Bolsonaro na ONU: entrada pela porta dos fundos e pizza na rua por não ter se vacinado

Bolsonaro na ONU: entrada pela porta dos fundos e pizza na rua por não ter se vacinado

DA REDAÇÃO - A cena diz muito sobre o momento atual do Brasil.

O presidente da República de extrema-direita Jair Bolsonaro é o único entre os mais de 130 chefes de estado presentes na Assembleia Geral da ONU, que acontece em Nova York, que não se vacinou.

Bolsonaro foi recepcionado por manifestantes com os gritos populares em todo o mundo de “Fora Bolsonaro” e “Genocida”.

O ‘mito’ entrou pela porta dos fundos para evitar os manifestantes.

E tem mais.

Impedido de entrar em restaurantes de Nova York por não ter sido vacinado contra COVID-19, o chefe do executivo foi comer pizza em pé na rua com sua alegre comitiva com direito ao Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que vem se revelando, cada vez mais, uma espécie de Pazuello de jaleco, como bem definiu o senador Renan Calheiros, relator da CPI que vem demonstrando para o Brasil as escabrosas do governo com a política contra a vacina ao mesmo tempo que favorecia grupos que tentaram se beneficiar com a comercialização de vacinas.

Como em Nova York é proibido acessar estabelecimentos sem estar vacinado, o ‘presidente porta dos fundos’ teve comer na rua, mas a ‘narrativa’ para seus seguidores é que ele é 'um homem do povo que luta pela liberdade'.

Não é a primeira vez que o presidente opta por uma refeição mais informal em uma viagem internacional. Mas a escolha deste domingo chama especial atenção em decorrência da polêmica recente envolvendo a recusa de Bolsonaro em se vacinar contra a Covid-19 e as regras que exigem apresentação de comprovante de imunização para acessar uma série de estabelecimentos na cidade de Nova York.

A pizzaria escolhida por Bolsonaro não tem mesas internas. Os clientes fazem os pedidos no balcão e retiram os produtos para viagem. O grupo de autoridades brasileiras decidiu comer em pé, na calçada. Caso optassem por comer na parte interna de um restaurante, ficariam sujeitos às regras do decreto municipal que regulamenta a questão na cidade.

Mais cedo, um pequeno grupo de manifestantes aguardava a comitiva presidencial na frente do Hotel InterContinental New York Barclay, onde a delegação brasileira está hospedada, quando a assessoria informou, pouco antes das 19h, pelo horário de Brasília, que o presidente já se encontrava em seu quarto.

Segurando faixas em português em inglês com os dizeres “Stop Bolsonaro”, “You are not welcome here”, “Fora Bolsonaro, fora militares”, “Brasil, terra indígena”, as cerca de dez pessoas, a maioria brasileiros, também usaram um microfone para gritar palavras de ordem contra o mandatário.

A ativista Natália de Campos, que mora nos EUA há vinte anos e faz parte do Comitê Defend Democracy in Brazil, disse que a intenção é alertar o mundo sobre as questões que são alvo de ataques por parte do governo brasileiro, como direitos humanos, dos indígenas, dos negros e direitos trabalhistas.

Ela também lembrou o fato de Bolsonaro não ter se vacinado contra a Covid-19.

“É um absurdo ele não estar vacinado, participando de encontros em locais fechados, ameaçando a segurança dos funcionários, diplomatas, comitivas, não se importando com as diretivas da cidade e das outras organizações que fazem parte do evento”, disse.

A primeira agenda de Bolsonaro será nesta segunda-feira, quando o mandatário terá um encontro bilateral com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. Depois, participará de uma recepção oferecida pelo embaixador brasileiro na ONU.

Na terça-feira, Bolsonaro fará o discurso de abertura da 76ª Assembleia Geral, tradicionalmente feito pelo Brasil desde 1955. Na sexta-feira, o presidente disse a apoiadores que pretende apresentar em sua fala a "realidade do que é o nosso Brasil" e prometeu "verdades" em sua viagem aos Estados Unidos. Os encontros com o presidente polônês e o secretário-geral da ONU estão programados para antes do discurso.

O tema oficial da reunião da ONU é: “Construindo resiliência por meio da esperança — para se recuperar de Covid-19, reconstruir a sustentabilidade, responder às necessidades do planeta, respeitar os direitos das pessoas e revitalizar as Nações Unidas”.

Durante uma transmissão nas suas redes sociais na quinta-feira, o presidente antecipou que deverá abordar no seu discurso a questão do marco temporal para a demarcação de terras indígenas. O assunto está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF), que, na última quarta-feira, interrompeu o julgamento do tema após um pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. (Com informações do O Globo)

 

Por Jornal da República em 19/09/2021
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