Centro Especializado de Atendimento à Mulher de Três Rios atendeu mais de 700 pessoas e concorre ao Prêmio Innovare

Centro Especializado de Atendimento à Mulher de Três Rios atendeu mais de 700 pessoas e concorre ao Prêmio Innovare

“Minha vida estava conturbada por causa do que eu sofria no casamento. Eu procurava uma saída, mas estava perdida. Eu era maltratada, nada que eu falava valia e achava que estava sozinha. Passei aqui em frente e vi que era para atendimento à mulher. Vim escondida, a pé, pois não tinha o dinheiro da passagem. Fui muito bem acolhida e me encontrei”. O depoimento corajoso, empoderado e emocionante é da salgadeira Miria Maria Pinto, de 43 anos, que encontrou no Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) de Três Rios, no Centro-Sul Fluminense, o apoio e acolhimento que precisava para recomeçar. É na unidade em que ela é atendida, uma parceria entre o governo do estado e a prefeitura, que a “nova” Miria, usando um vestido novo, salto alto, cabelos tratados, maquiagem e com sorriso farto, dá este depoimento.

Tudo sob o olhar orgulhoso das profissionais do Ceam que a viram chegar, há cerca de oito meses, cabisbaixa e amedrontada. Os Centros Integrados/Especializados de Atendimento à Mulher, projeto da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, são espaços para desenvolvimento do programa de enfrentamento à violência contra a mulher. As unidades, em parceria com as prefeituras, funcionam como porta de entrada para atender mulheres em situação de violência.

- Aprendi a entender e a lidar com o que estava acontecendo. Eu era uma pessoa triste, que não me arrumava, não sabia nem andar sozinha. Me sentia culpada e achava que estava errada. Hoje, eu entendo que sofria violência doméstica. Com o apoio dos profissionais do Ceam, aprendi a me olhar no espelho e ver que eu tinha brilho, que era linda e que tinha o mundo pela frente. Aqui, me tornei uma estrela que voltou a brilhar – enfatizou a salgadeira Miria, que hoje está divorciada, é empreendedora e cuida dos três filhos.

Ao todo, são dez centros distribuídos em diversos municípios do Estado do Rio de Janeiro. Em 2021, essas unidades realizaram 10.311 atendimentos.

- O Ceam é um espaço de apoio, acolhimento e proteção às mulheres que têm seus direitos violados. As agressões contra as mulheres não se limitam ao ato físico, também são violências psicológicas, emocionais, patrimoniais e financeiras. O Ceam é um dos vários instrumentos da rede de apoio do governo do estado para garantir a segurança, proteção e oportunidade para essas mulheres a romperem com o ciclo de violência que estão vivendo e recomeçarem suas vidas - enfatizou o governador Cláudio Castro.

Nos Centros são elaborados diagnósticos preliminares da situação concreta de violência, encaminhamento à rede de serviços, acompanhamento do atendimento e oferta de orientações gerais, além de atendimento psicológico, social e jurídico.

- Hoje esses locais se tornaram uma rede de acolhimento fundamental para ajudar a mudar a vida de milhares de mulheres a cada ano. É um trabalho de longo prazo, de conquista de confiança, mas que tem o potencial de realmente mudar a vida dessas mulheres, por isso seguimos expandindo essa rede e levando os Centros de Atendimento à Mulher para o interior do estado, para municípios onde a rede de acolhimento é menor, onde essa ajuda do estado é ainda mais fundamental - afirmou o secretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado, Julio Saraiva.

A unidade de Três Rios tem apenas nove meses e já ajudou 733 mulheres, entre elas a Miria.

- Nossa gestão tem o compromisso de cuidar das pessoas, com respeito e amor ao próximo. Três Rios conta com profissionais, principalmente no Ceam, que atendem nossas mulheres nos momentos mais complicados. Sempre digo à nossa equipe que devemos nos colocar na posição daquele que necessita de uma mão amiga, de proteção. Temos orgulho de contar com um local onde nossas cidadãs são cuidadas e acolhidas com total respeito e apoio jurídico -  comentou o prefeito de Três Rios, Joa.

Disputa por prêmio Innovare
O espaço, localizado no Centro da cidade, está inscrito no reconhecido Prêmio Innovare, que há 19 anos atua para estimular a criação de soluções que colaborem para tornar a Justiça brasileira mais célere e resolver problemas de acesso da população ao Judiciário.

- Desde a abertura do Ceam, não houve mais casos de feminicídio na nossa cidade e sem episódios de reincidência de agressão. Participar do Prêmio Innovare é uma grande alegria, pois identificamos que o Ceam cumpre todos os requisitos e ainda inova, por exemplo, com a solicitação direta ao Judiciário de medida protetiva e entrega de cesta básica a vítimas – destacou o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos de Três Rios, Pedro Henrique Brasil, enfatizando que a unidade é a única a funcionar 24 horas por plantão de sobreaviso.

A equipe do Centro Especializado de Atendimento à Mulher é formada por psicólogos, assistentes sociais e advogadas para atender às vítimas de violência doméstica.

- Essas mulheres chegam espontaneamente ou encaminhamento de outros órgãos. Toda equipe se mobiliza para fazer o atendimento e identificar se a demanda é social, jurídica ou psicológica. A parte social é voltada para inserir essa mulher no mercado de trabalho e em cursos profissionalizantes. A jurídica oferece orientações e medida protetiva. Na psicológica, tentamos trazer o fortalecimento e a transformação para essa mulher, seja em atendimento individual ou em grupo – explicou a psicóloga Isabella Kopke.

Rede de apoio à mulher em Três Rios
A rede de apoio no município de Três Rios é bem ampla e conta, inclusive, com iniciativas da sociedade civil. O Governo do Estado do Rio de Janeiro tem outros dois equipamentos de enfrentamento à violência contra a mulher: a Patrulha Maria da Penha – Guardiões da Vida e a 108ª Delegacia de Polícia:

- Como o Ceam não investiga e fiscaliza diretamente, essa parceria é muito importante. É um trabalho que flui e rende bons frutos, no sentido de cada um entender seu papel, para que possamos trabalhar juntos e garantir os direitos das mulheres – explicou a subsecretária de Assistência Social e Direitos Humanos de Três Rios, Claudilene Pereira. (Do site do Governo do Estado)

Por Jornal da República em 12/05/2022
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