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Em uma série de revelações inquietantes, o jornal francês Le Monde classificou como "desconcertantes" e "gravíssimas" as descobertas da Polícia Federal (PF) sobre um projeto de golpe de Estado planejado pela extrema direita brasileira em 2022. Segundo o jornal, o plano incluiu a morte de autoridades de alto escalonamento, como o ministro do STF Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), em uma tentativa de manter o então o presidente Jair Bolsonaro (PL) sem poder.
As investigações apontam que o projeto, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, envolve estratégias como o uso de armas do alto poder bélico e métodos de envenenamento para eliminar Lula. Um documento com detalhes do plano chegou a ser impresso na sede da presidência, e reuniões sigilosas foram realizadas no Palácio da Alvorada com militares de alta patente e aliados de Bolsonaro, como o general Estevam Cals Theophilo e o jurista Amauri Feres Saad.
A Ideia de Golpe e a Busca por Apoio Militar
De acordo com o Le Monde , o plano começou a ser discutido após a derrota eleitoral de Bolsonaro para Lula em outubro de 2022. O líder da extrema direita decidiu-se a aceitar o resultado e se isolou no Palácio da Alvorada, enquanto seus apoiadores clamavam por uma intervenção militar inspirada no golpe de 1964. Na sede do governo, as reuniões envolveram líderes militares e aliados civis, que debateram estratégias para uma ruptura constitucional.
Entre as opções discutidas estava a utilização do artigo 142 da Constituição, reinterpretado por bolsonaristas para incluir uma intervenção militar. O general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, rejeitou a ideia, mas outros membros do alto comando militar demonstraram disposição para participar.
O Plano e Seu Desfecho
Em 15 de dezembro de 2022, sob a liderança do general Walter Braga Netto, o plano foi colocado em andamento. Mensagens trocadas entre os conspiradores usavam celulares e códigos de países para evitar investigações. Contudo, uma mudança no cronograma do STF levou ao adiamento e, posteriormente, ao abandono da operação.
Com a posse de Lula em 1º de janeiro de 2023, o descontentamento da extrema direita culminou na invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília. Bolsonaro deixou o Brasil dias antes, flutuando para os Estados Unidos, mas a crise política persistiu até as recentes revelações da PF.
Indiciamentos e Consequências
O relatório da PF indiciou 37 suspeitos, incluindo 24 militares e o próprio Jair Bolsonaro, cuja participação foi considerada “direta e efetiva”. Caso condenado, o ex-presidente pode enfrentar até 28 anos de prisão.
Para o Le Monde , o Brasil “escapou do pior” para evitar a concretização do plano, mas o caso levanta preocupações profundas sobre a radicalização política e a fragilidade das instituições democráticas no país. O indiciamento de Bolsonaro e seus aliados pode marcar o início de um capítulo decisivo na luta contra os extremismos e em defesa da democracia brasileira.
A narrativa, que já repercute internacionalmente, lança luz sobre a necessidade de fortalecer os mecanismos institucionais para prevenir novas tentativas de ruptura constitucional no futuro.
Fonte: Urbsmagna
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