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DA REDAÇÃO - Cada um à sua maneira, os chefes dos poderes Legislativo e Judiciário deram o mesmo recado ao presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro (sem partido), que insiste em tensionar os poderes para seguir em sua escalada autoritária rumo ao seu sonhado fechamento do regime. Os três exortaram o chefe do executivo a tratar os problemas reais do país como a alta da gasolina, do dólar, inflação, a fome e o desemprego.
O primeiro a se pronunciar foi o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP- AL), que embora tenha mantido a prudência que ‘cabe’ a um cacique do Centrão que está em posição privilegiada no que diz respeito ao acesso aos recursos do executivo, não conseguiu conter sua insatisfação com o total desprezo de Jair Bolsonaro pela harmonia entre os poderes.
“É hora de dar um basta a bravatas a essa escalada em um infinito loop negativo, Bravatas em redes sociais deixaram de ser elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade”, disse.
No momento de maior irritação, o presidente da Câmara afirmou que não admite questionamentos sobre decisões já tomadas — como o voto impresso — onde o presidente da República faltou com a palavra ao não cumprir o acordado com Lira, quando disse que respeitaria a decisão do plenário da Câmara, mas em seu show de horrores do Dia 7, voltou a criticar o voto eletrônico e disse que não participaria de uma farsa.
“Os Poderes têm delimitações. Não posso admitir questionamentos por decisões tomadas e superadas como o voto impresso”, pontuou visivelmente irritado para emendar.
“Nossa Constituição jamais será rasgada!”
O segundo a se pronunciar foi Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal, que foi o poder mais atacado por Bolsonaro em seu ‘Super Cercadinho’ do Dia 7 de setembro, quando desfilou para o Brasil e para o mundo sua completa incapacidade de gerir o país.
“Ninguém! Ninguém fechará esta Corte! Nós a manteremos de pé, com suor, perseverança e coragem. No exercício de seu papel, o Supremo Tribunal Federal não se cansará de pregar fidelidade à Constituição” afirmou enfático o presidente do STF.
Na sequência, Luiz Fux também disse que as ameaças de Bolsonaro, caso sejam concretizadas, configurarão crime.
“O Supremo Tribunal Federal também não tolerará ameaças à autoridade de suas decisões. Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa do chefe de qualquer dos Poderes, essa atitude, além de representar um atentado à democracia, configura crime de responsabilidade a ser analisado pelo Congresso Nacional”, reforçou.
Mais tarde quem soltou uma mensagem em vídeo gravado foi Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e do Congresso Nacional.
Polido como sempre, mas sem ser tão vaselina como Lira, Pacheco tocou no mesmo ponto que seus antecessores e também conclamou o chefe do executivo a sair do seu mundo de guerras imaginárias e enfrentar a realidade que assola e aflige o país.
“É uma crise real que nós vivemos e que nós temos que dar a solução a ela. Essa solução não está no autoritarismo, não está nos arroubos antidemocráticos, não está em questionar a democracia. A solução está na maturidade política dos poderes constituídos de se entenderem e de buscarem as convergências para aquilo que verdadeiramente interessa aos brasileiros”, advertiu o presidente do Senado.
Em seguida Pacheco afirmou que é fundamental para os Poderes “sentarem à mesa “, se organizarem e se respeitarem, cada um cumprindo seu papel. A harmonia, de acordo com Pacheco, vai significar a solução dos problemas do país e é em busca disso que se deve trabalhar.
“Repito: não é com excessos, não é com radicalismo, não é com o extremismo, mas sim com diálogo e com respeito à constituição que nós vamos conseguir resolver os problemas dos brasileiros. É isso que os eles esperam de Brasília e dos poderes constituídos” disse.
Após os atos de ontem e da fala de Bolsonaro, Pacheco decidiu cancelar as sessões deliberativas de Senado marcadas para hoje e amanhã (9), bem como as reuniões das comissões. Apenas a Comissão Temporária da Covid-19 funcionou nesta quarta-feira.
Quem também discursou na abertura dos trabalhos do Judiciário foi o Procurador-Gerral da República Augusto Aras, que chamou os atos golpistas do 7 de setembro de "festa cívica".
“Acompanhamos uma festa cívica, com manifestações pacíficas, que ocorreram de forma ordeira pelo Brasil. As manifestações de 7 de setembro foram plurais e abertas”, disse o PGR.
Já o presidente da República, único responsável pelo caos institucional, econômico, social e sanitário que o Brasil vive, se reuniu com todos os ministros discutindo a crise que ele próprio criou e pediu ideias e soluções sobre como agir contra o que ele entende ser inquéritos inconstitucionais conduzidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mais especificamente os sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes.
Pelo visto não adiantou o triplo chamado à realidade feito pelos chefes dos poderes porque Bolsonaro adora viver em seu ‘universo paralelo’, a Terra Plana em guerra eterna.
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