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A revista norte-americana The New Yorker publicou nesta segunda-feira (7) um extenso perfil sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacando sua atuação firme diante das ameaças à democracia no Brasil e sua crescente notoriedade internacional. A reportagem é assinada pelo jornalista Jon Lee Anderson, conhecido por perfis de figuras políticas influentes em cenários de instabilidade institucional.
Apresentado como um magistrado “combativo” e frequentemente descrito como “o segundo homem mais poderoso do Brasil”, Moraes é retratado como peça-chave no enfrentamento às tentativas de desestabilização democrática nos últimos anos. O texto destaca especialmente as decisões do ministro que determinaram o bloqueio de plataformas digitais como o X (antigo Twitter) e o Rumble, por descumprimento de ordens judiciais que visavam conter a disseminação de conteúdos extremistas.
As ações de Moraes têm provocado reações no cenário internacional, sobretudo entre setores ligados à direita norte-americana, próximos ao ex-presidente Donald Trump. Esses grupos acusam o magistrado de censura e abuso de poder. Nos Estados Unidos, parlamentares republicanos passaram a defender a imposição de sanções contra o ministro com base na Lei Global Magnitsky, que permite a punição de autoridades estrangeiras acusadas de violações aos direitos humanos.
Diante da possibilidade de sanções por parte do governo norte-americano, Moraes ironizou:
“Podem colocar o Trump para falar […], mas se eles mandarem um porta-aviões, aí a gente vê. Se o porta-aviões não chegar até o lago Paranoá, não vai influenciar a decisão aqui no Brasil.”
Bolsonaro fora do jogo eleitoral
A reportagem também aborda a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), destacando que, segundo Moraes, não há qualquer possibilidade de reversão das condenações impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro ressaltou que Bolsonaro foi declarado inelegível em dois processos distintos, cujas decisões foram confirmadas em instâncias superiores e agora tramitam no STF.
“É possível que Bolsonaro seja absolvido na ação criminal, porque o julgamento [da tentativa de golpe] está apenas começando. Mas ele tem duas condenações no TSE por inelegibilidade. Portanto, não há possibilidade de seu retorno, porque ambos os casos já foram objeto de recurso e agora tramitam no Supremo. Somente o STF poderia revertê-los, e não vejo a menor possibilidade de isso acontecer”, afirmou Moraes.
Eduardo Bolsonaro nos EUA e a pressão internacional
Outro ponto de destaque na matéria é a mudança de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos. O deputado federal e filho do ex-presidente pediu licença do mandato e passou a articular, junto a aliados do Partido Republicano, sanções contra Moraes. O deputado Rich McCormick, por exemplo, classificou a situação como “alarmante” e acusou o STF de sufocar a democracia brasileira.
“O fato de Eduardo Bolsonaro, o deputado mais votado da história do Brasil e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, ter sido forçado a buscar exílio nos Estados Unidos demonstra a alarmante deterioração da democracia no maior país da América do Sul”, declarou McCormick.
Em suas declarações, Eduardo Bolsonaro acusou Moraes de liderar uma “gestapo da Polícia Federal” e disse que atuaria para promover “justas punições” ao magistrado.
Judiciário sob ataque
A ofensiva contra Moraes é vista por analistas como uma tentativa da ala trumpista de influenciar os rumos da política brasileira, utilizando o discurso da “liberdade de expressão” para atacar decisões do STF que têm como objetivo combater a desinformação e o discurso de ódio. Moraes tem reafirmado a legalidade das medidas adotadas, ressaltando que todas obedecem à Constituição Federal e que o Judiciário brasileiro atua com independência e respeito às instituições democráticas.
A reportagem da New Yorker confere visibilidade global a esse embate e destaca o papel central do STF na manutenção do Estado de Direito no Brasil, especialmente em um contexto de polarização e ataques sistemáticos ao processo democrático.
Fonte: Brasil247
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