Bolsonaro recebeu recado do advogado de Kid Preto que estratégia de culpa-los vai prejudicar a todos

  A estratégia de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, baseada na tese do "golpe do golpe", está provocando descontentamento e atritos entre os advogados de outros investigados na mesma apuração. Jeffrey Chiquini, representante do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, conhecido como “Kid Preto”, afirmou neste sábado (30), em entrevista ao UOL News , que essa abordagem está prejudicando os interesses de outras defesas e gerando confusão nas investigações.

"Eu não tenho contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro e sequer conversei com seu advogado. Fiz questão de não me comunicar com outras defesas ou investigados. Defendo uma única pessoa e não posso ser antiético. O advogado é a voz do cliente", destacou Chiquini, reforçando sua independência no caso.

O advogado criticou a tese de Bolsonaro por dar margem a interpretações que, segundo ele, podem comprometer a defesa de outros investigados. Ele ainda sugeriu, sem apresentar provas, que pode haver uma tentativa de sabotar as investigações e criminalizar as Forças Armadas.

“Pode estar havendo uma tentativa de desviar e atrapalhar a investigação, criminalizando as Forças Armadas. Contudo, pela minha experiência, estou convencido de que se há verdade na tentativa de golpe, trata-se de grupos isolados sem apoio institucional”, declarou.

Acusações contra Rodrigo Azevedo

Rodrigo Bezerra Azevedo foi preso pela Polícia Federal no Rio de Janeiro sob suspeita de participar do plano conhecido como "Punhal Verde e Amarelo", que teria como objetivo impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outras autoridades eleitas.

De acordo com Chiquini, as acusações contra seu cliente são frágeis e baseadas apenas no uso de um telefone celular. "O celular atribuído ao meu cliente foi acionado em Minas Gerais no dia 8 de janeiro, enquanto ele estava em serviço em Goiânia. Isso está documentado. A tentativa de vinculá-lo a esse trama não tem fundamento", afirmou.

Azevedo está sendo investigado junto com outros militares e agentes, como o policial federal Wladimir Matos Soares e o general da reserva Mário Fernandes. Segundo as acusações, o plano golpista visava “restringir o livre exercício da democracia e do Poder Judiciário”.

Conflito Entre Defesas

A estratégia de defesa de Bolsonaro, que tenta afastar a imagem do ex-presidente de qualquer planejamento golpista, já está gerando impactos negativos sobre outras defesas. Para Chiquini, esse movimento é preocupante e pode interferir diretamente na resposta e no direcionamento das investigações.

O caso segue em apuração pela Polícia Federal e por outras instituições, enquanto os advogados tentam desvincular seus clientes da trama. Até o momento, não há confirmação oficial de apoio institucional por parte das Forças Armadas aos planos investigados.

 

Fonte: Brasil247