Corrupção no Governo Lula: O Mesmo Jogo com Novas Peças

Por Carlos Arouck

Corrupção no Governo Lula: O Mesmo Jogo com Novas Peças

No terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil volta a testemunhar uma sequência de escândalos que colocam em xeque as promessas de ética e transparência feitas durante a campanha. Denúncias que vão de fraudes bilionárias a suspeitas de manobras fiscais desenham um cenário que lembra os piores momentos da história recente do país — e sugerem que a corrupção não apenas persiste, como se tornou um traço estrutural da máquina pública.

O indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, expôs um conflito claro entre governabilidade e integridade administrativa. Acusado de usar recursos do orçamento secreto para beneficiar a própria irmã e de favorecer empresas ligadas ao seu grupo pessoal, o ministro foi mantido no cargo por Lula, que optou por preservar sua base de apoio no Congresso em vez de agir com rigor ético. A mensagem foi direta: alianças políticas seguem valendo mais que prestação de contas.

Como agravante, o desconforto político aumentou com a recusa de Pedro Cunha Lima, do União Brasil, ao convite para assumir o Ministério das Comunicações. A negativa expôs o desgaste da relação entre o governo e setores do próprio partido, além de evidenciar o isolamento de Lula na tentativa de recompor sua base após o escândalo envolvendo Juscelino. A recusa pública, rara em um cenário político dominado por negociações de bastidor, foi vista como um recado claro: nem todos querem se associar a uma pasta marcada por suspeitas.

Outro episódio que acendeu o alerta foi o bloqueio de R$ 6 bilhões do programa Pé de Meia, voltado ao apoio a estudantes do ensino médio. O Tribunal de Contas da União apontou ausência de previsão orçamentária, e a medida reacendeu o fantasma das pedaladas fiscais — justamente a prática que levou ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Para economistas, o governo atual parece repetir estratégias já condenadas no passado, colocando em risco a credibilidade fiscal.

Em abril de 2025, uma fraude no INSS causou prejuízo de R$ 6,3 bilhões ao bolso dos aposentados, com descontos indevidos em aposentadorias. O escândalo culminou na demissão do presidente do instituto e escancarou as falhas crônicas nos sistemas de controle e fiscalização. A gravidade do caso gerou pressão no Congresso, que cogita a instalação de uma CPI para apurar responsabilidades. O que torna esse episódio ainda mais alarmante é a sua dimensão: trata-se do maior desvio de recursos públicos desde os escândalos da Lava Jato (petrolão). Uma fraude bilionária em cima de aposentados e pensionistas — justamente os mais vulneráveis. É um marco vergonhoso na história recente da administração pública brasileira.

Paralelamente, novas suspeitas de manobras contábeis estão sendo investigadas pelo TCU. A execução orçamentária pouco transparente e o uso de verbas sem autorização formal alimentam o temor de que o governo esteja reincorporando práticas fiscais irregulares. Técnicos do tribunal têm alertado que as pedaladas podem estar de volta ao modus operandi estatal, em uma tentativa de contornar limitações legais e manter promessas políticas.

A situação dos Correios também voltou ao noticiário. Com um rombo de R$ 400 milhões no plano de saúde dos funcionários e atendimento em colapso, a estatal revive fantasmas antigos — como o escândalo do mensalão, que teve origem justamente na empresa pública em 2005. A falta de solução para o problema atual revela não apenas má gestão, mas também negligência em relação a estruturas que continuam sendo usadas como moeda de barganha política.

De forma mais ampla, o saldo negativo nas contas das estatais federais chegou a R$ 707 milhões no primeiro bimestre de 2025, segundo dados oficiais do Tesouro Nacional. O número evidencia que, além dos escândalos específicos, há um rombo estrutural na gestão das empresas públicas, que seguem operando com baixa eficiência e alta vulnerabilidade política.

Mais recentemente, o chamado “arroz gate” — a tentativa do governo de importar arroz por meio da Conab com suspeitas de favorecimento e contratos questionáveis — caiu mal até entre aliados. O episódio levantou dúvidas sobre a transparência nos processos de compras públicas e gerou mais desgaste num momento em que o governo tenta controlar os preços dos alimentos e conter a pressão popular por resultados.

Fora das fronteiras brasileiras, o episódio da concessão de asilo à ex-primeira-dama do Peru, investigada por corrupção, jogou luz sobre a política externa do governo Lula. O gesto foi visto por analistas como um recuo no compromisso do Brasil com o combate à corrupção na América Latina. O país, que chegou a liderar esse enfrentamento durante a Lava Jato, agora aparece mais conivente com práticas questionáveis de aliados regionais.

A percepção pública acompanha os fatos. Segundo pesquisa Datafolha de janeiro de 2025, 74% dos brasileiros acreditam que há corrupção no governo atual — o maior índice desde o início do mandato. Já o PoderData, em levantamento de fevereiro, mostrou que 63% da população considera que Lula está conduzindo mal o combate ao problema. A Transparência Internacional manteve o Brasil com nota 36/100 no Índice de Percepção da Corrupção de 2024, abaixo da média global, indicando estagnação. E nas redes sociais, o termo “corrupção no governo Lula” teve um aumento de 250% nas menções entre dezembro de 2024 e março de 2025.

Desde o mensalão, passando pelo petrolão, até os escândalos mais recentes, os governos do Partido dos Trabalhadores são constantemente associados à corrupção sistêmica. Lula insiste que as denúncias são reflexo da autonomia de órgãos de controle — mas a repetição dos casos enfraquece essa justificativa. A reincidência sugere que o problema é menos episódico e mais estrutural. A cultura de impunidade, a troca de favores políticos e o uso estratégico de cargos públicos continuam a ditar as regras do jogo.

O saldo é claro e brutal: a corrupção no INSS expõe uma ferida aberta. Um esquema bilionário que, sozinho, já figura como o maior roubo institucional desde a Lava Jato. O governo Lula não rompeu com os vícios do passado. E quando um Estado frauda aposentados, não há margem para discurso. Só indignação.

Por Jornal da República em 24/04/2025
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