Catarse do pix: a desconfiança como combustível nas redes

É preciso entender o ambiente que propiciou a catarse sobre o pix

Catarse do pix: a desconfiança como combustível nas redes

Via Pedro Barciela ICL

A decisão do governo de revogar a norma da receita que versava sobre a fiscalização de movimentações financeiras gerou impacto. Dentre eles, a repercussão nas redes nos indica caminhos para entendermos o incômodo – para além da atuação da oposição bolsonarista – dos usuários com o tema.

Ao analisarmos especificamente comentários feito nas principais publicações realizados após o anúncio da revogação, 32% concentram-se na interpretação de que a medida não seria uma taxação direta do Pix, mas uma forma de monitorar movimentações financeiras acima de R$ 5 mil, o que geraria cobranças de Imposto de Renda. Já 28% criticaram a gestão da comunicação governamental, destacando a falta de habilidade para esclarecer a medida e reverter a repercussão negativa nas redes. Por sua vez, o debate sobre “fake news” respondeu por 20% dos comentários: enquanto alguns acusaram figuras públicas de desinformação para gerar pânico, outros argumentaram que a própria falta de clareza do governo incentivou a disseminação de informações distorcidas. No mais, 12% enaltecem a pressão popular que obrigou o governo a recuar e 8% “alertam” que a revogação não elimina a possibilidade de tentativas futuras de implementar medidas semelhantes.

Nesse ambiente, para além da fake news sobre a taxação, fica nítido que a tentativa de veicular a fiscalização a uma taxação indireta – via Imposto de Renda – foi extremamente eficaz para os detratores. Essa abordagem explora a desconfiança e a percepção de descontentamento entre os usuários com o governo. Para tal, episódios recentes são lembrados com especial atenção para a “taxação das blusinhas”. Assim, para além de debates sobre a organicidade da catarse produzida pelo vídeo de Nikolas Ferreira, é essencial que o governo se atente para os elementos que embasaram essa catarse, em especial o sentimento de “descontentamento geral com o governo” que a oposição conseguiu emular nas redes sociais.

Por Jornal da República em 18/01/2025
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