques ao sistema eletrônico de votação e à legitimidade das Eleições de 2022”.

O presidente do STF, ministro Luiz Fux, também reagiu e subiu o tom contra o presidente. Na quinta, o magistrado anunciou o cancelamento de reunião que aconteceria entre os chefes dos Três Poderes brasileiros (Executivo, Legislativo e Judiciário). (Com informações da RevistaFórum e Estado de Minas)

Leia ainda: Seguindo receita soviética, Bolsonaro prepara exibição de tanques em frente ao Planalto

Bolsonaro não quer Exército nos quartéis

6300 militares da ativa e da reserva em cargos civis no governo

Militares são o maior custo da Previdência

Leia Também:

Corrupção: Fraude em licitações das Forças Armadas no Rio de Janeiro para beneficiar ex-militares

Escola “SEM PARTIDO” e Exército “COM PARTIDO”

O Capitão desafia Generais

 

Por Jornal da República em 06/08/2021
Aguarde..