Cervone diz que reindustrialização é decisiva para maior crescimento do PIB

Apenas os países que elevaram a participação da indústria no PIB acima de 20% conseguiram crescimento anual de 4%; Proporção atual no Brasil é de apenas 11,3% anexo 1

 Cervone diz que reindustrialização é decisiva para maior crescimento do PIB

Apenas os países que elevaram a participação da indústria no PIB acima de 20% conseguiram crescimento anual de 4%; Proporção atual no Brasil é de apenas 11,3% anexo 1

Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), disse ter sido importante, mas insuficiente ante as necessidades socioeconômicas nacionais, o crescimento do PIB de 2,9% em 2022, conforme divulgou nesta quinta-feira (2/03) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “E é preocupante verificar queda de 0,2% no quarto trimestre, interrompendo uma sequência de cinco períodos positivos, sinalizando tendência de retrocesso, que precisa ser rapidamente neutralizada”.

O dirigente salientou que uma das razões principais do recuo nos últimos três meses do ano passado, segundo opinião praticamente unânime dos economistas, é a elevadíssima taxa de juros, que começa a apresentar impacto efetivo na economia. “Há, ainda, conhecidas questões crônicas que obstaculizam o nível de atividade, como impostos altos, instabilidade do câmbio, insegurança jurídica e todo o acervo danoso do ‘Custo Brasil’, que encarece em R? 1,5 trilhão por ano o custo operacional das empresas em nosso país em relação à média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), como demonstra estudo do Boston Consulting e entidades de classe”.

Além de todos esses fatores pontuais e crônicos, Cervone apontou uma questão crucial: a indústria só avançou 1,6% em 2022. “Este é um fator inibidor da meta de crescimento econômico de pelo menos 4% ao ano, índice necessário à recuperação do mercado de trabalho e aumento do patamar médio de renda. Porém, só conseguiram isso as nações que elevaram a participação da indústria na economia acima de 20%”, alertou, lembrando: “O PIB de nosso país, que entre 1950 e 1980 apresentou aumento médio anual de 7% alicerçado na manufatura e na infraestrutura, foi perdendo fôlego à medida que o parque fabril foi sendo minado em sua competitividade pelos problemas nacionais”.

Para o dirigente, tal relação não é mera coincidência. “Afinal, a indústria é responsável por quase 70% dos gastos privados em P&D, responde por mais de 50% de nossas exportações, estabelece relações de trabalho majoritariamente formais e paga salários acima da média nacional. Assim, o crescimento sustentado da economia brasileira não será alcançado sem o seu fortalecimento”.

Por isso, é preciso promover a reindustrialização, com ações e estratégias modernas, planejamento para o curto, o médio e o longo prazo, subsidiado por inovação e que proporcione linhas especiais de crédito, incentivos à produção, regime tributário indutor de investimentos e incentivo às pequenas empresas. “A indústria precisa de uma política pública de Estado, e não de governos, para dar suporte ao crescimento sustentável da economia nacional acima das pífias médias às quais temos assistido nas últimas décadas”, concluiu Cervone.

 

Por Jornal da República em 02/03/2023
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