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Em uma entrevista explosiva ao programa Dando a Real, da EBC, o juiz federal Eduardo Appio, ex-responsável pela 13ª Vara Federal de Curitiba, fez revelações chocantes sobre o funcionamento interno da força-tarefa da Lava-Jato. Durante sua curta e conturbada passagem à frente dos processos mais emblemáticos da operação, Appio denunciou a existência de práticas que ele classificou como corrupção judicial, ocultação de provas e a gestão secreta de um montante bilionário em contas ocultas.
A “gestão bilionária secreta”
Entre as revelações mais alarmantes, Appio destacou a existência de uma conta bancária secreta, que teria acumulado R$ 5 bilhões, originados de acordos de leniência e multas pagas por empresas envolvidas na Lava-Jato. Segundo ele, o controle desses recursos esteve nas mãos de Sérgio Moro e sua sucessora, a juíza Gabriela Hardt, e deveria ter sido repassado à União, mas parte foi direcionada à Petrobras e transferida para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Appio afirmou que esse dinheiro foi gerido sem qualquer fiscalização e detalhou que a força-tarefa da Lava-Jato planejava criar uma fundação privada, controlada por seus próprios membros, para administrar os recursos, o que levantaria sérios questionamentos sobre a transparência e o destino final das verbas.
Espionagem e interceptações
Outro ponto central da entrevista foi a acusação de espionagem política. Eduardo Appio relatou ter encontrado diversas interceptações telefônicas sigilosas ao assumir a 13ª Vara, sugerindo que essas práticas de espionagem teriam sido utilizadas para fins políticos. Ele comparou a situação ao que ocorreu sob J. Edgar Hoover no FBI e afirmou que não teve tempo para investigar todas as irregularidades antes de ser removido do cargo.
Entre os episódios citados, Appio destacou a atuação de Tony Garcia, ex-deputado e informante de Moro, que teria gravado conversas com figuras influentes, sem que essas gravações fossem utilizadas oficialmente nos processos, levantando suspeitas de uso indevido.
O caso Tacla Duran
Tacla Duran, advogado e ex-representante da Odebrecht, também foi mencionado. Refugiado na Espanha, Duran já havia denunciado uma “indústria da delação” dentro da Lava-Jato, na qual advogados próximos a Moro supostamente exigiam valores milionários para fechar acordos. Appio afirmou ter tentado trazer Duran ao Brasil sob salvo-conduto para depor, mas uma ordem de prisão expedida pelo desembargador Marcelo Malucelli inviabilizou o depoimento. A ordem gerou polêmica devido ao suposto conflito de interesses, já que o filho de Malucelli seria sócio do escritório de Moro.
A remoção de Appio e suas consequências
Após quatro meses no comando da 13ª Vara, Eduardo Appio foi afastado de suas funções sem direito à ampla defesa, decisão que ele atribui à influência de Sérgio Moro e seus aliados no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. “Faria tudo de novo”, declarou Appio, deixando claro que, mesmo com as consequências profissionais, ele não se arrepende das suas ações em busca da verdade.
A entrevista de Eduardo Appio lança uma nova luz sobre os bastidores da Operação Lava-Jato, revelando um esquema de gestão financeira secreta, espionagem e conflitos de interesses que, segundo ele, ainda precisam ser investigados a fundo. Em suas palavras, “a Lava-Jato foi, de fato, uma árvore envenenada, cujos frutos estão se tornando cada vez mais amargos”.
Fonte: Brasil247
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