Colando pedaços!

Colando pedaços!

“No Japão existe uma técnica chamada de Kintsugi, que consiste em colar cerâmica quebrada e, depois, passar um esmalte dourado nas rachaduras. Assim  o  objeto,  além  de  se  tornar uma  peça única,  começa  uma  nova vida. Os defeitos são  partes inseparáveis  da  história  dos  objetos e  eles precisam ser aceitos,e até destacados;mas,jamais,escondidos!

Com relação aos  nossos defeitos e às nossas cicatrizes é a  mesma coisa, pois são eles que nos fazem ser o que realmente somos! Eles fazem parte de nós e dificilmente conseguiremos escondê-los. Nem devemos! Não existe uma pessoa sequer perfeita! Cada um de nós tem a sua própria história que, por ser única, é  mágica e maravilhosa: com  suas virtudes e seus  defeitos;  com  os  seus  erros  e  os  seus  acertos;  e com  suas incicatrizáveis cicatrizes.

”Ora, muitas mensagens no Instagram e no Facebook são lindas! Nelas as lições de vida se espalham como folhas ao vento, e todos nós parecemos ser perfeitos como vasos intactos. Se todos nós agíssemos de acordo com a  filosofia  que  divulgamos, em  pouco  tempo  o  mundo  seria  um  local perfeito para se viver. O conteúdo das belas mensagens e lições são esquecidos logo depois que as escrevemos ou postamos, e a virtude lida e aprendida logo se perde no espaço, um pouco depois do jornal ou da novela, ou das discussões sobre política  nas  quais  só  eu  e  você  estamos  sempre  certos,  e só  eu  e  você temos  sempre  razão.  Os  outros  não!"

O  inferno  são  os  outros",  disse Sartre. Logo,  vamos  refletir  sobre  isto  e vamos  nos  tornar  mais  respeitosos, no mínimo mais tolerantes com todas as pessoas.

Não vamos quebrar vasos e 2 vidas porque, diferentemente do que acontece na técnica Kintsugi, seres humanos dificilmente aceitam  remendos,  muito  menos esmalte  dourado por cima.

Por Wanderley Rebello Filho

Advogado, Vice-Presidente da ANI e Diretor da Escola de Prerrogativas da OAB/RJ

Por em 24/06/2022
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