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Terapêutica e Benefícios relacionados à Medicina.
Hoje, existem várias polêmicas e abordagens sobre o assunto, sendo que algumas pessoas apóiam sua liberação para fins terapêuticos, como já acontece em países como Holanda, Bélgica, Espanha, Itália, França, Alemanha, Inglaterra, Dinamarca, Austrália, continente asiático, Oriente Médio, continente africano, Estados Unidos, Canadá. Dentre os movimentos de representação mais famosos destaca-se a Marcha da Maconha.
Por outro lado, existe o grupo mais conservador e autoritário, que mantém o discurso de que a maconha é prejudicial à saúde, por aumentar a propensão à esquizofrenia e a doenças broncopulmonares, sendo uma porta para o uso de outras drogas.
A partir da segunda metade do século XIX, especialmente depois da publicação dos trabalhos do Prof. Jean Jacques Moreau, da Faculdade de Medicina da Tour, na França, o uso medicinal da Cannabis foi o que mais chamou a atenção, devido à aceitação dela pela classe médica.
À exemplo, descrito em um famoso formulário médico no Brasil, datado em 1888: Contra a bronchite chronica das crianças (...) fumam-se (cigarrilhas Grimault) na asthma, na tísica laryngea, e em todas (…) Debaixo de sua influência o espírito tem uma tendência às idéias risonhas. Um dos seus efeitos mais ordinários é provocar gargalhadas (...) Mas os indivíduos que fazem uso contínuo do haschich vivem num estado de marasmo e imbecilidade (CHERNOVIZ, 1888).
Tendo em vista esse quadro atual, torna-se pertinente mencionar o editorial do Jornal Brasileiro de Psiquiatria publicado em 1980 (29: 353-4, 1980):
A falta de discriminação entre viciados em drogas pesadas e simples fumantes de maconha tem resultados altamente inconvenientes do ponto de vista social. Se os estabelecimentos especiais viessem a ser construídos para internar usuários de maconha, com toda a probabilidade, iríamos ressuscitar o famoso dilema do Simão Bacamarte de Machado de Assis. Talvez fosse melhor internar a população sadia para defendê-la dos supostos perigos dos cada vez mais numerosos adictos de maconha. O perigo maior do uso da maconha é expor os jovens a consequências de ordem policial sumamente traumáticas. Não há dúvida de que cinco dias de detenção em qualquer estabelecimento policial são mais nocivos à saúde física e mental que cinco anos de uso continuado de maconha.
Finalmente, em 1987, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) fez um editorial em que comentou o assunto (A dupla penalização do usuário de drogas ou duas vezes vítima. Revista ABP/APAL, 1987):
Ninguém como os psiquiatras conhece melhor a miséria humana que acomete os drogados. Eles são mais vítimas do sistema de produção e tráfico – e de si mesmos – que delinquentes. Neste sentido, julgamos oportuno trazer à discussão, sob a égide deste momento Constituinte, este polêmico tema que tem desencadeado tão graves consequências. O problema das drogas em nosso país tem sofrido um julgamento apaixonado, permeado por atitudes moralistas e um tratamento policial. O próprio tratamento compulsório dos dependentes de drogas mostra baixa eficácia, quando não absoluta inutilidade, e serve muitas vezes de artifício para beneficiar apenas os mais abastados. Ressalte-se que a particular questão do tratamento e da recuperação dos drogados deve estar integrada à rede de cuidados gerais à saúde e ao bem-estar social. Por outro lado, há que se propor uma melhor definição do que seja tráfico, de modo a excluir a circulação não-lucrativa e incluir mandantes e financiadores, aplicando a estes penas de prisão mais severas e medidas que compreenderiam também o confisco de bens pessoais. Finalmente, deve-se considerar com seriedade a necessidade de se promover a descriminalização do uso da maconha, estipulando a quantidade considerada porte, sem promover a liberação da droga. Esta medida ampliaria as possibilidades de recuperação do usuário, isolando-o do traficante e evitando sua dupla penalização: a pena social de ser um drogado e a pena legal por ser um drogado, esta última muitas vezes mais danosa que a primeira.
Dos canabinoides, atualmente, o CBD e o THC são as duas substâncias mais estudadas clinicamente. Mas há outras. Há um arsenal terapêutico de canabinoides e terpenos. E isso varia de planta para planta. Tem cannabis que é rica em canabidiol, outras em THC. A genética da planta interfere no tipo de óleo que ela vai oferecer.
Sistema endocanabinoide
A Cannabis tem mais de quatrocentas substâncias, dentre elas os canabinoides, os terpenos e os flavanoides. Estas substâncias interagem com o corpo e o cérebro. O sistema endocanabinode é um sistema endógeno composto por receptores, enzimas e ligando endógenos, que atuam na regulação de diversas funções.
Canabinoides
Canabinoide é um termo genérico utilizado para descrever substâncias, naturais ou artificiais, que estimulam os receptores canabinoides do tipo CB1 ou CB2.
Os canabinoides contêm:
#fitocanabinoides – elementos encontrados na planta Cannabis e estruturalmente relacionados com o tetra-hidrocanabinol (THC);
#endocanabinoides – elementos achados nos sistemas nervoso e imunológico dos animais e seres humanos, e que também ativam os receptores canabinoides;
#canabinoides sintéticos – diversidade de substâncias que se ligam a receptores de canabinoides.
Principais canabinoides
Dentre os principais canabinoides mais conhecidos, temos o CB1 e o CB2:
O CB1 está localizado no sistema nervoso, tecido cognitivo, gônodas, glandes e órgãos.
O CB2 está presente no sistema imunológico, ciclo do sono, coração, rins, ossos, veias, células linfosas, glândulas endócrinas e órgãos reprodutivos.
Existem muitos tecidos que contêm tanto o receptor CB1 quanto o receptor CBD2. Alguns pesquisadores indicam que há um terceiro receptor cannabinoide no corpo humano, mas este ainda não foi descoberto ou encontrado.
CB1 |
CB2 |
Cérebro |
Baço |
Pulmões |
Ossos |
Sistema Vascular |
Pele |
Músculos |
————————— |
Sistema Gastrointestinal |
————————— |
Órgãos Reprodutivos |
————————— |
Sistema Imunológico |
Sistema Imunológico |
Fígado |
Fígado |
Medula Óssea |
Medula Óssea |
Pâncreas |
Pâncreas |
Canabinoides naturais
THC
Tetrahydrocanabinol, Δ9-THC, Δ9-tetra-hidrocanabinol (delta-9-tetrahidrocanabinol), ou dronabinol (sintético) é considerada a principal substância psicoativa encontrada na Cannabis. A obtenção do THC é feita por meio da extração da Cannabis ou por meio sintético, em laboratório.
CBD
O canabidiol (CBD) é uma das mais de quatrocentas substâncias químicas canabinoides encontradas na Cannabis sativa. Ele representa mais de 40% de seus extratos. O canabidiol produz efeito mais calmante e terapêutico.
Os canabinoides têm seu efeito principal quando interagem com receptores específicos nas células do cérebro e do corpo:
#o receptor CB1, encontrado principalmente nos neurônios e células gliais em várias partes do cérebro;
#o receptor CB2, encontrado principalmente no sistema imunológico.
Os efeitos eufóricos produzidos pelo THC são provocados pela ativação dos receptores CB1.
O CBD tem uma afinidade muito baixa por esses receptores, produzindo pouco ou nenhum efeito quando se liga a ele. Estudos indicam que o canabidiol age em outros sistemas de sinalização cerebral, produzindo efeitos terapêuticos.
No Brasil, o canabidiol já pode ser prescrito por médicos psiquiatras, neurologistas e neurocirurgiões em receita especial de duas vias.
Em 2015, a ANVISA remanejou a substância para a Lista C1 do Controle Especial, fazendo com que ela deixasse de fazer parte da lista de substâncias proibidas (proscritas).
CBG
O cannabigerol é um dos mais de 120 compostos canabinoides identificados, encontrados na Cannabis. Constitui-se na forma não ácida do ácido canabigerólico, a molécula mãe a partir da qual outros canabinoides são sintetizados. Trata-se de um constituinte menor da Cannabis. Durante o crescimento, a maior parte do canabigerol é transformada em outros canabinoides, principalmente o tetrahidrocanabidiol (THC) ou canabidiol (CBD), deixando aproximadamente 1% de canabigerol na planta.
THCV
O THCV é um antagonista do receptor canabinoide tipo 1 e agonista parcial do receptor canabinoide tipo 2. Δ8-THCV também demonstrou ser um antagonista do CB1.
Ambos os trabalhos que descrevem as propriedades antagônicas do THCV foram demonstrados em modelos murinos.
Plantas com níveis elevados de propilcanabinóides, incluindo THCV, foram localizadas em populações de Cannabis sativa L, da China, Índia, Nepal, Tailândia, Afeganistão, Paquistão, África Meridional e Ocidental. Foram encontrados níveis de THCV de até 53,7% do total de canabinoides.
CBN
O canabinol é um canabinoide não psicoativo encontrado na Cannabis sativa e Cannabis indica. É um produto oxidonte do tetra-hidrocanabinol (THC). Ela se liga a ambos receptores CB1 e CB2, porém com menor afinidade do que o THC.
CBC
O cannabichromene é um das centenas de canabinoides encontrados na planta Cannabis. Tem semelhança estrutural com os outros canabinoides naturais, como tetra-hidrocanabinol (THC), tetra-hidrocanabivarina (THCV), canabidiol (CBD) e canabinol (CBN), entre outros. A CBC e seus derivados são tão abundantes quanto os canabinois na maconha.
Anandamida ou AEA
Anandamida ou araquidonoil etanolamida (AEA) é um neurotransmissor que imita os efeitos dos compostos psicoativos encontrados na Cannabis chamados canabinoides. Os efeitos da anandamida podem se dar no sistema nervoso central ou em partes do sistema nervoso periférico, em várias regiões do corpo. Esses efeitos são mediados por receptores canabinoides do tipo CB1 – no sistema nervoso central e receptores do tipo CB2 – no sistema nervoso periférico. A anandamida desempenha atividade importante na concretização da memória e em sensações como fome, padrões de sono e alívio da dor (o que implica o circuito de recompensa).
Terpenos
Os terpenos têm papel importante nos efeitos terapêuticos e recreativos da Cannabis. São os maiores componentes da resina da maconha, pois compõem a maior porcentagem de óleos essenciais aromáticos contidos na maioria das plantas. São mais de trinta mil terpenos descobertos na natureza, sendo que mais de cem já foram identificados na Cannabis.
Cada variedade tem uma composição única de terpenos, o que torna cada strain especial. Os terpenos mais conhecidos na Cannabis são:
# Alfa e beta-pineno
Com o aroma de pinho, o pineno é encontrado em strains como Bubba Kush, Chemdawg91 e Trainwrech, como também em plantas como o alecrim e o manjericão.
#Linalol
A fragrância doce, usada em perfumes icônicos como o Chanel 5, pode ser encontrada em grande variedade, com dominância indica da Cannabis, como a Lavender.
#Cariofileno
O cariofileno está presente em muitos óleos essenciais, como o de cravo-daÍndia, canabis, alecrim e lúpulo da cerveja. Este terpeno é um dos compostos químicos que contribuem para o sabor da pimenta-do-reino e é usado como agente aromatizante em cheiros e sabores amadeirados, apimentados e de frituras. O β-cariolifeno é relatado como anti-inflamatório e protetor gástrico, com demonstrada ação agonista seletiva no CB2.
#Limoneno
É mais encontrado em cítricos, dando a eles seu aroma característico. Trata-se de um terpeno muito energético conhecido por suas propriedades antidepressivas.
#Beta-mirceno
O β-mirceno é um dos terpenos mais abundantes da Cannabis e produz um aroma particular, perceptível a qualquer um que conhece a erva. Pode ser encontrado na manga e na erva-cidreira. O β-mirceno é relatado como anti-inflamatório, analgésico, sedativo, relaxante muscular e como bloqueador de carcinogênese hepática pela aflatoxina. Conheça os compostos responsáveis por muito mais que o aroma e o sabor da Cannabis.
Terpenos |
Propriedades terapêuticas |
Alfa e beta-pineno |
Antibiótico, Anti-inflamatório, Broncodilatador e Melhora a memória |
Beta-mirceno |
Analgésico, Anti-inflamatório, Relacante muscular e Sedativo. |
Cariofileno |
Analgésico, Anti-inflamatório, Anticoagulante e Protetor digestivo. |
Linalol |
Analgésico, Anestésico, Anticonvulsivante e Ansiolítico. |
Limoneno |
Antidepressivo, Ansiolítico e Prócinetico. |
Flavanoides
Os flavonoides são a principal razão do sabor e do cheiro da Cannabis, e podem ser encontrados em muitas plantas diferentes.
Os flavonoides mais peculiares são chamados de canaflavins, com aroma e sabor únicos.
O canaflavin A tem efeito anti-inflamatório mais potente que a aspirina, por exemplo. Sua principal função é regular a forma de como nosso corpo reage ao consumo de canabinoides. Os pacientes se beneficiam da interação dos canabinoides e outras substâncias, como os flavanoides, por meio do efeito eutourage da Cannabis, que afeta as células doentes nos órgãos.
Os receptores do tipo CB-1 estão mais associados a coordenação, movimentos, sensação de dor, emoções, humor, pensamento, apetite e memórias; os receptores tipo CB-2 influenciam nosso sistema imunológico, inflamações e dores.
O THC está ligado ao receptor CB-1.
O canabidiol não age diretamente no receptor CB-2, mas induz o corpo a usar seus próprios canabinoides. O sistema canabinoide endógeno inclui esses dois receptores e faz parte do nosso sistema nervoso. Este sistema fisiológico foi nomeado segundo a planta de cannabis e pode ser encontrado em todos os mamíferos. O sistema canabinoide endógeno em nosso corpo é agora considerado um dos sistemas fisiológicos mais importantes para o alcance e a manutenção de uma boa saúde.
O equilíbrio do corpo
O equilíbrio é algo fundamental para o nosso corpo, só nos sentimos saudáveis e felizes, quando estamos em equilíbrio. O responsável pela estabilidade do nosso corpo é o sistema endocanabinoide. Os receptores canabinoides desse sistema estão presentes no cérebro, no sistema nervoso central e periférico, nos órgãos, tecidos, nas células imunológicas, nas glândulas, no trato digestivo e até mesmo na pele. A manutenção do nosso estado de equilíbrio é chamada de homeostase. Os receptores do sistema endocanabinoide tentam a todo momento regular o corpo e promover sua estabilidade, independentemente das situações pelas quais ele passe.
O sistema canabinoide endógeno ajuda a regular o corpo em seus processos fisiológicos internos. As principais tarefas do sistema endocanabinoide são: neuroproteção (a tentativa de impedir que as células nervosas morram), regeneração do estresse, equilíbrio imunológico e regulação homeostática.
O sistema endocanabinoide auxilia o corpo:
# na capacidade de memória;
# no controle motor;
# na função imunológica;
# no humor;
# no desenvolvimento ósseo;
# na reprodução;
# na percepção da dor;
# no apetite;
# no sono.
O Funcionamento da Cannabis no cérebro
Os receptores CB1 e CB2 são estruturas orgânicas que se ligam aos componentes químicos da maconha e permitem sua ação dentro das células, e estão presentes, principalmente, no cérebro e nas células do sistema imune.
No cérebro, esses receptores concentram-se no sistema límbico, no córtex cerebral, no sistema motor e no hipocampo.
É o sistema endocanabinoide que tenta regular o sistema nervoso. Os princípios ativos da maconha – principalmente o CBD e o THC – procuram estabilizar a atividade cerebral. Nas crises convulsivas, por exemplo, a Cannabis tenta regular o funcionamento dos neurônios e evitar a excitação deles, por meio das descargas anômalas.
A cannabis provoca, também, alguns sintomas, como as alterações do estado mental, variações de humor e alterações de coordenação motora, o que acaba beneficiando o tratamento de diversos transtornos do SNC – Sistema Nervoso Central.
SISTEMA ENDOCABINOIDE |
AÇÃO DA CANNABIS NO CÉREBRO |
HIPOTÁLAMO |
Coordena as emoções e o apetite. O THC interfere diretamente nessa função. Isso explicaria a fome ou a larica. Não é à toa que a maconha é usada para perda de apetite causada pela quimioterapia, por exemplo. |
NÚCLEOS DE BASE |
Coordenam a atividade motora. A Cannabis pode regular o movimento de uma pessoa com mal de Parkinson, por exemplo |
NEOCÓRTEX |
Coordena o raciocínio, o planejamento e o sono. Se estiver desregulado, a maconha ajuda a combater distúrbios contra insônia |
HIPOCAMPO |
Coordena a memória, o senso de perigo, o humor e a agressividade. Sua desregulação pode estar relacionada com a ansiedade, o estresse pós traumático, fobias e dor crônica. A maconha ajuda muito nesses casos. |
TRONCO ENCEFÁLICO |
Coordena batimentos cardíacos, respiração e, quando desregulado, provoca vômitos. Por isso, a presença de receptores da Cannabis pode controlar náusea. |
O uso terapêutico da Cannabis é uma ferramenta poderosa para a melhoria da qualidade de vida de pacientes com algumas condições, especialmente dores crônicas, fibromialgia, câncer, doenças neurodegenerativas (como Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla, ELA), epilepsia refratária, autismo, doenças autoimunes, entre outras.
A Cannabis medicinal trata mais de duzentos tipos de enfermidades e transtornos do SNC – Sistema Nervoso Central.
A maconha não é uma droga de entrada, a maconha é uma droga de saída.
O problema não é a maconha, o problema é a pessoa que está usando.
Ela é que precisa de ajuda e pode ter uma doença que tem que ser respeitada e tratada, e temos que enxergar isso como um problema de saúde, em que a maconha pode ser o nosso auxílio e não o nosso algoz
Tratamento de epilepsias
O tratamento da epilepsia com a Cannabis tem como principal objetivo impedir as crises por total. Atualmente, casos de epilepsia refratária já podem ser tratados com a Cannabis, com excelentes resultados. Outros estudos a respeito desse assunto ainda estão sendo desenvolvidos.
Movimentos desordenados
O uso da maconha ajuda a estimular os movimentos em doses baixas e pode inibi-los em doses altas. Isso ocorre no tratamentos de desordens motoras, como Parkinson. Novos estudos continuam sendo feitos para avaliar a quantidade exata da droga no tratamento dessa condição.
Espasmo muscular
A maconha afeta o movimento e pode ajudar muito no controle de espasmos musculares, no caso de pessoas com esclerose múltipla ou traumatismo raquimedular. No entanto, pessoas com essas condições devem ser analisadas com cuidado, pois outros sintomas relacionados a essas doenças, como por exemplo a ansiedade, podem aumentar os espasmos. Nesse caso, a maconha pode diminuir a ansiedade, mas não controlar os espasmos. É preciso encontrar a medida exata para a pessoa nessa condição.
Quimioterapia – redução de náuseas e vômitos
O uso da cannabis, especialmente o THC – o componente mais estudado como agente antiemético no tratamento do câncer –, é amplamente defendido por médicos oncologistas e pacientes. A maconha tem um efeito menor do que as drogas já existentes, no entanto seus efeitos podem ser aumentados quando usada de forma associada com outros antieméticos. A Cannabis é altamente eficiente no controle de náuseas e vômitos em pacientes submetidos à quimioterapia, enquanto outros medicamentos não conseguem obter o mesmo resultado.
Desnutrição e estimulação do apetite
A Cannabis pode ser importante no tratamento da desnutrição e perda do apetite, em pacientes com AIDS ou câncer. Nesse quesito, alguns estudiosos alegam que outros medicamentos são mais efetivos, portanto, recomendam mais pesquisas sobre ação da Cannabis, o que não invalida sua ação.
Glaucoma
Um dos fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma é a pressão alta intra-ocular. A Cannabis pode agir diminuindo essa pressão. No entanto, esse efeito é de curta duração e só pode ser obtido com altas doses de Cannabis, o que pode provocar efeitos indesejáveis, sendo que as medicações existentes já são bastante efetivas e provocam efeitos colaterais mínimos. Estão sendo realizados novos estudos sobre o uso da Cannabis nessa condição.
Autismo
Muitos dizem que o remédio para o autismo é o CBD, mas cientistas de Israel e do Brasil, concluíram que, sem THC, o tratamento com CBD não funciona ou funciona bem pior. O THC pode proporcionar resultados melhores e mais rápidos, do que somente o CBD. Sem THC, as doses de CBD precisam ser altas demais, e podem provocar efeitos colaterais indesejáveis.
O papel da Cannabis na dor
A Cannabis pode ter efeito analgésico importante para diversos pacientes, especialmente, aqueles que estão fazendo quimioterapia, em processo pós-operatório, com trauma raquimedular (lesão da coluna vertebral com acometimento da medula), com neuropatia periférica, em fase pós-infarto cerebral, com AIDS, ou com qualquer outra condição clínica relacionada a um quadro importante de dor crônica.
Tratamento de distúrbios gastrointestinais
Para indivíduos com distúrbios gastrointestinais (síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, colite ulcerativa, gastrite, prisão de ventre), o óleo CBD provou ser eficaz no alívio dos sintomas primários dos distúrbios gastrointestinais, como dor e inflamação, além de sintomas secundários, como ansiedade. Para pessoas com problemas gastrointestinais, o CBD pode aliviar sintomas como inflamação, dor, ansiedade e náusea. O óleo CBD é eficaz para aliviar esses sintomas em grande parte devido a sua interação com o sistema endocanabinoide do corpo.
Tratamento de doenças autoimunes
A Cannabis tem potencial no tratamento de doenças autoimunes em que a inflamação crônica é muito presente — o caso de artrite, lúpus, colite, psoríase e esclerose múltipla. A chave do potencial da maconha está em sua capacidade de reprimir algumas funções imunes, principalmente a inflamação.
Pesquisas recentes sugerem que algumas moléculas ambientais, externas ao DNA, podem alterar seu funcionamento. O estudo examinou se o tetra-hidrocanabinol (THC), pode afetar o DNA através de caminhos epigenéticos. O grupo de moléculas com capacidade de modificar o DNA e o funcionamento dos genes que controla é coletivamente designado como epigenoma.
Ele é composto por um grupo de moléculas chamadas de histonas, que são responsáveis pela inflamação, tanto benéfica quanto nociva. Chegou-se à conclusão de que o THC pode modular as respostas imunológicas por meio de uma regulagem epigenética que envolve a modificação das histonas.
Combinação de canabinoides e tipos de doenças Para cada tipo de doença existe um tipo de combinação de canabinoides. Esses estudos são feitos em laboratórios, sejam eles dentro das universidades, institutos e centros de pesquisas ou no mercado. Veja alguns dos tipos de canabinoides utilizados para cada transtorno ou enfermidade, e seus efeitos práticos.
Dr Eduardo Macedo Bernardes - Médico
Dra.Patricia Azevedo Janoni
Diretora Técnica da Clínica Embjanoni Especialista em Medicina Ortomolecular Integrativa e Saúde da Longevidade, Dermatologia clínica/Estética e Cosmiátrica, Perícia Médica e Medicina do Trabalho.
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