Como a Agricultura Transformou o Norte e Noroeste do Rio em Quase Deserto

O Último Sopro Verde: A Luta Pela Sobrevivência da Mata Atlântica no Norte e Noroeste Fluminense

Como a Agricultura Transformou o Norte e Noroeste do Rio em Quase Deserto

Eco de Uma Tragédia: Como Perdemos 97% da Mata Atlântica no Rio

As regiões Norte e Noroeste do estado do Rio de Janeiro enfrentam uma crise ambiental sem precedentes. A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos e diversificados do planeta, foi reduzida a meros 13,16% de sua extensão original até o ano de 1985, conforme revela um estudo conjunto da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e da Universidade Federal Fluminense (UFF). Esta drástica diminuição, resultado principalmente da expansão agrícola e da pecuária, coloca em xeque não apenas a biodiversidade da região, mas também a qualidade de vida de suas comunidades.

A pesquisa, publicada na revista científica “Ambiente & Sociedade”, aponta para uma fragmentação alarmante da floresta, agora reduzida a pequenos oásis de verde em meio a um mar de cultivos e pastagens. A Floresta Ombrófila Densa Alto Montana emerge como um bastião de resistência, preservando 88% de sua cobertura original. No entanto, a urbanização desenfreada, marcada pela ocupação irregular de morros e encostas, ameaça até mesmo esses redutos.

Patrícia Marques, pesquisadora da UENF, destaca as consequências dessa fragmentação: "Em uma floresta fragmentada, muitos animais ficam impossibilitados de transitar por áreas abertas. Até mesmo a dispersão de plantas é afetada, pois muitas delas dependem de animais para levar suas sementes para outras áreas". A perda da vegetação não é apenas uma questão ambiental, mas também humana, com deslizamentos de terra causando mortes e destruição.

Apesar dos desafios, o Rio de Janeiro ainda se destaca por sua cobertura de Mata Atlântica, com cerca de 29,9% de floresta remanescente em 2018. Contudo, menos de 8% da vegetação do Norte e Noroeste fluminense está sob alguma forma de proteção legal, e a região testemunhou uma perda de 16% de sua vegetação em 35 anos. A necessidade de políticas públicas voltadas para a conservação e recuperação dessas áreas é mais urgente do que nunca.

A situação é agravada pela seca severa que assola o Norte e Noroeste do estado, com especialistas prevendo a possibilidade de transformação dessas regiões em áreas semiáridas nos próximos 10 a 15 anos. A crise climática, exacerbada pela perda da cobertura vegetal, ameaça não apenas a biodiversidade, mas também a economia local e o abastecimento de água.

Neste contexto, as palavras de Nelson Mandela ressoam com urgência: "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo". A conscientização e ação coletiva se fazem necessárias para reverter esse quadro desolador. A Mata Atlântica do Norte e Noroeste fluminense clama por socorro, e é dever de todos nós atender a esse chamado.

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RIO Agro - Do Café ao Quase Deserto: Norte e o Noroeste do Rio pode virar sertão em 10 anos - Ultima Hora Online https://www.ultimahoraonline.com.br/noticia/rio-agro-do-cafe-ao-quase-deserto-norte-e-o-noroeste-do-rio-pode-virar-sertao-em-10-anos De grão em grão, o deserto se fez: a saga do Norte e Noroeste Fluminense

RIO + Agro - Do Café ao Quase Deserto: Norte e o Noroeste do Rio pode virar sertão em 10 anos

Localidade do Bananal de Itaperuna

RIO + Agro - Do Café ao Quase Deserto: Norte e o Noroeste do Rio pode virar sertão em 10 anos

Como a Agricultura Transformou o Norte e Noroeste do Rio em Quase Deserto - Parte 2

De grão em grão, o deserto se fez: a saga do Norte e Noroeste Fluminense

Em terras onde o café reinava, hoje se espreita o fantasma da desertificação. A Região Noroeste Fluminense, outrora coberta pela exuberante Mata Atlântica, hoje dá sinais de que, de fato, "quem tudo quer, tudo perde". A ocupação e exploração desenfreada por café, cana-de-açúcar e gado leiteiro deixaram mais do que saudades: deixaram um legado de degradação.

Quem diria que a região, famosa pelo "ouro verde" do café, viria a enfrentar um futuro onde chuvas são como visitas de cometa: raras e imprevisíveis? Entre secas severas e chuvas torrenciais, a terra sofre, e a erosão faz a festa. Como bem diz o ditado, "depois da tempestade, não vem a bonança", mas sim, mais erosão e desafios para a flora e fauna locais.

A transformação não parou por aí. Rios que antes eram perenes hoje brincam de esconde-esconde, aparecendo apenas em certas épocas do ano, complicando a vida da flora aquática e dos agricultores, que já não sabem mais se plantam ou se rezam por um clima mais ameno.

Mas como em toda boa história, sempre há uma luz no fim do túnel. Projetos como o Frutificar surgiram como o cavaleiro branco, prometendo revitalizar a economia através da fruticultura irrigada, apostando em práticas mais sustentáveis e diversificadas, mas não foi para frente.

Incentivos fiscais de ICMS também foram dadas aos produtores de leite, mas mesmo assim a quebradeira foi geral, as cooperativas de Leite se arrastam em dívidas.

A lição que fica é clara: "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". A persistência na busca por soluções e alternativas sustentáveis pode, sim, reverter o quadro de degradação. Mas é preciso agir rápido, pois como diz o ditado, "o futuro pertence àqueles que se preparam para ele hoje".

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Entre o Verde e o Seco: A Batalha do Noroeste Fluminense

Sertão fluminense: o avanço do semiárido no norte e noroeste do Rio

No coração do estado do Rio de Janeiro, uma paisagem que mais se assemelha ao sertão nordestino vem se desenhando com contornos cada vez mais definidos. As regiões Norte e Noroeste do estado, conhecidas por suas estiagens prolongadas, estão à beira de uma transformação climática que pode redefinir seu futuro e o de seus habitantes. A média anual de precipitação nessas áreas, já abaixo dos 800mm, sinaliza uma tendência alarmante: a possibilidade de se tornarem semiáridas nas próximas décadas.

João e Frank Moraes, irmãos que pastoreiam o gado em Cardoso Moreira, são testemunhas vivas dessa mudança. "Verde só tem na beira do rio", lamenta João, enquanto observa o capim queimado que alimenta seu gado magro. A realidade deles é um retrato da crise que se instala, onde a produção de leite cai e a sobrevivência se torna um desafio diário.

Chuvas Escassas e o Fantasma da Desertificação

A precipitação média anual, mais baixa da Bacia do Rio Paraíba do Sul, e o relevo desolado próximo ao Rio Muriaé, em Itaperuna, são evidências claras da severidade do problema. José Carlos Mendonça, professor de agrometeorologia e doutor em Produção Vegetal da Uenf, destaca a crescente aridez e a redução no volume de chuvas como sinais de um futuro preocupante. "Já vivemos, todos os anos, pelo menos três a cinco meses de clima que se assemelha ao de savanas", alerta.

A Luta pela Sobrevivência e a Busca por Soluções

Diante desse cenário, a comissão especial da Câmara em Brasília discute a criação de um fundo para áreas afetadas pelas estiagens no Norte e Noroeste Fluminense, uma medida que se faz urgente. Enquanto isso, pequenos produtores como César Augusto Passos da Silva enfrentam dificuldades crescentes para alimentar os animais e garantir água para consumo próprio. "A prefeitura prometeu poços artesianos, mas nunca fez", desabafa César, evidenciando a necessidade de ações concretas e imediatas.

Entre a Esperança e a Ação: O Caminho para o Futuro

A situação exige uma resposta rápida e eficaz. A adoção de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade, o manejo adequado dos recursos naturais e a implementação de projetos que visem à recuperação das áreas degradadas são passos essenciais para evitar que o Norte e Noroeste Fluminense se transformem em um novo sertão. 

Em meio a essa encruzilhada de desafios e oportunidades, a matéria evoca a sabedoria de Rui Barbosa: "A pior ditadura é a do meio ambiente. Contra ela, não há a quem recorrer". A luta contra a desertificação no Norte e Noroeste do Rio de Janeiro é um chamado à ação, um apelo por políticas públicas eficazes e pela mobilização de todos em defesa de um futuro sustentável.

Os principais aspectos:

- O Norte e Noroeste Fluminense, regiões hoje subúmidas secas, podem se tornar semiáridos em 10 a 15 anos devido às mudanças climáticas. Alguns municípios como Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira e São Francisco de Itabapoana já vivem de 3 a 5 meses por ano com clima semelhante ao de savanas.

- As chuvas estão mais escassas e mal distribuídas, com temporais que provocam inundações. A média anual de precipitação em algumas áreas já fica abaixo dos 800mm, índices semelhantes aos de trechos do Nordeste. 

- Isso tem impactado a produção agropecuária, com animais mais magros, queda na produção de leite e obstáculos para os agricultores tirarem sustento do campo. Pequenos produtores sem recursos sofrem ainda mais com as secas.

- Do plantio de cana à pecuária, há redução da atividade econômica. Rios importantes como o Paraíba do Sul têm baixa vazão, com surgimento de ilhas e bancos de areia.

- Em 2017, um dos anos mais severos, 18 dos 22 municípios decretaram emergência, com perda de rebanhos e cenas de terra rachada como no sertão. Os prejuízos ultrapassaram R$ 70 milhões.

- Desmatamento elevado e mau uso do solo e recursos hídricos agravam o quadro. Se nada for feito, especialistas alertam para o empobrecimento ainda maior da população dessas regiões, que já têm os menores IDHs do estado.

- Na Câmara dos Deputados, uma comissão especial discute a criação de um fundo para desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense, como medida para tentar mitigar os impactos das mudanças climáticas nessas áreas.

 

Por Jornal da República em 24/04/2024
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