Bolsonaro reúne 44.000 pessoas em ato na Paulista para tentar se livrar dos crimes que responde

Bolsonaro reúne 44.000 pessoas em ato na Paulista para tentar se livrar dos crimes que responde

A Avenida Paulista, no coração de São Paulo, foi palco neste domingo (6) de uma manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com foco na defesa da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília — ação considerada o maior atentado às instituições democráticas desde a redemocratização do país.

O ato reuniu aproximadamente 44,9 mil pessoas, de acordo com levantamento feito por pesquisadores da USP em parceria com o Cebrap e a ONG More in Common. A contagem foi realizada a partir de imagens aéreas capturadas por drones e analisadas por softwares de inteligência artificial, no pico da mobilização, às 15h44.

Além de Bolsonaro, o evento contou com a presença de diversos governadores: Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Junior (PR), Wilson Lima (AM), Ronaldo Caiado (GO), Mauro Mendes (MT) e Jorginho Mello (SC). Também estiveram presentes parlamentares, lideranças do PL e o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

A manifestação teve início por volta das 14h com uma oração conduzida pela deputada federal Priscila Costa (PL-CE), vice-presidente do PL Mulher. O evento foi marcado por discursos em defesa do projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados e propõe a anistia dos envolvidos nos atos golpistas. O vice-presidente da Casa, Altineu Côrtes (PL-RJ), destacou que há uma articulação em curso para levar a proposta ao plenário.

Entre as falas, houve ataques direcionados ao Supremo Tribunal Federal (STF), como no discurso do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que se referiu aos ministros como "ditadores de toga". A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também discursou e pediu uma "anistia humanitária", citando a cabeleireira Débora Rodrigues Santos, presa por pichar com batom a estátua da Justiça, em frente ao STF.

Com batons nas mãos — e até infláveis —, muitos manifestantes adotaram a cabeleireira como símbolo da mobilização. Ela é ré por pichação e também é acusada pela PGR de integrar o movimento golpista e de tentar obstruir investigações.

Bolsonaro discursou às 15h40, reiterando o pedido de anistia e voltando a atacar o STF e o presidente Lula. Ele exaltou realizações de seu governo, como a criação do PIX, e sugeriu que a derrota eleitoral em 2022 teria sido influenciada por pressões externas. “Algo me avisou”, disse, referindo-se à sua viagem aos EUA no final de 2022, dias antes de deixar a presidência. Segundo ele, se estivesse no país em 8 de janeiro, teria sido preso ou até “assassinado”.

Ele também comentou a situação do filho, Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos com a justificativa de sofrer perseguição política. O ex-presidente afirmou que o deputado mantém contato com "pessoas importantes do mundo todo", em busca de apoio internacional.

Durante o discurso, Bolsonaro criticou sua inelegibilidade, determinada pelo TSE em junho de 2023, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Ele afirmou que eleições em 2026 sem sua participação são “a negação da democracia”.

A manifestação ocorre em um momento em que o ex-presidente e sete aliados respondem como réus no STF por tentativa de golpe. A Corte aceitou a denúncia da PGR, que classificou o grupo como o “núcleo crucial” da tentativa de ruptura institucional.

Paralelamente, uma pesquisa divulgada neste domingo pela Quaest, encomendada pela Genial Investimentos, indica que a maioria da população brasileira (56%) se opõe à anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Apenas 34% se disseram a favor, e 10% não souberam ou preferiram não responder. A sondagem ouviu 2.004 pessoas entre 27 e 31 de março e tem margem de erro de dois pontos percentuais.

A manifestação na Paulista ocorre três semanas após outro evento semelhante no Rio de Janeiro, que reuniu cerca de 18,3 mil pessoas, segundo a mesma metodologia de contagem. O movimento sinaliza a tentativa de Bolsonaro de manter apoio político, mesmo diante de processos judiciais e da inelegibilidade.

 

Fonte: G1

Por Jornal da República em 07/04/2025

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