CHAPA BOULOS- MARTA, MAIS UMA INCOERÊNCIA DA POLITICA BRASILEIRA

CHAPA BOULOS- MARTA, MAIS UMA INCOERÊNCIA DA POLITICA BRASILEIRA

A possível chapa entre Guilherme Boulos (PSOL) e Marta Suplicy (sem partido) para a prefeitura de São Paulo em 2024 tem gerado reações diversas no cenário político. A ex-prefeita, que já foi do PT, do MDB e do Solidariedade, aceitou o convite do presidente Lula para se filiar novamente ao partido e ser a vice de Boulos, que conta com o apoio do PDT, do PCdoB e do próprio PT

A aliança entre Boulos e Marta pode ser vista como uma contradição política, já que eles representam projetos e trajetórias distintas. Boulos é um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que luta por moradia popular e reforma urbana. Ele foi candidato à presidência em 2018 pelo PSOL, um partido de esquerda radical, oriundo de uma dissidência do PT e que já fez oposição raivosa aos governos do PT. defende pautas como a taxação das grandes fortunas, a legalização do aborto e das drogas, e a desmilitarização da polícia.

Marta, por sua vez, é uma política tradicional, que já ocupou cargos de prefeita, senadora e ministra. Ela saiu do PT em 2015, após divergências com o partido e com o presidente Lula. Ela se filiou ao MDB, um partido de centro-direita, que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff e a eleição de Michel Temer. Ela também participou do governo de João Doria (PSDB), atualmente era secretaria do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que a exonerou a partir do momento em que ela aceitou o convite do presidente Lula.

A aproximação entre Boulos e Marta pode ser explicada por uma estratégia eleitoral, que visa ampliar o leque de apoio e atrair os eleitores mais a direita, mas para isso, melhor seria ela se filiar a um partido da direita e não ao PT. Marta tem uma boa avaliação como ex-prefeita e pode agregar votos das classes médias e dos setores mais moderados da esquerda. Boulos, por sua vez, pode se beneficiar da popularidade de Lula e da militância do PT, além de manter o seu eleitorado mais jovem e progressista.

No entanto, a aliança entre Boulos e Marta também pode gerar críticas e resistências, tanto de seus adversários quanto de seus aliados. Os opositores vão acusar a chapa de ser oportunista, incoerente e contraditória, já que Boulos e Marta têm históricos e propostas diferentes. Os apoiadores podem questionar a confiabilidade e a fidelidade de Marta, que já trocou de partido várias vezes e se aliou a forças conservadoras. Além disso, a chapa pode enfrentar dificuldades para conciliar as demandas e as expectativas de seus diversos apoiadores, que podem ter interesses conflitantes.

A chapa entre Boulos e Marta ainda não está oficializada, mas já sinaliza um cenário de disputa acirrada para a prefeitura de São Paulo em 2024. A aliança pode ser um trunfo ou um tiro no pé para os dois candidatos, que terão que lidar com as contradições políticas que envolvem a sua parceria.

Por essas e outras que o povo avalia tão mal os políticos e os partidos.

 Até a próxima semana

Filinto Branco - colunista politico

Por Jornal da República em 13/01/2024
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