Conexões entre o Amor e as Tecnologias

Por Silvia Blumberg

Conexões entre o Amor e as Tecnologias

Em meados de 2017, recebi um contato por e-mail de uma empresa paulista chamada We Ar. Era um convite para participar de um concurso que prometia uma experiência única: um HACKATON com o desafio de desenvolver wearables. Me surpreendi com o convite e, mente aberta que sou, comecei a investigar suas definições.

"Wearables", traduzido do inglês, significa dispositivos tecnológicos que podem ser usados como acessórios ou vestíveis. Hoje, os mais populares são os smartwatches e smartbands, que se destacam por monitorar a saúde. Quanto ao "HACKATON", trata-se de um evento que combina programação e maratona, reunindo programadores, designers e outros profissionais para desenvolver software em um curto período, ideal para inovação e resolução de problemas.

Decidi aceitar o desafio e passei um final de semana no Instituto Europeu de Design, trabalhando incansavelmente em um projeto que monitorava a gestação de mulheres grávidas. A ideia era criar um acessório que sinalizasse os movimentos do bebê através de luzes LED na roupa da futura mãe. Foi uma experiência surreal que transformou minha criatividade e me fez repensar meu papel e as possibilidades da tecnologia em minha vida e carreira.

Desde então, participei de dezenas de maratonas de HACKATON, evoluindo de participante para mentora e jurada. O mundo da tecnologia e inovação me envolveu por completo.

No final de 2021, tive a honra de apresentar o Rio Innovation Week à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. Durante a visita em janeiro de 2022, fiquei fascinada pelo evento. E na edição deste ano, que aconteceu recentemente, participei de dois painéis: um sobre Venture Capital, Diversidade e Inclusão, e outro sobre Economia Criativa e Impacto.

Em um café da manhã promovido por amigos da Câmara de Comércio Brasil Israel, tive a oportunidade de conhecer Uri Levine, israelense , cofundador da startup desenvolvida em Israel batizada de Waze, uma figura notável e simples. Uri, um homem generoso, compartilhou valiosas lições sobre a importância de tomar decisões, mesmo que possam estar equivocadas, enfatizando que a verdadeira falha é não tomar nenhuma decisão.

Uri recomendou seu livro recém-lançado no Brasil, "Apaixone-se pelo Problema Não Pela Solução," considerado uma bíblia para empreendedores por Steve Wozniak, cofundador da APPLE. O livro narra a jornada de Uri como mentor de startups e destaca como ele combina lógica e emoção para resolver problemas que impactam muitas pessoas, focando na relevância do problema e no público final.

Em 2013, o Waze foi vendido ao Google por 1 bilhão de dólares, e hoje, em 2023, possui 140 milhões de usuários em todo o mundo, incluindo 16 milhões no Brasil. O Waze não é apenas uma aplicação de georreferenciação; é um otimizador de navegação baseado em crowdsourcing de informações de mapas e tráfego em tempo real.

Meu encontro com Uri deixou uma marca indelével. Ele demonstrou como o dinheiro veio como consequência de sua persistência e resiliência ao buscar soluções para problemas que afetam muitas pessoas. Sua abordagem simples e humanitária é inspiradora.

Eu poderia continuar falando sobre como a tecnologia economiza tempo e energia, como ela nos ajuda a conhecer novas pessoas e até mesmo encontrar o amor. No entanto, em menos de 24 horas após nosso encontro, o grupo terrorista Hamas atacou Israel, desviando minha atenção.

Estamos acompanhando em tempo real o massacre contra a população civil israelense e o contra-ataque em Gaza. Nesse momento, as tecnologias e inovações parecem distantes diante da triste realidade que a violência traz. É fundamental que o mundo reconheça as contribuições dos judeus em diversas áreas estratégicas e, mais importante, que a paz seja restaurada o mais rápido possível.

O encontro com Uri, um homem que busca soluções para problemas globais, e a atual situação em Israel, são lembretes poderosos de que, mesmo em um mundo movido pela tecnologia, nossa humanidade e a busca pela paz continuam sendo as questões mais cruciais e fundamentais de todas.

Por Jornal da República em 12/10/2023
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