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A rede social X, pertencente ao bilionário Elon Musk, suspendeu diversas contas de figuras da oposição na Turquia, enquanto manifestações tomam as ruas após a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem ?mamo?lu. A decisão levanta questionamentos sobre a alegada defesa da liberdade de expressão por parte da plataforma.
A detenção de ?mamo?lu ocorreu poucos momentos antes de sua nomeação como candidato presidencial pelo Partido Republicano do Povo (CHP), principal legenda de oposição ao governo de Recep Tayyip Erdo?an. Em resposta, protestos se espalharam pelo país, apesar de uma proibição governamental de reuniões públicas por quatro dias.
Os atos de oposição foram impulsionados, principalmente, por estudantes universitários. No entanto, muitos dos que compartilharam informações sobre os protestos nas redes sociais tiveram suas contas suspensas. "Muitas dessas contas pertencem a ativistas de base com um número significativo de seguidores, alguns na casa das dezenas de milhares", afirmou Yusuf Can, analista do Programa do Oriente Médio do Wilson Center, a um jornal local.
A censura parece ser parcial em alguns casos, atingindo apenas usuários localizados dentro da Turquia. O ativista Ömer Faruk Aslan relatou que sua conta foi bloqueada por ordem judicial após ultrapassar 6 milhões de visualizações. Para contornar a restrição, ele criou um novo perfil na plataforma.
Paralelamente, o governo turco tem reforçado a repressão contra manifestantes. De acordo com o ministro do Interior, Ali Yerlikaya, 343 pessoas foram presas durante a terceira noite de protestos em cidades como Istambul, Ancara, Izmir e Adana. Ele também informou que 326 contas de mídia social foram identificadas como incitadoras de "discurso de ódio", resultando na detenção de 54 indivíduos.
A legislação turca permite esse tipo de bloqueio, amparada por uma lei de 2022 que amplia o controle estatal sobre conteúdos digitais. Não é a primeira vez que a X atende a pedidos do governo de Erdo?an. Durante as eleições de 2023, a plataforma restringiu postagens para, segundo comunicado oficial, "garantir que o Twitter permaneça acessível ao povo turco".
Elon Musk justificou a atitude afirmando que "a alternativa seria restringir totalmente o Twitter" e prometeu divulgar publicamente as solicitações de remoção feitas por governos. Dados recentes apontam que, no segundo semestre de 2024, a X acatou 86% dos pedidos de remoção de conteúdo vindos da Turquia, um aumento significativo em relação aos 68% registrados no semestre anterior.
O endurecimento das restrições também impactou outras redes sociais. Segundo o monitoramento da NetBlocks, plataformas como TikTok, Instagram e YouTube enfrentam dificuldades de acesso no país, reforçando um cerco digital contra a dissidência política. Enquanto isso, opositores buscam alternativas para continuar divulgando suas manifestações e denunciar a repressão em curso.
Fonte: Urbsmagna
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