CEHAB-RJ 58 anos: orgulhosa do passado, de olhos abertos para o futuro

 

Sinônimo de habitação popular para os fluminenses, a Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro comemorou mais um aniversário. Desde 1962, a CEHAB-RJ é a executora da política habitacional do Governo do Estado e tem como função social proporcionar moradias dignas para as famílias fluminenses de baixa renda. 

As primeiras realizações vieram com os grandes empreendimentos construídos com recursos do Programa Aliança para o Progresso, financiado pelos Estados Unidos, que buscava ampliar sua liderança continental no contexto da Guerra Fria. Foram erguidas na Zona Oeste: Vila Aliança (2.183 casas), em Bangu; Vila Esperança (464 casas), em Padre Miguel; e Vila Kennedy (5.054 casas), em Senador Camará. Esta última batizada em homenagem ao então presidente dos EUA, John F. Kennedy, assassinado meses antes da inauguração do conjunto.  

Inicialmente, as unidades receberam moradores desalojados de comunidades erradicadas na Zona Sul, como o Morro do Pasmado, em Botafogo, e a Favela da Praia do Pinto, entre o Leblon e a Lagoa. Vieram também moradores removidos da Zona Norte, como da favela Maria Angu, entre a Penha e Ramos, e da extinta Favela do Esqueleto, no terreno onde mais tarde foi erguida a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no Maracanã. 

Ainda no início da década de 1960, a Companhia também construiu na capital os conjuntos Dona Castorina, no Jardim Botânico, Álvaro Ramos, em Botafogo, Marquês de São Vicente, na Gávea, e Santo Amaro, na Glória. Os imóveis foram destinados, preferencialmente, a servidores públicos de menor renda. Com um total de 7.981 unidades habitacionais, esses projetos beneficiaram cerca de 40 mil pessoas. 

A partir de 1964, com a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH) e a disponibilização de recursos do FGTS para financiar a habitação popular, a CEHAB-RJ ampliou seus investimentos e construiu dezenas de outros conjuntos habitacionais. Destaca-se o Conjunto Dom Jaime Câmara, em Padre Miguel, com sete mil unidades e uma população de 35 mil pessoas, que foi considerado na época da inauguração o maior projeto habitacional da América Latina.

Na sequência de sua história, a Companhia atuou em vários outros programas habitacionais, em parceria com diferentes esferas governamentais. Construiu e loteou aproximadamente 160 mil unidades, beneficiando cerca de 640 mil pessoas, em programas como “Habitar Brasil”, “Geroe”, “Morar Feliz”, “Cada Família, um Lote”, “Ficam”, “Programa de Aceleração do Crescimento”, “Minha Casa, Minha Vida” e outros. 

Além de construir, a CEHAB-RJ também desenvolveu inúmeros programas de reforma dos conjuntos habitacionais. É o caso, por exemplo, do conjunto Prefeito Mendes de Moraes, em Benfica, conhecido popularmente como Pedregulho. Considerado um marco da arquitetura moderna – projetado por Affonso Reidy, com painéis de Cândido Portinari e paisagismo de Roberto Burle Marx – o conjunto tombado pelo IPHAN passou por um delicado processo de restauro que manteve suas características originais.

A excelência do trabalho da CEHAB-RJ já foi inúmeras vezes reconhecida. Pela urbanização do Morro do Preventório, em Niterói, por exemplo, recebeu em 2012 o Prêmio de Melhores Práticas da Caixa Econômica e o Prêmio ABC, da Associação Brasileira de Cohabs. No ano seguinte, pela construção do conjunto habitacional em Conceição de Macabu, recebeu novamente o Prêmio ABC. 

As intervenções da CEHAB-RJ, porém, vão além da construção e reforma de casas, incluem obras de infraestrutura de urbanização em áreas já consolidadas e ações de regularização fundiária. Trabalho cuja importância histórica atravessa os anos, com políticas públicas que se aprimoram, justamente porque a Companhia olha sempre para o futuro em busca das soluções urbanísticas mais apropriadas para melhorar a qualidade de vida no Estado do Rio. 

Agora em janeiro, por exemplo, com apoio da direção da Companhia, a Associação de Empregados da CEHAB-RJ vai lançar seu I Ciclo de Palestras – O papel da CEHAB na Habitação de Interesse Social. Aberto ao público, o evento vai reunir especialistas para aprofundar a discussão sobre temas como regularização fundiária, georreferenciamento, fontes de recursos, o papel social na urbanização de favelas e a interferência das mudanças climáticas no setor. 

Parabéns à CEHAB-RJ, “jovem senhora” que está sempre em busca de aperfeiçoamento, capacitação técnica e de escutar ativamente a população para ser capaz de desenvolver projetos de qualidade, que, de fato, atendam aos anseios de quem precisa de moradia. 

Que venham mais 58 anos de muito trabalho e realizações!

 Por Roberto Peçanha

Presidente da CEHAB-RJ (Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro).