Coordenador de assuntos LGBTQIA+ de Maricá, Carlos Alves, repudia ataque a aluno trans de colégio federal em Maricá e denuncia o caso de transfobia

Max Marinho, de 18 anos, ao lado de membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB na porta da 82ª DP (Maricá)Reprodução

Coordenador de assuntos LGBTQIA+ de Maricá, Carlos Alves, repudia ataque a aluno trans de colégio federal em Maricá e denuncia o caso de transfobia

Max Marinho Castro, de 18 anos, diz ter sido alvo de comentários, constrangimento e ameaças por decidir usar banheiro masculino. Caso foi registrado na Polícia Civil.

O Coordenador de assuntos LGBTQIA+ da Secretaria Municipal de Participação Popular, Direitos Humanos e Mulher de Maricá, Carlos Alves, repudiou e afirmou em nota a Ultima Hora que:

"A Coordenadoria Municipal LGBTQIA+ recebeu denúncia de professores do IFF de caso de transfobia. Foi relatado ao Coordenador Carlos Alves pela professora Manuela de recorrentes provocações contra um aluno jovem homem Trans por parte de jovens que tentam impedir o uso do banheiro masculino pelo jovem. Na sexta pela manhã, Carlos Alves coordenador LGBTQIA+ da Secretaria de Direitos Humanos e Presidente do Conselho Municipal LGBT Maricá, junto com Jorge Paes Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Maricá, com outros membros da Comissão, acompanharam o estudante Max jovem homem Trans aluno do IFF de Maricá, para registro BO sobre caso de assédio e ameaça que grupos de alunos transfóbicos que devem ser estimulados por seus pais e um vereador fascista da cidade, que tem perseguido e vem constrangendo Max, tentando impedir que ele utilize o banheiro masculino. 

A direção IFF tem apoiado o aluno, e se baseia na resolução No. 12 de 2015 do Conselho Nacional LGBTQIA+ que assegura o livre uso de banheiros pelas pessoas Trans respeitando suas identidades de gênero.

Estamos dando todo apoio a Max e seguiremos defendendo seus direitos e de todas as pessoas Trans.

Pelos Direitos Civis das pessoas Trans de Maricá."

O aluno trans, uma ocorrência na Polícia Civil onde denúncia estar sendo alvo de preconceito por utilizar o banheiro masculino da unidade no Campus Avançado do IFF Maricá, Região Metropolitana do Rio. Max Marinho Castro, de 18 anos, alega que comentários, ameaças e constrangimentos praticados por outros estudantes, todos menores de idade, começaram já no início do ano letivo, em abril.

Segundo o estudante, os ataques eram praticados por alunos adolescentes que se incomodavam com o fato de ele utilizar o banheiro masculino. A 82ª DP (Maricá) investiga. 

"Tudo começou quando um garoto cis foi reclamar com a mãe dizendo que uma 'menina', no caso eu, que se dizia menino, estava usando o banheiro masculino. Ele disse para ela que estaria incomodado com essa situação e essa mãe foi reclamar no grupo de pais, que não é oficial. Criou-se uma discussãozinha e beleza. Isso faz alguns meses atrás. Foi passando e passando, com essa discussão voltando. Então, esse garoto, com os colegas dele começaram a fazer piada, comentários ofensivos e postagens no Instagram com legendas transfóbicas", comentou o aluno.

Os ataques se agravaram nas últimas semanas, após o aluno trans responder ao que seria mais uma das provocações. As piadas aconteceram durante uma palestra sobre gênero promovida pelo próprio Núcleo de Gênero e Diversidade do IFF. 

"Vi eles fazendo piadas e subi lá no palco. Contei abertamente que esse garoto estava agindo de maneira totalmente errada. A partir disso, que foi há mais ou menos duas semanas, a situação escalonou de uma maneira muito grande. Comecei a receber ameaças. Uma delas onde esse mesmo garoto me filmou dentro do banheiro. Não só ele, mas também recebi ameaças de outros garotos e ainda de alguns pais desses alunos", relatou o jovem.

As ameaças foram denunciadas por Max junto a direção do Instituto Federal, mas ele alega que há muita demora na solução do caso. "Esses garotos continuam lá. Não fizeram nada com eles. Eles seguem na escola. A direção só falou, mas não fez nada", criticou o aluno trans, que já havia sido alvo de preconceito em outra ocasião no ano anterior: "Já tinha feito outra denúncia parecida no ano passado, mas nada foi feito. Não foi nesse nível de agora, mas nada aconteceu", lamentou o aluno.

A ida de Max a delegacia de polícia foi acompanhada por membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Maricá. Nas redes sociais, o órgão reforçou que "transfobia é crime" e que a cidade de "Maricá não naturaliza crime". 

"Hoje, as Comissões de Direitos Humanos e de Educação da OAB-MARICÁ, juntamente com o Conselho Municipal LGBTQ+, estiveram acompanhando o jovem estudante Max, para registrar a ocorrência policial no caso de transfobia e ameaça ocorrida no IFF. A escola é um espaço de promoção da Cidadania e de Combate aos preconceitos. Portanto, a única vítima possível no caso em tela são os Seres Humanos agredidos", diz a publicação.

A situação do aluno também vinha sendo acompanhada de perto pela professora do IFF Manuela Nogueira, coordenadora do Núcleo de Gênero e Diversidade do IFF (Maricá). De acordo com ela, a situação é muito grave e causa indignação de todos.

"Está ocorrendo a trasnfobia e efetivamente não temos uma resposta rápida. A equipe pedagógica diz que vai resolver, mas é tudo muito moroso e devagar. Sendo que tem provas, existem testemunhas e aí eu me sinto um pouco responsável pelo que está acontecendo. Isso porque sou professora, funcionária pública e é meu dever denunciar esse tipo de caso. O dever da escola é proteger o aluno e acolher", pontuou a professora.

Em nota, a direção do IFF no Campus Avançado de Maricá esclareceu que já foi informada da situação e que criou uma comissão interna para apurar os fatos e definir possíveis medidas cabíveis. "A apuração tramita internamente e de forma sigilosa, por se tratar de estudantes menores de idade", esclareceu a entidade.

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Por Jornal da República em 16/07/2023
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