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Mais de um terço dos candidatos a governador que estão formalmente ligados com o PL, partido de Jair Bolsonaro, não publica imagens ou faz referências ao atual presidente em suas redes sociais.
Dos 27 palanques que Bolsonaro já tem garantidos na corrida pela reeleição, 10 não fizeram menção ou expuseram sua imagem no Twitter e no Instagram no atual semestre, mesmo com o período eleitoral cada vez mais próximo e já após as convenções partidárias.
A campanha só começa, oficialmente, na terça-feira (16). Até lá, os políticos não podem distribuir material gráfico com pedidos explícitos de voto, mas não há restrições em vincular suas respectivas imagens aos seus candidatos a presidente.
Dos palanques oficiais que escondem Bolsonaro, oito estão no Norte e no Nordeste. Seis dos sete aliados do Sul e do Sudeste exploram a imagem do presidente.
Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná que concorre à reeleição, é o único das duas regiões que esconde o aliado.
Questionado, afirmou que a aliança deles é pública e notória, que ambos apoiam o mesmo candidato ao Senado no estado e que a proximidade entre os dois vem desde antes das eleições de 2018.
"O governador reforça essa aproximação toda vez que é perguntado sobre o assunto e um novo registro formal eleitoral da parceria entre os dois candidatos poderá ser conferido durante a campanha eleitoral", afirmou, por meio de sua assessoria.
Claúdio Castro(PL), candidato ao governo fluminense, até mostra o aliado, mas apenas fez referências no Twitter e, inclusive, não o citou durante o primeiro debate televisivo do pleito, na TV Bandeirantes.
Palanque de Bolsonaro no Distrito Federal, o candidato à reeleição Ibaneis Rocha (MDB) é outro que expõe o atual presidente timidamente, com apenas uma postagem neste semestre.
Também no Centro Oeste, Mauro Mendes (União Brasil), que tenta a reeleição em Mato Grosso, não mostra o presidente.
"A rede é pessoal e não tenho focado em falar de política partidária, mas ainda assim temos postagens com o presidente. Nossa campanha será baseada nos resultados da gestão e nas boas perspectivas de presente e futuro. Nosso apoio ao presidente é inegável e está sendo manifestado respeitosamente de diversas formas", afirmou.
Dentre os ex-ministros de Bolsonaro que vão concorrer na eleição deste ano, apenas Flávia Arruda (PL-DF) não mostra o presidente —além, claro, daqueles como Sergio Moro, Abraham Weintraub ou Luiz Henrique Mandetta, que deixaram o governo após divergências.
Para além das redes sociais e dos palanques oficiais, aliados não formais também escondem de alguma forma, no âmbito regional, o atual segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto.
É o caso do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), que apoiam pretendentes ao governo em seus estados que querem distância de Bolsonaro.
Na mesma semana em que foi à convenção do presidente no Rio de Janeiro com uma camisa com o nome e o número de Bolsonaro, Lira participou de atos com aliados em Alagoas onde não fez referências ao presidente.
Lira apoia o candidato a governador Rodrigo Cunha (União Brasil), que faz uma campanha descolada da eleição nacional. O candidato a senador Davi Davino Filho (PP) segue a mesma estratégia.
O cenário é semelhante no Piauí, onde o ministro Ciro Nogueira vai apoiar o ex-prefeito de Teresina Sílvio Mendes (União Brasil) para o governo.
Mendes se diz opositor de Bolsonaro e afirma não querer o presidente em seu palanque. Em conversa com a Folha, em abril, disse que se manterá distante da disputa nacional.
"Quando fui prefeito de Teresina, Lula era presidente e não tive nenhum problema com ele. Bolsonaro eu sou distante, não o conheço. Mas acho que, como todo gestor, ele tem acertos e erros", afirma Mendes.
O PP de Ciro Nogueira acionou a Justiça Eleitoral para questionar a circulação de imagens de seus candidatos no Piauí ao lado de Bolsonaro e pediu que o material fosse suspenso. A Justiça, contudo, negou o pedido.
No Maranhão, bolsonaristas como o senador Roberto Rocha (PTB) e o deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL) aderiram à candidatura a governador do senador Weverton Rocha (PDT), que tem indicado apoio a Lula na eleição presidencial.
Valmir de Francisquinho, também do PL e candidato ao governo de Sergipe citou seu aliado em suas redes sociais, mas para afirmar que "quem vai governar Sergipe não é nem Lula, nem Bolsonaro".
Em estados como Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco, ex-ministros que concorrem a disputas majoritárias têm se associado ao presidente.
No Rio Grande do Norte, o ex-ministro do Desenvolvimento Regional e candidato a senador Rogério Marinho (PL) firmou alianças que incluem líderes políticos que vão apoiar outros candidatos a presidente.
Ele tem colocado Bolsonaro em primeiro plano na sua campanha. Na convenção que formalizou sua candidatura, Marinho destacou temas caros ao bolsonarismo como a defesa de valores cristãos e a flexibilização da posse e porte de armas.
No discurso, citou o presidente ao menos quatro vezes e se disse grato por ter sido alçado ao governo federal após ter sido derrotado na eleição de 2018.
E destacou o papel do presidente na obra da transposição do rio São Francisco, que estava 90% concluída em 2019: "Quem realizou a transposição foi o presidente Bolsonaro. E eles [adversários] vão ter que engolir".
O ex-ministro da Cidadania, João Roma (PL), tem em Bolsonaro a principal âncora de sua campanha ao governo da Bahia, que tem o Auxílio Brasil como principal eixo central. No debate na TV Bandeirantes, no último domingo, ele falou 21 vezes o nome de Bolsonaro.
A postura destoa de outros candidatos da centro-direita que têm buscado distância do presidente, caso de ACM Neto (União Brasil).
Mesmo em chapa com PP e Republicanos, partidos que estão com Bolsonaro, o ex-prefeito de Salvador tem dito que ficará neutro na eleição nacional. Em julho, a União Brasil ingressou com uma ação pedindo a exclusão de uma postagem do PT que o associava a Bolsonaro. O pedido foi acatado.
Candidato ao Senado em Pernambuco, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) não esconde seu vínculo com o presidente, com quem divide a foto em seus perfis nas redes sociais. Mas deixou em segundo plano os ataques a Lula.
"A gente não tem tempo para perder falando mal dos outros. Tenho feito uma campanha mais propositiva, de bons ventos, de esperança, de que este é o país que mais cresce nas Américas", afirmou, em julho, à coluna Painel da Folha.
Fonte: Folha Uol
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