Brasil quer acelerar revolução da inteligência artificial com estratégia própria

País pretende desenvolver modelo próprio de inteligência artificial para promover bem-estar social e melhorar serviços públicos, defende Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

Brasil quer acelerar revolução da inteligência artificial com estratégia própria

Ministra Luciana Santos: "DeepSeek mostra que volume de recursos para competir em IA não é inalcançável"

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) está à frente de uma estratégia nacional para consolidar o Brasil como um ator relevante no cenário global de inteligência artificial (IA). O Governo Federal implementa uma série de iniciativas que utilizam essa tecnologia para melhorar serviços públicos, otimizar processos e promover o bem-estar social.

Assim como o DeepSeek, modelo da startup chinesa que revolucionou o setor com soluções eficientes e de baixo custo, o Brasil busca combinar referências internacionais com inovações locais, aproveitando vantagens como energia limpa e infraestrutura já instalada.

A proposta do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), apresentada pelo MCTI, com previsão de investimentos de R$ 23 bilhões até 2028, seria a espinha dorsal dessa estratégia. O plano abrange áreas como saúde, educação, meio ambiente, segurança pública, agricultura e gestão governamental com o objetivo de modernizar serviços, combater desigualdades e promover a inclusão social.

A ministra do MCTI, Luciana Santos, destacou que o sucesso do DeepSeek prova que países emergentes podem competir no mercado de IA sem depender de investimentos bilionários. "O aspecto mais importante dessa nova tecnologia é mostrar que o volume de recursos necessário para competir em IA não é inalcançável para países como o nosso", afirmou.

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Como a IA transforma serviços públicos no Brasil

Diversos órgãos do governo já estão utilizando IA para melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços oferecidos à população. Na Receita Federal, a tecnologia está sendo testada para auxiliar na classificação e julgamento de processos administrativos fiscais, agilizando a análise e a tomada de decisões. Já o Ministério das Relações Exteriores prepara o lançamento de um chatbot baseado em IA para atender cidadãos em consulados brasileiros, oferecendo informações e serviços consulares em vários idiomas.

O Ministério da Educação utiliza IA para monitorar egressos da rede federal de ensino técnico e combater a evasão escolar. A análise de dados permite identificar padrões e desenvolver estratégias para manter os estudantes engajados. Enquanto isso, o Ministério do Trabalho e Emprego criou uma plataforma que conecta vagas de emprego a candidatos cadastrados no Sistema Nacional de Emprego (Sine), facilitando a inserção de trabalhadores no mercado.

A saúde pública também está se beneficiando da IA, com hospitais federais adotando a tecnologia para auxiliar no diagnóstico por imagem, aumentando a precisão e a rapidez na identificação de doenças. Além disso, o Programa Bolsa Família utiliza IA para identificar inconsistências nos cadastros dos beneficiários, garantindo que os recursos sejam direcionados corretamente às famílias que realmente necessitam.

No setor de segurança pública, o Ministério da Justiça emprega IA para gerenciar mídias capturadas por câmeras corporais de policiais, organizando e analisando imagens e vídeos para aprimorar a segurança. Já a Controladoria Geral da União (CGU) utiliza a tecnologia para auditar prestações de contas públicas, identificando inconsistências e promovendo maior transparência na gestão dos recursos governamentais.

A agricultura também está sendo impactada positivamente. A Embrapa desenvolveu o "Rural Chat", um portal de informações para agricultores que utiliza um chatbot alimentado por IA. A ferramenta oferece suporte e esclarecimentos em tempo real sobre práticas agrícolas, contribuindo para a disseminação de conhecimento no setor rural. No Ministério do Meio Ambiente, sistemas de IA são empregados para mapear áreas verdes, identificar ilhas de calor, rastrear produtos florestais e monitorar a conformidade ambiental, fortalecendo as políticas de preservação.

Como a DeepSeek muda o paradigma

O DeepSeek ganhou destaque global como um modelo de IA altamente eficiente com um orçamento reduzido e equipamentos menos sofisticados do que os utilizados por gigantes como a OpenAI. Esse feito mostrou que é possível obter resultados equivalentes aos das Big Techs com menos recursos, inspirando o Brasil a buscar um caminho semelhante. O PBIA prevê a expansão do supercomputador Santos Dumont, no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), que deve se tornar um dos cinco maiores do mundo, e o desenvolvimento de um modelo de linguagem próprio em português (LLM).

Para a ministra Luciana Santos, o sucesso do DeepSeek reforça a viabilidade do plano brasileiro. "O DeepSeek mostrou que é possível obter resultados equivalentes aos do ChatGPT com menos recursos, e isso é muito importante nesse momento", afirmou. Além disso, a proposta do PBIA busca alinhar-se a princípios como bem-estar social, soberania tecnológica, sustentabilidade ambiental e ética, garantindo que a IA seja uma ferramenta de desenvolvimento social e econômico.

Com o PBIA e a adoção de IA em diversas áreas, o Brasil vai demonstrar que está pronto para enfrentar os desafios globais e garantir que a inteligência artificial seja uma aliada no desenvolvimento do país. O governo brasileiro busca modernizar serviços públicos, promover inclusão social, combater desigualdades e preservar empregos. A IA, nesse contexto, não é apenas uma ferramenta tecnológica, mas um meio de transformação social e econômica, sempre com foco no bem-estar da população.

Por Jornal da República em 30/01/2025
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