Cannabis: De fármaco à droga; de droga à medicamento. Parte 04

A trajetória e os papéis representados por esta espécie vegetal, desde a remota história da humanidade até os dias atuais.

Cannabis: De fármaco à droga; de droga à medicamento. Parte 04

Terapêutica e Benefícios relacionados à Medicina.

Hoje,  existem várias  polêmicas  e  abordagens  sobre  o  assunto,  sendo que  algumas pessoas  apóiam  sua  liberação  para  fins  terapêuticos,  como  já  acontece  em  países como  Holanda,  Bélgica,  Espanha,  Itália,  França,  Alemanha,  Inglaterra,  Dinamarca, Austrália,  continente    asiático,  Oriente  Médio,  continente  africano,  Estados  Unidos, Canadá.  Dentre os movimentos de representação mais famosos destaca-se a Marcha da Maconha. 

Por outro lado, existe o grupo mais conservador e autoritário, que mantém o discurso de que a maconha é prejudicial à saúde,  por aumentar a propensão à esquizofrenia e a doenças broncopulmonares, sendo uma porta para o uso de outras drogas.

A  partir  da  segunda  metade  do  século  XIX, especialmente depois da publicação dos trabalhos do Prof.  Jean Jacques  Moreau,  da  Faculdade  de  Medicina  da  Tour,  na  França, o uso medicinal da  Cannabis  foi o que mais chamou a atenção,  devido à aceitação dela pela classe médica.

À exemplo, descrito em um famoso formulário médico no Brasil,  datado em 1888: Contra a bronchite chronica das crianças (...)  fumam-se  (cigarrilhas Grimault) na asthma, na tísica laryngea, e em todas (…) Debaixo de sua influência o espírito tem uma tendência às idéias  risonhas.  Um  dos  seus  efeitos  mais  ordinários  é  provocar gargalhadas  (...) Mas  os indivíduos  que  fazem  uso  contínuo do haschich vivem num estado de marasmo e imbecilidade (CHERNOVIZ, 1888).

Tendo  em  vista  esse  quadro  atual,  torna-se  pertinente  mencionar  o  editorial  do Jornal Brasileiro de Psiquiatria  publicado em 1980 (29:  353-4,  1980):

A falta de  discriminação entre viciados em drogas pesadas  e  simples fumantes de maconha tem resultados altamente inconvenientes do  ponto  de  vista  social.  Se  os  estabelecimentos  especiais  viessem a  ser  construídos  para  internar  usuários  de  maconha,  com  toda a probabilidade,  iríamos ressuscitar o famoso dilema do Simão Bacamarte  de Machado  de  Assis. Talvez fosse melhor internar  a população sadia para defendê-la dos supostos perigos dos cada vez mais numerosos adictos de maconha. O perigo  maior do  uso  da maconha é  expor  os jovens a consequências de ordem policial sumamente traumáticas.  Não há dúvida de que cinco dias de detenção em qualquer estabelecimento policial são mais nocivos à saúde física e mental que cinco anos de uso continuado de maconha.

Finalmente,  em  1987,  a  Associação  Brasileira  de  Psiquiatria  (ABP)  fez  um  editorial em que comentou o assunto (A dupla penalização do usuário de drogas ou duas vezes vítima.  Revista ABP/APAL,  1987):

Ninguém como os psiquiatras conhece melhor a miséria humana que acomete os drogados.  Eles são mais vítimas do sistema de produção e tráfico – e de si mesmos – que delinquentes. Neste sentido, julgamos oportuno trazer à discussão,  sob a égide deste momento Constituinte,  este polêmico tema que tem desencadeado tão graves consequências. O problema das drogas em nosso país tem sofrido um julgamento apaixonado,  permeado por atitudes moralistas e um tratamento policial. O próprio tratamento compulsório dos dependentes de drogas mostra  baixa  eficácia,  quando  não  absoluta  inutilidade,  e serve muitas vezes de artifício para beneficiar apenas os mais abastados.  Ressalte-se que a particular questão do tratamento e da recuperação dos drogados deve estar integrada à rede de cuidados gerais à saúde e ao bem-estar social. Por  outro  lado,  há  que  se  propor  uma  melhor  definição  do  que seja  tráfico,  de  modo  a  excluir  a  circulação  não-lucrativa  e  incluir mandantes  e  financiadores,  aplicando  a  estes  penas  de  prisão  mais severas  e  medidas  que  compreenderiam  também  o  confisco  de  bens pessoais. Finalmente,  deve-se  considerar  com  seriedade  a  necessidade  de  se promover a descriminalização do uso da maconha,  estipulando a quantidade considerada porte,  sem promover a liberação da droga. Esta medida ampliaria as possibilidades de recuperação do usuário, isolando-o  do  traficante  e  evitando  sua  dupla  penalização:  a  pena social  de  ser  um  drogado  e  a  pena  legal  por  ser  um  drogado,  esta última muitas vezes mais danosa que a primeira.

Dos canabinoides,  atualmente, o CBD e o THC são as duas substâncias mais estudadas clinicamente.  Mas há outras.  Há um arsenal terapêutico de canabinoides e terpenos.  E isso varia de planta para planta.  Tem cannabis que é rica em canabidiol,  outras em THC.  A genética da planta interfere no tipo de óleo que ela vai oferecer.

Sistema  endocanabinoide

A  Cannabis  tem mais de  quatrocentas substâncias, dentre  elas  os canabinoides, os terpenos e os flavanoides. Estas substâncias interagem com o corpo e o cérebro. O sistema endocanabinode é um sistema endógeno composto por receptores, enzimas e ligando endógenos, que atuam na regulação de diversas funções.

Canabinoides

Canabinoide é um termo genérico utilizado para descrever substâncias, naturais ou artificiais, que estimulam os receptores canabinoides do tipo CB1 ou CB2.

Os canabinoides contêm:

#fitocanabinoides  –  elementos  encontrados  na planta  Cannabis  e estruturalmente relacionados com o tetra-hidrocanabinol (THC);

#endocanabinoides  – elementos  achados nos sistemas  nervoso e imunológico dos animais e seres  humanos,  e que também ativam  os receptores canabinoides;

#canabinoides  sintéticos  – diversidade de substâncias que se ligam a receptores de canabinoides.

Principais  canabinoides

Dentre os principais canabinoides mais conhecidos, temos o CB1 e o CB2:

O CB1 está localizado no sistema nervoso,  tecido cognitivo,  gônodas,  glandes e órgãos.

O CB2 está presente no sistema imunológico, ciclo do sono, coração, rins, ossos, veias,  células linfosas,  glândulas endócrinas e órgãos reprodutivos.

Existem muitos tecidos que contêm tanto o receptor CB1 quanto o receptor  CBD2.  Alguns  pesquisadores  indicam  que  há  um  terceiro  receptor cannabinoide no corpo humano, mas este ainda não foi descoberto ou encontrado.

CB1

CB2

Cérebro

Baço

Pulmões

Ossos

Sistema Vascular

Pele

Músculos

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Sistema Gastrointestinal

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Órgãos  Reprodutivos

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Sistema Imunológico

Sistema Imunológico

Fígado

Fígado

Medula Óssea

Medula Óssea

Pâncreas

Pâncreas

Canabinoides  naturais

THC

 Tetrahydrocanabinol,  Δ9-THC,  Δ9-tetra-hidrocanabinol  (delta-9-tetrahidrocanabinol), ou dronabinol (sintético) é considerada a principal substância psicoativa encontrada na  Cannabis.  A obtenção do THC é feita por meio da extração da  Cannabis  ou por meio sintético, em laboratório.

CBD

O canabidiol (CBD) é uma das mais de quatrocentas substâncias químicas canabinoides  encontradas  na  Cannabis  sativa.  Ele  representa  mais  de  40%  de seus extratos.  O canabidiol produz efeito mais calmante e terapêutico.

Os canabinoides têm seu efeito principal quando interagem com receptores específicos nas células do cérebro e do corpo:

#o receptor CB1, encontrado principalmente nos neurônios e células gliais em várias partes do cérebro;

#o  receptor CB2,  encontrado  principalmente no  sistema imunológico.

Os  efeitos  eufóricos  produzidos  pelo  THC  são  provocados  pela  ativação dos receptores CB1.

O CBD tem uma afinidade muito baixa por esses receptores, produzindo pouco ou nenhum efeito quando se liga a ele. Estudos indicam que o canabidiol age em outros sistemas de sinalização cerebral, produzindo efeitos terapêuticos.

No Brasil, o canabidiol já pode ser prescrito por médicos psiquiatras, neurologistas e neurocirurgiões em receita especial de duas vias.

Em 2015, a ANVISA remanejou a substância para a Lista C1 do Controle Especial, fazendo com que ela deixasse de fazer parte da lista de substâncias proibidas (proscritas).

CBG

O cannabigerol é um dos mais de 120 compostos canabinoides identificados, encontrados na  Cannabis. Constitui-se na forma não ácida do ácido canabigerólico, a molécula mãe a partir da qual outros canabinoides são sintetizados. Trata-se de  um constituinte  menor da  Cannabis. Durante  o crescimento,  a maior parte do canabigerol é transformada  em outros canabinoides, principalmente  o tetrahidrocanabidiol  (THC) ou  canabidiol  (CBD), deixando  aproximadamente  1%  de canabigerol na planta.

THCV

O  THCV é um antagonista do receptor canabinoide tipo 1 e agonista parcial do receptor canabinoide tipo 2. Δ8-THCV também demonstrou ser um antagonista do CB1.

Ambos os trabalhos que descrevem as propriedades antagônicas do  THCV foram demonstrados em modelos murinos.

Plantas com níveis elevados de propilcanabinóides,  incluindo THCV,  foram localizadas  em  populações  de  Cannabis  sativa  L,  da  China,  Índia,  Nepal,  Tailândia, Afeganistão,  Paquistão,  África  Meridional  e  Ocidental.  Foram  encontrados  níveis de THCV  de até 53,7% do total de canabinoides.

CBN

O canabinol é um canabinoide não psicoativo encontrado na  Cannabis sativa  e Cannabis indica.  É um produto oxidonte do tetra-hidrocanabinol (THC).  Ela se liga a ambos receptores CB1 e CB2,  porém com menor afinidade do que o THC.

CBC

O cannabichromene é um das centenas de canabinoides encontrados na planta Cannabis.  Tem semelhança estrutural com os outros canabinoides naturais, como tetra-hidrocanabinol (THC),  tetra-hidrocanabivarina (THCV), canabidiol (CBD) e canabinol (CBN),  entre outros. A CBC e seus derivados são tão abundantes quanto os canabinois na maconha.

Anandamida  ou  AEA

Anandamida ou araquidonoil etanolamida (AEA) é um neurotransmissor que imita os efeitos dos compostos psicoativos encontrados na  Cannabis  chamados canabinoides. Os efeitos da anandamida podem se dar no sistema nervoso central ou em partes do sistema nervoso periférico,  em várias regiões do corpo.  Esses efeitos são mediados por receptores canabinoides do tipo CB1 – no sistema nervoso central e receptores do tipo CB2 – no sistema nervoso periférico. A anandamida desempenha atividade importante na concretização da memória e  em  sensações  como  fome,  padrões  de  sono  e  alívio  da  dor  (o  que  implica  o circuito de recompensa).

Terpenos

Os terpenos têm papel importante nos efeitos terapêuticos e recreativos da Cannabis. São os maiores componentes da resina da maconha,  pois compõem a maior porcentagem de óleos essenciais aromáticos contidos na maioria das plantas. São mais de trinta mil terpenos descobertos na natureza, sendo que mais de cem já foram identificados na  Cannabis. 

Cada variedade tem uma composição única de terpenos,  o que torna cada  strain  especial.  Os terpenos mais conhecidos na Cannabis  são:

# Alfa  e  beta-pineno

Com o aroma de pinho,  o pineno é encontrado em  strains  como Bubba Kush, Chemdawg91  e  Trainwrech,  como  também  em  plantas como  o  alecrim  e  o manjericão.

#Linalol

A fragrância doce,  usada em perfumes icônicos como o Chanel 5,  pode ser encontrada em grande variedade,  com dominância  indica  da  Cannabis,  como a Lavender.

#Cariofileno

O cariofileno está presente em muitos óleos essenciais,  como o de cravo-daÍndia,  canabis, alecrim e lúpulo da cerveja.  Este terpeno é um dos compostos químicos que contribuem para o sabor da pimenta-do-reino e é usado como agente aromatizante em cheiros e sabores amadeirados,  apimentados e de frituras.  O  β-cariolifeno  é  relatado  como  anti-inflamatório  e  protetor  gástrico, com demonstrada ação agonista seletiva no CB2.

#Limoneno

É mais encontrado em cítricos,  dando a eles seu  aroma característico.  Trata-se de um terpeno muito energético conhecido por suas propriedades antidepressivas.

#Beta-mirceno

O  β-mirceno  é  um  dos  terpenos  mais  abundantes  da  Cannabis  e produz um aroma particular,  perceptível  a  qualquer  um  que  conhece  a  erva.  Pode  ser  encontrado na  manga  e  na  erva-cidreira.  O  β-mirceno  é  relatado  como  anti-inflamatório, analgésico,  sedativo, relaxante muscular e como bloqueador de carcinogênese hepática pela aflatoxina. Conheça os compostos responsáveis por muito mais que o aroma e o sabor da Cannabis.

Terpenos

Propriedades terapêuticas

Alfa  e  beta-pineno

Antibiótico, Anti-inflamatório, Broncodilatador e Melhora a memória

Beta-mirceno

Analgésico, Anti-inflamatório, Relacante muscular e Sedativo.

Cariofileno

Analgésico, Anti-inflamatório, Anticoagulante e Protetor digestivo.

Linalol

Analgésico, Anestésico, Anticonvulsivante e Ansiolítico.

Limoneno

Antidepressivo, Ansiolítico e Prócinetico.

Flavanoides

Os  flavonoides  são  a  principal  razão  do  sabor  e  do  cheiro  da  Cannabis,  e  podem ser encontrados em muitas plantas diferentes. 

Os flavonoides mais peculiares são chamados de canaflavins, com aroma e sabor únicos. 

O canaflavin A tem efeito anti-inflamatório mais potente que a aspirina,  por exemplo. Sua principal função é regular a forma de como nosso corpo reage ao consumo de canabinoides. Os pacientes se beneficiam da interação dos canabinoides e outras substâncias, como os flavanoides, por meio do efeito  eutourage  da  Cannabis,  que afeta as células doentes nos órgãos.

Os receptores do tipo CB-1 estão mais associados a coordenação,  movimentos, sensação  de  dor,  emoções,  humor,  pensamento,  apetite  e  memórias;  os  receptores tipo CB-2 influenciam nosso sistema imunológico,  inflamações e dores.

O THC está ligado ao receptor CB-1.

O canabidiol não age diretamente no receptor CB-2, mas induz o corpo a usar seus próprios canabinoides. O sistema canabinoide endógeno inclui esses dois receptores e faz parte do nosso sistema nervoso. Este sistema fisiológico foi nomeado segundo a planta de cannabis  e pode  ser encontrado em todos  os  mamíferos.  O sistema  canabinoide endógeno em nosso corpo é agora considerado um dos sistemas fisiológicos mais importantes para o alcance e a manutenção de uma boa saúde.

O equilíbrio do corpo

O equilíbrio é algo fundamental para o nosso corpo, só nos sentimos saudáveis e felizes,  quando estamos em equilíbrio.  O responsável pela estabilidade do nosso corpo é o sistema endocanabinoide. Os receptores canabinoides desse sistema estão presentes no cérebro, no sistema nervoso central e periférico, nos órgãos, tecidos,  nas células imunológicas, nas glândulas,  no trato digestivo e até mesmo na pele.  A manutenção do nosso estado de equilíbrio é chamada de homeostase. Os receptores do sistema endocanabinoide tentam a todo momento regular o corpo  e  promover  sua  estabilidade,  independentemente  das  situações  pelas  quais ele passe. 

O sistema  canabinoide endógeno ajuda a regular o corpo em seus processos fisiológicos internos. As principais tarefas do sistema endocanabinoide são:  neuroproteção (a tentativa de impedir que as células nervosas morram), regeneração do estresse, equilíbrio imunológico e regulação homeostática.

O sistema endocanabinoide auxilia o corpo:

# na capacidade de memória;

# no controle motor;

# na função imunológica;

# no humor;

# no desenvolvimento ósseo;

# na reprodução;

# na percepção da dor;

# no apetite;

# no sono.

O Funcionamento  da  Cannabis  no  cérebro

Os receptores CB1 e CB2 são estruturas orgânicas que se ligam aos componentes químicos  da  maconha  e  permitem  sua  ação  dentro  das  células,  e  estão  presentes, principalmente,  no cérebro e nas células do sistema imune. 

No cérebro,  esses receptores concentram-se no sistema límbico,  no córtex cerebral,  no sistema motor e no hipocampo. 

É o sistema endocanabinoide que tenta regular o sistema nervoso. Os  princípios  ativos  da  maconha  –  principalmente  o  CBD  e  o  THC  –  procuram estabilizar a atividade cerebral. Nas crises convulsivas,  por exemplo,  a  Cannabis tenta regular o funcionamento dos neurônios e evitar a excitação deles,  por meio das descargas anômalas.

A cannabis provoca,  também, alguns  sintomas, como  as  alterações  do  estado  mental, variações  de  humor  e  alterações  de  coordenação  motora,  o  que  acaba  beneficiando  o tratamento de diversos transtornos do SNC – Sistema Nervoso Central.

SISTEMA ENDOCABINOIDE

AÇÃO DA  CANNABIS NO CÉREBRO

HIPOTÁLAMO

Coordena as emoções e o   apetite.  O  THC  interfere diretamente nessa função. Isso  explicaria a  fome ou a   larica.  Não é  à toa que a maconha é usada para   perda de apetite causada   pela  quimioterapia, por exemplo.

NÚCLEOS DE  BASE

Coordenam a  atividade motora.  A  Cannabis pode regular  o movimento  de uma  pessoa com  mal de Parkinson, por  exemplo

NEOCÓRTEX

Coordena o  raciocínio,  o planejamento  e o  sono.  Se estiver  desregulado,  a maconha ajuda a combater distúrbios contra  insônia

HIPOCAMPO

Coordena a  memória, o   senso  de perigo,  o  humor  e a  agressividade. Sua   desregulação  pode  estar   relacionada com  a ansiedade,   o estresse pós traumático, fobias e dor  crônica.  A   maconha ajuda muito nesses casos.

TRONCO ENCEFÁLICO

Coordena  batimentos cardíacos, respiração  e,   quando desregulado,   provoca vômitos. Por isso,  a presença  de receptores da  Cannabis   pode  controlar náusea.

             O uso terapêutico da  Cannabis  é uma ferramenta poderosa para a melhoria da qualidade de vida de pacientes com algumas condições,  especialmente dores crônicas,  fibromialgia,  câncer,  doenças neurodegenerativas (como Parkinson, Alzheimer,  esclerose múltipla, ELA), epilepsia refratária,  autismo,  doenças autoimunes, entre outras.

A  Cannabis  medicinal trata mais de duzentos tipos de enfermidades e transtornos do SNC – Sistema Nervoso Central.

 A maconha não é uma droga de entrada,  a maconha é uma droga de saída. 

O problema não é a maconha,  o problema é a pessoa que está usando. 

Ela é que precisa de ajuda e pode ter uma doença que tem que ser respeitada e tratada, e temos que enxergar isso como um problema de saúde,  em que a maconha pode ser o nosso auxílio e não o nosso algoz

Tratamento  de  epilepsias

O tratamento da epilepsia com a  Cannabis  tem como principal objetivo impedir as  crises  por  total.  Atualmente,  casos  de  epilepsia  refratária  já  podem  ser tratados com a  Cannabis, com excelentes resultados.  Outros estudos a respeito desse assunto ainda estão sendo desenvolvidos.

Movimentos  desordenados

O uso da maconha ajuda a estimular os movimentos em doses baixas e pode inibi-los em doses altas.  Isso ocorre no tratamentos de desordens motoras,  como Parkinson.  Novos estudos continuam sendo feitos para avaliar a quantidade exata da droga no tratamento dessa condição.

Espasmo  muscular

A maconha afeta o movimento e pode ajudar muito no controle de espasmos musculares,  no caso de pessoas com esclerose múltipla ou traumatismo raquimedular. No entanto, pessoas com essas condições devem ser analisadas com cuidado, pois outros sintomas relacionados a essas doenças, como por exemplo a ansiedade, podem aumentar os espasmos.  Nesse caso, a maconha pode diminuir a ansiedade, mas não controlar os espasmos.  É preciso encontrar a medida exata para a pessoa nessa condição.

Quimioterapia – redução de náuseas e vômitos

O uso da  cannabis,  especialmente o THC – o componente mais estudado como agente antiemético no tratamento do câncer –,  é amplamente defendido por médicos oncologistas e pacientes.  A maconha tem um efeito menor do que as drogas já existentes, no entanto seus efeitos podem ser aumentados quando usada de forma associada com outros antieméticos.  A  Cannabis  é altamente eficiente no controle de náuseas e vômitos em pacientes submetidos à quimioterapia, enquanto outros medicamentos não conseguem obter o mesmo resultado.

Desnutrição  e  estimulação  do  apetite

 A  Cannabis  pode ser importante no tratamento da desnutrição e perda do apetite, em pacientes com AIDS ou câncer.  Nesse quesito, alguns estudiosos alegam que outros medicamentos são mais efetivos,  portanto,  recomendam mais pesquisas sobre ação da  Cannabis,  o que não invalida sua ação.

Glaucoma

Um  dos  fatores  de  risco  para  o  desenvolvimento  do  glaucoma  é  a  pressão  alta intra-ocular.  A  Cannabis  pode agir diminuindo essa pressão.  No entanto,  esse efeito  é de curta duração e só pode ser obtido com altas doses  de  Cannabis,  o que pode provocar efeitos indesejáveis,  sendo que as medicações existentes já são bastante  efetivas  e  provocam  efeitos  colaterais  mínimos.  Estão  sendo  realizados novos estudos sobre o uso da  Cannabis  nessa condição.

Autismo

Muitos  dizem  que  o  remédio  para  o  autismo  é  o  CBD,  mas  cientistas  de  Israel  e  do Brasil,  concluíram  que,  sem  THC,  o  tratamento  com  CBD  não  funciona  ou  funciona bem pior. O THC pode proporcionar resultados melhores e mais rápidos,  do que somente o CBD.  Sem THC,  as doses de CBD precisam ser altas demais, e podem provocar efeitos colaterais indesejáveis.

O papel da  Cannabis  na dor

A  Cannabis  pode  ter  efeito  analgésico  importante  para  diversos  pacientes, especialmente,  aqueles que estão fazendo quimioterapia,  em processo pós-operatório,  com trauma raquimedular (lesão da coluna vertebral com acometimento da medula),  com neuropatia periférica,  em fase pós-infarto cerebral,  com AIDS,  ou com qualquer outra condição clínica relacionada a um quadro importante de dor crônica.

Tratamento de distúrbios gastrointestinais

Para  indivíduos com distúrbios gastrointestinais (síndrome do intestino irritável, doença  de  Crohn, colite  ulcerativa, gastrite,  prisão  de  ventre), o  óleo  CBD provou ser  eficaz  no  alívio  dos  sintomas  primários  dos  distúrbios  gastrointestinais,  como dor  e  inflamação,  além  de  sintomas  secundários,  como  ansiedade.  Para  pessoas  com problemas  gastrointestinais,  o  CBD  pode  aliviar  sintomas  como  inflamação,  dor, ansiedade  e  náusea.  O  óleo  CBD  é  eficaz  para  aliviar  esses  sintomas  em  grande  parte devido a sua interação com o sistema endocanabinoide do corpo.

Tratamento  de  doenças  autoimunes

A  Cannabis  tem potencial no tratamento de doenças autoimunes em que a inflamação crônica é muito presente — o caso de artrite,  lúpus,  colite, psoríase e esclerose múltipla.  A chave do potencial da maconha está em sua capacidade de reprimir algumas funções imunes,  principalmente a inflamação.

Pesquisas recentes sugerem que algumas moléculas ambientais, externas ao DNA, podem alterar seu funcionamento.  O estudo examinou se o tetra-hidrocanabinol (THC),  pode afetar o DNA através de caminhos epigenéticos. O  grupo  de  moléculas  com  capacidade  de  modificar  o  DNA  e  o  funcionamento  dos genes que controla é coletivamente designado como epigenoma. 

Ele é composto por  um  grupo  de  moléculas  chamadas  de  histonas,  que  são  responsáveis  pela inflamação, tanto benéfica quanto nociva.  Chegou-se à conclusão de que o THC pode modular as respostas imunológicas por meio de uma regulagem epigenética que envolve a modificação das histonas.

Combinação de canabinoides e tipos de doenças Para cada tipo de doença existe um tipo de combinação de canabinoides.  Esses estudos são feitos em laboratórios,  sejam eles dentro das universidades,  institutos e centros de pesquisas ou no mercado.  Veja alguns dos tipos de canabinoides utilizados para cada transtorno ou enfermidade,  e seus efeitos práticos.

 

Dr Eduardo Macedo Bernardes - Médico

 

 

Dra.Patricia Azevedo Janoni

Diretora Técnica da Clínica Embjanoni Especialista em Medicina Ortomolecular Integrativa e Saúde da Longevidade, Dermatologia clínica/Estética e Cosmiátrica, Perícia Médica e Medicina do Trabalho.

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Por Dra. Patrícia Janoni em 15/05/2021
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