CPI da Covid: Barras revelou que houve tentativa para alterar a bula da hidroxicloroquina

CPI da Covid: Barras revelou que houve tentativa para alterar a bula da hidroxicloroquina

O diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, depondo na CPI da Covid-19 no Senado acabou revelando durante seu depoimento ontem (11) “que houve tentativa para alterar a bula da hidrocloroquina”

O diretor da agência é aliado próximo e amigo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas acabou criticando falas e ações negacionistas do chefe do Executivo e pedir para que ninguém siga suas orientações. O tema hidrocloroquina, se deduz que aconteceu num claro objetivo de ampliar o seu uso no tratamento da Covid-19.

Depoimento aponta na direção de Bolsonaro

A declaração de tentativa de alteração da bula da hidrocloroquina foi dada inicialmente pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta na CPI na semana passada. No entanto na tentativa de não ser visto como um dos autores ressalvou que a iniciativa foi do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). 

Ao detalhar o episódio Barra Torres, afirmou que a reunião aconteceu no Palácio do Planalto e contou com a presença de Henrique Mandetta e da médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da cloroquina como "tratamento precoce" contra a covid-19. Além deles, estavam presentes mais um médico e Braga Netto, então ministro da Casa Civil.

"Eu não tenho informação de quem é o autor, quem criou quem teve a ideia. A doutora (Nise Yamaguchi) de fato perguntou sobre e pareceu estar, digamos, mobilizada com essa possibilidade", afirmou. Barra Torres negou ter participado de reuniões para aconselhar Jair Bolsonaro na área da saúde.

Criticas acabam amenas

Durante seu depoimento Barra Torres também criticou as falas do presidente contrária à vacinação contra a Covid-19. Ao ser questionado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, sobre qual seria o impacto na pandemia das declarações de Bolsonaro contrárias à vacinação em massa contra covid-19, Barra Torres, que foi indicado ao cargo em 2019 pelo presidente, disse claramente que as falas citadas na pergunta "vão contra o que nós temos preconizado sobre vacinação".

Ao responder a uma questão feita pelo senador petista Humberto Costa, Barra Torres negou que tenha sofrido qualquer tipo de pressão por parte do presidente para não aprovar vacinas contra a covid-19.

"Nunca fez nenhum tipo e, se o fizesse, não só presidente como qualquer governador, senador, deputado, a minha conduta, eu estou aqui para me pautar numa linha. Se ficar tergiversando para lá e para lá, não é uma linha, é sinuosa", respondeu Barra Torres.

Leia também: Rio flexibiliza medidas restritivas e libera praia aos finais de semana

Consórcios públicos como alternativa viável para o desenvolvimento sustentável do território

Pazuello será ouvido no dia 19 de Maio

Para o presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM), o colegiado tem seguido um rumo natural nas investigações. Ele entende que primeiro é preciso ouvir todos os ministros da Saúde desde o início da pandemia, processo que, espera ele, seja encerrado no dia 19, com a oitiva do ex-ministro Eduardo Pazuello.

Além dos ex-ministros, são necessárias oitivas com o Instituto Butantan e com a Fiocruz, além dos fabricantes das vacinas. Após encerrado esse processo, e com a documentação que chega dos estados, o uso dos recursos repassados pelo governo federal para governos estaduais e prefeituras também será abordado pela CPI.

Por Redação/Senado/Reuters/Agência Brasil/Imagens Internet

Por Jornal da República em 12/05/2021
Aguarde..