China reforça imagem de fiadora da ordem global em meio ao caos gerado pelos EUA

País governado por Xi Jinping se apresenta ao mundo como um pilar de estabilidade

China reforça imagem de fiadora da ordem global em meio ao caos gerado pelos EUA

A China se posiciona como um pilar de estabilidade e defensora do multilateralismo em um momento de crescente turbulência geopolítica, impulsionada pelas políticas agressivas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (3), Lou Qinjian, porta-voz do Congresso Nacional do Povo (NPC), enfatizou que Pequim continuará promovendo a globalização econômica, buscando cooperações estratégicas e reforçando laços com o Sul Global. As declarações de Lou foram publicadas pelo South China Morning Post.

Seis semanas após reassumir a presidência, Trump vem desestabilizando relações internacionais ao impor tarifas sobre aliados, aproximar-se da Rússia e suspender o apoio militar à Ucrânia após um confronto verbal com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca. Diante desse cenário, Pequim busca consolidar-se como um parceiro global mais previsível e confiável que Washington.

Resposta às tarifas e reafirmação da soberania

Trump anunciou na terça-feira um aumento de 10% nas tarifas sobre importações chinesas, elevando para 20% o total de sobretaxas desde o início de seu novo mandato. Pequim respondeu com tarifas de 10 a 15% sobre produtos agropecuários e alimentícios dos EUA, além de adicionar 25 empresas norte-americanas à sua lista de restrição de exportação.

Lou enfatizou que a China não aceitará “pressão e ameaças” e garantiu que o país protegerá seus interesses nacionais com firmeza. “Esperamos que os EUA se engajem em um diálogo mutuamente respeitoso para encontrar soluções por meio de consulta igualitária”, declarou.

Relação com a Europa e o fortalecimento do Sul Global

A crise gerada pelo protecionismo norte-americano também abre espaço para uma reaproximação sino-europeia. Apesar de tensões recentes devido à guerra na Ucrânia e a questão da capacidade industrial da China, Pequim busca fortalecer laços comerciais com a União Europeia. Segundo Lou, “China e Europa não têm conflitos geopolíticos fundamentais e podem complementar-se economicamente”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, indicou uma postura mais pragmática, sugerindo que há espaço para aprofundar os laços comerciais em um cenário global cada vez mais competitivo e transacional.

Lou também reforçou que a China se considera parte do Sul Global e tem um compromisso histórico com a cooperação Sul-Sul. Para ele, a ascensão coletiva dessas nações é “uma marca distintiva das transformações globais em curso”.

Desafios domésticos e aposta na inovação

Internamente, Pequim enfrenta desafios como a queda na confiança dos investidores, pressões deflacionárias e um aumento do desemprego. Entretanto, a ascensão de startups chinesas no setor de inteligência artificial, como a DeepSeek, sinaliza um caminho de crescimento baseado na inovação tecnológica.

Durante a sessão do NPC, que começa nesta quarta-feira (5), a atenção estará voltada para o pacote de estímulo econômico do governo e suas estratégias para enfrentar o cerco comercial imposto por Washington.

Enquanto os EUA seguem aprofundando uma política isolacionista, Pequim aproveita a oportunidade para se consolidar como um ator estabilizador na cena global, reforçando o multilateralismo e ampliando seu papel na reconfiguração da economia mundial.

Por Jornal da República em 05/03/2025
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